quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

A crise do Giz - em Carta Capital


O texto seguinte pode bem servir para um debate sobre a dificuldade de ensinar, mas esbarra no fato de ser pautado na esperança de que um espaço forjado para forjar seja compatível com a inteligência.


Concordemos que esse ambiente supera seus objetivos quando descobre que é um espaço relacional!


A crise do giz

Novas tecnologias, métodos e a suposta redução da atenção dos alunos colocam em xeque a aula expositiva
por Thomaz Wood Jr. — publicado 25/12/2013 08:55, última modificação 25/12/2013 09:44
 

Um quadro do século XIV, pintado por Laurentius de Voltolina, mostra uma aula em Bolonha. Do lado esquerdo, sentado em um púlpito elevado, vê-se o pomposo professor. À sua frente e à sua lateral, em fileiras de carteiras fixas, encontram-se pouco mais de 20 estudantes. Apenas quatro ou cinco deles parecem escutar atentamente o mestre, alguns miram seus cadernos, outros conversam e dois parecem dormitar.
Séculos depois, a cena das salas de aula não parece ter mudado. O visitante que entrar hoje, ao acaso, em uma sala de aula, vai provavelmente se deparar com cena similar. O mestre talvez seja mais jovial e comunicativo do que aquele do quadro de Voltolina. Entretanto, à sua frente, estarão os mesmos estudantes entediados. Poucos estarão atentos à cena, muitos outros estarão mergulhados em notebooks e smartphones, alguns, provavelmente, estarão cochilando.
A escola permanece, para muitos, um lugar de enfado e tédio, ou o sacrifício a fazer por um diploma. O dramaturgo britânico George Bernard Shaw deixou para a posteridade, entre outras tantas pérolas, o registro de que os únicos momentos nos quais sua educação foi interrompida foram aqueles em que estava na escola. O “educador futurista” David Thornburg declarou recentemente em uma entrevista para a revista The Atlantic que, de todos os lugares de sua infância, a escola era o mais depressivo.
Séculos preservaram a essência da instituição. Décadas recentes de desenvolvimento pedagógico não lhe alteraram as feições e os últimos anos de revolução tecnológica parecem ainda não ter surtido efeito. O quadro-negro deu lugar à tela. O computador substituiu o giz. Agora a febre são as aulas em vídeo no YouTube. No entanto, são as mesmas aulas de sempre, ou versões pioradas.
Nos últimos anos, as aulas expositivas parecem ter se transformado em vilão e alvo preferencial de críticos. Buscam-se novas dinâmicas e métodos. Será esse realmente o melhor caminho? Algumas aulas produzem efeito narcótico, mas decretar o fim do modelo talvez seja prematuro. Richard Gunderman, professor de Medicina da Universidade de Indiana, escrevendo para a The Atlantic, observa que há boas e más aulas. Gunderman argumenta que a presença física do professor faz diferença: bons professores são capazes de despertar a imaginação dos pupilos e inspirá-los. Preparar uma boa aula é uma arte, requer esforço e muitas horas de prática.
Hoje, a informação está disponível nos mais diversos meios. O objetivo da aula é contagiar os estudantes: contar uma história com começo, meio e fim, transmitir o entusiasmo do mestre pelo assunto e tornar os pupilos seus “cúmplices”. Uma boa aula não é uma repetição mecânica de ­teorias e modelos. É um processo interativo, no qual ator e audiência interagem e, eventualmente, trocam de papéis. “O bom professor abre os olhos dos aprendizes para novas questões, conexões e perspectivas que eles não consideraram antes, iluminando novas possibilidades para trabalhar e viver”, argumenta Gunderman.
Em Monsieur Lazhar, filme canadense de 2011, dirigido por Philippe Falardeau, Bashir Lazhar é um argelino refugiado em Montreal. Ávido por um emprego, ele oferece seus serviços a uma escola fundamental, escondendo a falta de experiência como professor. Ansiosos por substituir uma professora que cometera suicídio na escola, traumatizando seus pupilos, a diretora contrata Bashir. Seus métodos tradicionais incluem ditados, leituras clássicas francesas e a reversão do arranjo de mesas e cadeiras ao antiquado modelo de fileiras paralelas. Entretanto, à medida que a história evolui, a relação com os estudantes se desenvolve positivamente e Bashir os ajuda a enfrentar o trauma da perda de sua antiga professora, enquanto supera suas próprias perdas.
Ensinar e aprender trata-se de um processo relacional que vai além dos métodos e das tecnologias. Diz essencialmente respeito a relações humanas. Não é entretenimento ou diversão. Tampouco é sofrimento. Envolve escutar, avaliar, refletir e praticar. Pode ser penoso, às vezes, mas deve sempre recompensar estudantes e professores. Pode usar novos métodos e novas tecnologias, mas depende essencialmente da construção de um palco para a interação coletiva.

