quinta-feira, 16 de novembro de 2017

A geografia quando não mata ... fere as mulheres!






Considerações ao livro de Colin Ward "The child in the City."


Criança eu me enraivecia com mocinhas de filmes, sempre caindo, errando, deixando se irem qual criancinhas tolas para as mãos dos vilões... atrapalhavam os mocinhos.... desejava que não tivessem filmes com aquelas chatas e tapadas.... se eu fosse representado como entrave... o que eu sentiria!? (autor)

Colin Ward escreveu muitos livros de cunho anarquista sobre o espaço e a educação. Uma de suas obras importante para visitarmos é “The child in the City” "A criança na cidade". Os geógrafos são sempre acometidos de grandes temas, nem sempre a educação ocupa esse panteão. Não, não são os geógrafos mais machistas que os demais cientistas. Nem as ciências moles são menos que a duras.

Eu sempre procuro entender por que a educação espacial das mulheres também é um componente da formação machista, junto com a divisão social do trabalho e até a obliteração da descoberta esqueleto motora dos bebês (Emmi Pikler 1902-1984)[i] com maior prejuízo para as meninas que se juntam ao rol do currículo social prematuro do lugar que a mulher é empurrada estar.

Ward foi mais longe num dos capítulos de seu livro “The girl in the background” que prefiro traduzir  como “A menina em segundo plano” e discorre como as meninas, as jovens e as mulheres estão em segundo plano e são vitimas de um silêncio em tudo a que se refere a educação, uso do espaço, literatura, rituais de autodescoberta e que tais silêncios só são quebrados na cabeça masculina quando as mulheres sem encontram em problemas.

O autor reitera que quando se pensa em cidade é comum a invisibilidade das mulheres, isso, mesmo sendo um escrito antigo e de outra sociedade pode ser percebido ainda hoje no Brasil, ou seja, persiste! Ward extrai um discurso de Eileen Byrne[ii] da Comissão Britânica de Igualdade de Oportunidades proferido no início da década de 1980, aqui traduzido:

Eu sou céptica quando chegam com esse discurso das aclamadas diferenças inatas entre meninos e meninas. Eu creio que 98% disso decorre do condicionamento social. Talvez eu esteja enganada, mas muito dessas diferenças de suas destrezas verbais e espaciais advém do fato que seus professores reforçam isso. (WARD, 1978, 1990, p. 131).

               Ward segue dizendo que muito da educação dos garotos para explorarem a extensão espacial seria de bom senso oferecer às garotas e também acabar com essa coisa de jogos de meninos (físicos e amplos) e de meninas (contemplativos e meticulosos). E de certo modo a preocupação apontada não é com a qualidade de aprendizado espacial, mas muito mais a que se refere à quantidade dessas experiências espaciais para as meninas.

               Na época desses escritos Ward também se preocupava com crianças que vinham de outras culturas e que as restrições religiosas e culturais eram severamente impostas às meninas na exploração e experiências espaciais que iam muito além das observadas com as nativas da Inglaterra. Hoje estaríamos deparando com problemas da escola sem partido e contra a educação de igualdade de gêneros quais refutam ações com meninas e meninos segundo suas religiões.

                Outros dados trazidos por Ward afirmam que as meninas e meninos entre 8 e 11 anos já trabalham em atividades domesticas numa proporção de 8 minutos para elas e 5 para eles, ou seja 3 minutos a mais para elas e quanto mais avança a idade maior é o tempo gasto por elas em trabalhos domésticos do que para os meninos. Por fim, as mulheres adultas se constrangem nas ruas por uma reminiscência de seu passado infantil de cerceamentos de exercer sua territorialização. E podemos adicionar para o Brasil escravocrata e machista que agudizam a desterritorialização da mulher que não somente tem restrições espaciais como de tempo. A mulher não pode estar onde quer, como quer, quando quer sem se precaver das ameaças concretas à sua liberdade e integridade emocional, moral e física.

                Na Inglaterra há algumas restrições a cercear as mulheres em locais públicos sendo passível de processo e penalidades o ato de “to scare someone” à grossa tradução seria: “fuzilar com os olhos uma mulher” ou “criar desconforto pelo olhar fixo”.

                Na escola, no trabalho, nas ruas, nos locais de frequência social pública ou privada a mulher tem a castração espacial e sua desterritorialização sistematicamente empurrada ou determinando como e o que ela deve fazer, mas não o que ela deseja.

Se vc mulher estiver numa rua deserta e vc ouvir passos vindos de trás, vc prefere que seja um homem ou o diabo?
               
  Triste saber que a resposta é óbvia!

                Claro que esses saberes as mulheres já os possuem de longa data, por serem vítimas constantes. Há feminismos diversos que tentam dar conta dessas imposições e nos últimos tempos está bem longe sentir-me o mais habilitado e legitimado a tratar dessas coisas. Poderia estender a espacialidade castradora dos negros, outras minorias, suas exclusões e desterritorializações, mas creio que é na misoginia espacial que muitas questões podem começar e provocar a dessexualização do espaço que tem muito mais a contribuir com a luta por dignidade e respeito às mulheres que se imagina.

        A cidade para Ward é inadequada para as crianças aprenderem, é hostil, limitante e sem adaptação e que uma cidade educativa deve ter alto teor de acessibilidade, mas ele nos traz para uma realidade brutal no que tange às meninas que precisam de estímulos concretos que favoreçam isso na construção dessa urbanidade ruralidade também anti-sexista!

           Em sua conclusão, Ward não acredita que a educação para a igualdade em si é um avanço para as mulheres, pois muitas veze o que prevalece é uma paridade na agressividade que as meninas adquirem com os meninos. Sendo o triunfo da agressividade masculina e não a liberdade das mulheres. Completa que a liberdade  das mulheres da passividade e da docilidade implicaria em também na liberação dos meninos da pressão de ser um predador.

        Ultimamente, para não ser confundido com o diabo... o que devemos fazer e nos auto-desterritorializar e respeitar a zona de segurança e trânsito das mulheres.
                
Queridos amigos homens... mudem de calçada!





[i] Emmi Pikler (1902-1984) cujo seus alertas preconizam que  o adulto tem a tarefa de criar uma relação de confiança e interação com o bebê durante os principais cuidados (banho, troca de fraldas, alimentação). Outra inquietação é que o espaço deverá ser  organizado para que o bebê possa se movimentar com mais liberdade desde muito cedo, defendendo isso proporcionar maior autonomia (a criança conquista cada posição por si mesma na medida em que é capaz de manter sua postura) e melhor desenvolvimento motor.

[ii] Professora de Educação (estudos Políticos) da Universidade de Queensland, Austrália. Foi Deputada Chefe do da Educação da Inglaterra e primeira Responsável pelo Escritório da Comissão de Igualdade de Oportunidades Britânico  e por três anos consultora da UNESCO sobre igualdade entre sexos  e treinamento  educação vocacional de de jovens.

quarta-feira, 8 de novembro de 2017

Educação indígena é anarquista!?



Sobre o artigo: Reflexões de uma antropóloga e mãe: 'O que aprendi com índios sobre educação infantil'
Mônica VasconcelosDa BBC Brasil em Londres

Há sempre um desejo de ver no primitivismo alguma sabedoria e há. Este artigo feito a partir da experiência de uma antropóloga que levou seu filho em uma viagem em tribos indígenas pode oferecer algumas reflexões.

A educação indígena nesses locais visitados pode ser considerada constelar? O que eu considero constelar pode ser entendido como holística, orgânica ou comunitária num sentido que não há nenhuma das atividades realizadas pelos adultos que excluam totalmente as crianças ao contrário, são inerentes a elas.