sábado, 7 de dezembro de 2013

Anarquistas, educação, professores e estudantes alcoólatras

Tal como os alcoólatras, professores são viciados em estudantes e esses alcoolizados mutuamente.

A obsessão por ensinar e o vício por aprender...ilusões retroalimentadas.

Isso, pensando na educação em massa, pior e mais deletério da inteligência.

Nesse caos de falsas motivações, aceitamos a escola e a educação involuntárias, reclusas e certificadas.

Vícios...todo mundo tem!?!

terça-feira, 26 de novembro de 2013

Anarquismo e an-historicismo: questão de método

Alguns anarquistas, embora tenham colaborado ou aceitem o materialismo histórico, outros negam a mitificação e a mistificação da história como elemento fundante de uma análise radical da sociedade.

Isso coloca os anarquistas em plano distante de positivistas cronológicos, como de materialistas históricos.

Esses anarquistas parte da consideração que a história é uma invenção, não os fatos!

Mas os fatos são fatos ou são ocorrências passíveis de interpretações e seus interpretes?

Quem dá o direito e a legitimidade sobe algo ficcional??

Claaaaaaaaaaaaro, não cair na desistorização e negar a brutalidade do opressor, pois o sangue está esparramado nas paredes e nos paredões e são inegáveis os processos fraudulentos e mentiras contra o povo e suas revoltas.

Mas ao tirar a história oficial das mãos da elite, não significa que seus novos guardiões merecem a intocabilidade.

Ladrão que rouba ladrão não tem perdão!

Mas como método? Como recorrer à uma história que não seja minha refém, de minha ética, de minha ânsia de justiça e livre de meus defeitos piores????

É ficção! Como trabalhar com a invencionice se o suor do trabalhador ainda escorre para o funil da mais valia global!::::?????

Eis a tarefa que nos coloca fora do materialismo histórico disfarçado de positivismo bonzinho.

sábado, 23 de novembro de 2013

egoísmo e coletivismo

O impasse entre o egoísmo ou individuação e o comunitarismo, coletivismo ou qualquer coisa que se coloque em questão o indivíduo frente o outro e outrens perdura.

No pós- anarquismo como no anarquismo clássico, como na história filosófica.

O inferno são os outros! Diria Sartre!

O inferno não existe!

Nós e os outros somos a pura e essencial questão de alteridade!

Não somos sem o outro e o outro não é sem nós!

Ser único é fundamental para sermos únicos!

Na filosofia como para outras correntes, não é só um acordo de submissão que resta como única forma de relação.

Embora, mais prático, mais cruel, mais imediato e mais fácil, ser submisso não é minha escolha!

Podemos recuar francamente, negociar claramente nossas restrições, condições e necessidade não urgentes, mas só até o ponto que eu saiba a razão desse recuo.

Essa nitidez do recuo do Eu total e do outro é uma das tarefas mais difíceis para a humanidade e para a filosofia.

E ainda não é o anarquismo que consegue isso, mas é o que mais se coloca essa questão prioritária fora do campo da filosofia geral.