Na Escola Paideia em Mérida (Espanha) onde a pedagogia anarquista é assumida há sempre em pauta que os ambientes não devem amedrontar, que a criança é informada dos riscos, assim, aparelhada para saber até onde irá, sendo todos educados processualmente a não recear os espaços e seus perigos para começar sua auto regulação, os maiores são tutores dos menores e o medo não é propalado.

Colin Ward (1924 –2010) nos seus livros A criança e a cidade (The Child in the City -1978) e A criança e o campo (The Child in the Country -1988) examina todos os espaços de vida das crianças e como elas mediavam, negociavam e rearticulavam os vários ambientes que habitavam. Nesses primeiro livro mais famoso, Ward considera a criatividade das crianças e sua especificidade única e como elas cuidam desses espaços através da arte da dinâmica urbana, argumentando que através de brincadeiras, apropriações e imaginação a criança contrapõe-se às intenções adultas em bases para construir seus próprios ambientes. Na obra “A criança e o Campo” inspirada em cientistas sociais com o geógrafo Chris Filo (1992) chama atenção sobre como as necessidades espaciais das crianças são escondidas e marginalizadas na sociedade.

Ward, Paideia e se recuarmos ao Emílio de Rousseau, ambos falam de uma necessidade, disponibilidade ou intencionalidade dessas crianças percorrerem os espaços, conhecerem seus perigos, mas não o amedrontamento, há até os teóricos da cidade educativa em qual as crianças não se localizam numa escola, mas todos os ambientes são salas de aula.

Essas crianças que pulam no rio e são capazes de virar um barco, salvar outras e participarem da caça, das festas, das ações em que estão envolvidas pode ser uma reflexão. Nesse mundo complexo de casas distantes de escolas, muitos obstáculos e imposições do mundo adulto, uma criança não está com o pai fazendo um projeto de arquitetura nem com a mãe médica ou gari formal. A criança que mais se adequa à lógica da cidade são as moradoras ou em situação de rua, algumas rurais pequenas. Nas grandes cidades esse viver é resolvido pelos ricos em condomínios fechados.
Seja como for, está posta a reflexão!


Os passos para isso são longos....são dados quando se começar a perceber que em uma sociedade moderna estamos apartando a infância da vida e em querendo melhorar a relação, irmandade, senso de coletividade e criar uma cidade acolhedora depende de refletir em que isso melhora nossa humanidade.

sexta-feira, 3 de novembro de 2017

100% do que vc aprende na escola é inútil!!!



Esta é uma das frases mais deliciosas de se falar: “Na escola não se aprende nada!” Esta frase covarde é que animou adolescentes e pais gostarem da páleo-da reforma do ensino médio empurrada por Temer. Dessa, já sabemos que é só ampliação do mercado sobre a educação pública, então esqueça a teoria das reformas necessárias, pois essas não estão em pauta.

Em recente matéria publicada pela BBC intitulada: “80% do que se aprende nas aulas de matemática não serve para nada”. Nesta matéria que entrevistam o físico Conrad Wolfram, da Estônia que aceitou suas propostas de ensino de matemática, criando uma situação que afasta a educação em matemática dos cálculos à mão.


Neste blog sabem alguns que sigo pelo caminho da Educação não Obrigatória e que qualquer educação imposta está fadada ao fracasso pessoal e sucesso do sistema. Os que suportam e superam servirão ao sistema ou sofrerão o combatendo, mas aceitando o sistema. Os que não superam, acabam se sentindo um trapo e fogem do combate.

A paleo-reforma do ensino médio do Brasil é paleo porque algo semelhante já foi tentado no passado no pais e malogrado. Este ensino vindo da LDB de 96 com todos os defeitos da educação como, vinha seguindo o caminho para avanços, lentos, mas avançava democraticamente.

A mudança veio inspirada e discussões de especialistas, mas empurrada pela mídia e marqueteiros do ensino privado quando superdimensionaram a educação da Finlândia, retirando dela toda sua história, lutas e empenhos concetos que aqui sabemos será uma caricatura.

Lendo a matéria acima com Wolfran vc perceberá que no fundo da discussão há a educação como obrigatória como problema e mesmo se ele mudar para o que ele acha mais útil, mas for obrigatório e não um desejo pessoal do estudante, tudo permanecerá do mesmo modo.

Duas coisas me cansa nos especialistas em educação de esquerda de direita e de beirada, filósofos da educação e educadores em geral, persistirem na educação obrigatória, carga horária em sala de aula e currículo mínimo, básico ou tronco comum. Isso acabou dando em escola sem partido.

No entanto, não adianta romper com essa religião da educação obrigatória. Insistem em colocar todo mundo, ao mesmo tempo, no mesmo lugar, no mesmo ritmo, na mesma reflexão, no mesmo parâmetro e criar uma régua para esses seres de luz, a avaliação, para caminharem progressivamente para obscurantismos de suas almas.

Carga horária.....e conhecimento.....chegam a sofrer horas discutindo isso!


quinta-feira, 26 de outubro de 2017

As raízes do anarquismo e a Geografia: em sentido à emancipação espacial.




Tradução precária: eu

SPRINGER, Simon. As raízes do anarquismo e a Geografia: em sentido à emancipação espacial.


Por John Clark*

Os leitores que desejarem descobrir evidências do anarquismo na Geografia precisam saber que elas estão vivas e passam bem se lerem este livro. O autor, Simon Springer, é um dos mais ativos intelectuais anarquistas de nossos dias. Em 2016, Springer escreveu dois livros e editou 5 outros além de vários artigos, alguns técnicos, tematizados na perspectiva anarquista e profundamente preocupado com as lutas contemporâneas.

            A vivaz polêmica “Foda-se o Neo-liberalismo” teve mais de 50.000 acessos nas redes sociais.
O subtítulo é uma boa indicação de sua proposta. Ele trata de um projeto de libertação da humanidade e da natureza de todas as formas de dominação. Com grande paixão e eloquência, Springer conclama a uma volta às raízes geografia radical e aos conceitos anarquistas de engajamento social e político.  Através dessa geografia da autonomia e da solidariedade, “configura-se o desejo por uma política radical que seja capaz de conquistar o impossível”.

            Springer discorre que o anarquismo como tema contemporâneo tal como a biopolítica e a teoria  do rizoma , mas também olha para trás retomando os pensadores anarquistas clássicos, mostrando suas teses cabais contra a hierarquia e dominação. Há uma dedicação e reconhecimento da importância de um grande intelectual, filósofo, político e geógrafo do séc XIX, Elisée Reclus.

            Springer se inspira em Reclus no que tange ao anarquismo comunitário e o projeto de uma geografia universal, de fato uma geografia solidária, qual comparável com o Budismo e Daoismo que interconecta todas as coisas.

            Ele também segue Reclus unindo a estética e a ética, proclamando que “estamos prontos para a beleza”. Para Springer, a utopia não é um ideal distante, mas presente no aqui agora. Ele faz eco as palavras de Reclus acreditando que é crucial uma sociedade amorosa e inteligente para ocorrer uma profunda transformação social, prefigurando assim a ideia anarquista de grupos de afinidade como base da sociedade livre.
            Springer explica que a ética da não violência é o cerne do anarquismo e ainda observa que a oposição ao Estado é baseada na rejeição da violência organizada exigindo maior força de organização com a sociedade já que o anarquismo tem compromisso inabalável pela não-violência e de absoluta condenação da guerra. Deste modo, ele se filia à tradição anarquista-pacifista que tem seus fundamentos em Tolstoy, Thoreau e Doroty Day.

            Isto também se aplica a suas críticas à dominação colonial, investindo também contra o Estado centralizador implantando como base de poder desde o início do processo de expansão (conquista) colonial.