Arquitetura e anarquia II Colin Ward e educação

Em 2008 eu vi e falei rapidamente com Colin Ward numa feira de livros anarquistas em Londres que me levou Judith Suissa.

Dali em diante eu fiquei atento ao seu trabalho, de arquiteto, educador e anarquista.

Ele escreveu vários livros sobre mobilidade urbana e è educação:

Anarchy in Action, 2008
Talking Schools, 1995
Freedom to Go: after de motor age, 1991
Child in the Country, 1988.

Child in the City é bastante oportuno e em tese central ele, urbanista, pensa em uma cidade que educa, que as crianças possam percorrer todo seu espaço em totalidade.

Infelizmente uma parte dos arquitetos brasileiros são poucos tomados por essa corrente de pensamento, mas ao menos eles tem referências mais corajosas do que a geografia.

toda a preocupação com a educação que tem Colin Ward é o que fulgura mais curioso e questionador.

terça-feira, 19 de novembro de 2013

Élisée Reclus: um geógrafo de exceção


  Realizei uma tradução informal do artigo abaixo e se alguém desejar, posso enviar na íntegra.
só pedir ao meu e.mail 

"sobregeo@ig.com.br"

Élisée Reclus: um geógrafo de exceção1

por Béatrice Giblin


Resumo:
Na imensa obra de Reclus não é impossível desassociar o geógrafo do libertário2. Seu projeto não é o de inventar uma sociedade ideal, mas de mudar verdadeiramente o mundo, elucidar as múltiplas formas de opressão que impedem o desabrochar de uma sociedade justa. Portanto, é necessário compreender e explicar o mundo tal como ele se apresenta. O que traz interesse, ainda hoje, na leitura da obra de Reclus, são as passagens em que ele se dedica às relações de poder e ou dominação3. Reclus acreditava que só seria possível uma sociedade universal, justa, onde cada indivíduo seria respeitado e será respeitado por outros uma vez que os homens se desembaraçassem dos opressores, dos monopolistas e entre outros do Estado, fonte de autoridade e de poder, logo, de dominação4. Esta posição política, a priori é totalmente distinta da que se aproxima a Hérodote, já que a nação e em certa medida o Estado são conceitos que estimamos fundamentais para a análise geopolítica.5
Mas o que nos aproxima de Elisée Reclus, é a vontade de decifrar o mundo com honestidade, de não mascarar, na medida em que somos conscientes daquilo que nos incomoda.6
« Eu percorri o mundo como um homem livre....»
1Este resumo é informal e não se preocupa com a fidedignidade por mero prazer de parecer mentira. Haverá comentários do tradutor pessoalíssimo apenas para chatear pesquisadores bonzinhos. Os erros não são propositais e as omissões são conscientes e para depois algum bobo refazer a tradução e dizer a famosa frase “embora tenha tido o esforço.....
2No Brasil essa maneira de tratar cirurgicamente a vida política dos teóricos ainda perdura. Fatiando Reclus, geógrafo, do educador e do anarquista. Inclusive o artigo omite todas as obras que eles escreveu e toda sua militância junto ao movimento de pedagogos anarquistas (Fauvre, Ferrer y Guardia e outros). Não se sabe por sadismo, burrice ou falso moralismo. Ranço que o delineamento que Francis Bacon deu para a ciência e até hoje perdura na cabeça de mamão de pesquisadores “sérios” e inodoramente imparciais. Famosos fede nem cheira!
3Justamente essa parte que menos interessa aos estudiosos do pensamento geográfico, dada a delicadeza marxista de excluir o anarquismo como algo definitivamente distinto na história da esquerda mundial
4Do ponto de visa filosófico e dos realistas confortáveis isso é um pensamento infantil e que não faz sentido nenhum no que tange à sociedade.
5Não se pode espera muito de uma revista marxista. E de que nos serve uma análise geopolítica? Sem dúvida que acreditam abrigados no Estado, democrático, é possível ter salário de professor universitário e ficar falando como o espaço e a sociedade sobrevivem na graça da expropriação do trabalho humano. Ainda é mais impressionante que todo discurso de globalização falava contraditoriamente do fim de “um” Estado, pró-social em detrimento de “outro” Estado que se destina as relações de câmbio, troca e proteção das corporações. Boa diversão!
6Giblin é uma pesquisadora honesta. Mas que introdução mais cretina! Confortável, desapaixonada e fatalista! Sem Estado não há geografia!? No final ela retoma essa bobajaiada medrosa e sem sentido.

sábado, 16 de novembro de 2013

Perguntas que enchem o saco de anarquistas! O que fazer sobre os crimes????

Ei!? Vocês anarquistas vão resolver a criminalidade como????

Se uma sociedade anarquista "ce n'est pas question" para que nos debruçar sobre isso?!?!

Mas os fatos são os fatos. A matéria abaixo extraída da Carta Capital dá uma resposta capitalista para a questão!

Vá encher o saco do teu Governo autoritário, capitalista e reformista!

Depois venha me falar do que te serve uma sociedade acrata!


Sociedade

Bom exemplo

Suécia fecha 4 prisões e prova: a questão é social

Penas alternativas e investimento na ressocialização de detentos derrubaram a população carcerária e levaram ao fechamento de 4 prisões no país nórdico
por Lino Bocchini publicado 14/11/2013 12:03, última modificação 15/11/2013 07:13
Marcelo César Augusto Romeo / Flickr / Creative Commons
presido site.jpg
Presídio Dois Rios, abandonado de Ilha Grande (RJ)

O jornal inglês The Guardian informou em sua edição de ontem que 4 prisões e um centro de detenção foram fechados na Suécia, pela Justiça daquele país, por falta de prisioneiros. O diretor de serviços penitenciários local, Nils Oberg, afirmou que o número de detentos estava caindo 1% ao ano desde 2004 e, de 2011 para 2012, caiu 6%.
Oberg e outras fontes ouvidas pelo jornal inglês acreditam que a queda do número de presos tem os seguintes motivos: 1) investimentos na reabilitação de presos, ajudando-os a ser reinseridos na sociedade; 2) penas mais leves para delitos relacionados às drogas e 3) adoção de penas alternativas (como liberdade vigiada) em alguns casos.
Com uma política semelhante, a superpopulação carcerária no Brasil e em outros países poderia ser bastante atenuada. O exemplo sueco deixa claro, mais uma vez, que a questão da criminalidade é, sim, social. Ninguém nasce malvado, não existe o que popularmente é chamado de sangue ruim.
Na Suécia, 112º país do mundo em população carcerária, são 4.852 presidiários para 9,5 milhões de habitantes –51 para cada 100 mil habitantes. No Brasil, que tem a 4ª maior população carcerária do mundo, são 584.003 detentos, ou 274 por 100 mil habitantes.
E olha que a reportagem nem entra no mérito de que naquele país nórdico toda população têm acesso a serviços públicos de qualidade (educação, saúde, cultura etc) e que lá os direitos humanos são levados a sério pelos governantes.
Acreditar que não há ligação entre a questão social e o número de presos em um país é acreditar que há pessoas mais propensas para o mal. Ou que quem nasce abaixo da linha do Equador é mais malandro ou algo que o valha.
Isso sem falar na questão moral. Insuflada pelos Datenas da vida, boa parte da população acha que mesmo quem cometeu um crime leve tem de amargar longos períodos encarcerados em condições sub-humanas. E grita contra qualquer investimento na ressocialização de detentos –“pra quê gastar dinheiro com bandido?”.
O que o autoproclamado “cidadão de bem” precisa entender é que a melhor opção para a segurança de sua família –e para um mundo melhor— é o modelo sueco, e não a manutenção das prisões brasileiras tais como estão hoje.