            Springer escreve que “o pós colonialismo” em qualquer sentido requer um pós-Estatismo ou anárquico que tenha um olhar em tradição inspirada no não-estatal. Nós devemos ir contra a alienação e contra a opressão do povo através da saber tradicional e revoluções contemporâneas pragmáticas como as indígenas do Zapatismo que possuem profundo entendimento histórico e de experiência baseada no conhecimento da destruição provocada pelo capitalismo e pelo Estado Centralizados.

            Finalmente, Springer faz críticas ao urbanismo naquilo que observa estar profundamente infectado pela ideologia hierárquica enviesada com o poder central e com modelos de especulação urbana. Na leitura anarquista da urbanidade “os valores incorporados no espaço público são aqueles definidos pela a democracia”.

O espaço público advém do espaço de auto determinação através de comunidades livres. Springer constrata “o espaço Disneylandia do capitalismo neo-liberal extraído de sua especificidade geográfica com espaço de não-domínio da comunidade anarquista.

            Conclui suas observações com o pensamento de esperança que os lugares irão se libertar, nos quais surgirão novas possibilidades para a realização do bem, da bondade, liberdade e da criatividade que estarão sempre presentes e prontas para emergir. Nós necessitamos de políticas de possibilidades, vivendo um despertar, com engajamento na vida dos lugares que nós próprios tenhamos como horizonte.

Springer é otimista sobre essas políticas por dois motivos. O primeiro decorre de uma longa e rica história de realizações com possibilidades criativas vindas desde as sociedades tribais  e das grandes revoluções até as experiências comunitárias atuais.. O secundo motivo vem da emergência de possibilidades inerentes à verdadeira estrutura da realidade.

Nós vivemos num universo de liberdade e de criatividade. Nós devemos sempre falar que temos em nossa natureza a liberdade e criatividade própria.


*John Clark vive em Nova Orleans e em Bayou la Terre na costa florestal do Golfo do México. Ele tem longa história de ativismo na Ecologia radical e nos movimentos de anarquismo comunitário e presente nas lutas de resistência com Bayou Bridge Pipeline. Diretor do Instituto Terra para a Comunidade e Ecologia.




sexta-feira, 13 de outubro de 2017

Pedagogia do Crime: São burros e não conseguem aprender...AK47 neles!


Em matéria da BBC sobre evasão escolar e violência no Brasil, veja que constatação extraída de pesquisa sobre jovens que entraram para o crime:

Entre os que cumpriam pena, todos, sem exceção, tinham largado a escola entre 11 e 12 anos. E citavam motivos banais: são "burros" e não conseguem aprender, a escola é "chata", o sapato furado era motivo de chacota. Os colegas de infância continuavam estudando.
Pesquisa identifica evasão escolar na raiz da violência extrema no Brasil Thiago Guimarães - @thiaguima
Na escola do crime não tem evasão, não tem reprovação, não tem coisa chata. Ela é dinâmica e operacional. O currículo não é oculto. É explicito. Os objetivos são claros e o método é coerente com conteúdo e prática, não divergem, confluem-se para o mesmo lugar. 

A pedagogia do crime é bem parecida com a pedagogia prática capitalista, a vantagem é que não seguem planos pedagógicos alienígenas e filosofoides, inventados para a ingenuidade política e descompromisso com os envolvidos. 

O salário do professor tem intima relação com o progresso dos alunos e vice-versa! Não há indisciplina ou é resolvida rapidamente!

Educação do transito é barricada!
Justiça social é distribuição de presentes!
Notas são de dinheiro!
recebe-se por produtividade!
Plano de saúde é caixão!
Não a repetição de ano
e o melhor castigo pode durar de alguns meses ou por muitos anos!

Trocando algumas palavras é o construtivismo aplicado integralmente e quem não consegue construir está fora do mercado e não há reciclagem!



Outras coisas...os professores depositam confiança, instrumentos e funções objetivas a uma finalidade. 



A pedagogia da violência é efetiva, não por ser violenta e gerar violentas pessoas, mas por ter um currículo adaptado, metas claras e respaldo de todos envolvidos e intensamente integrada ao objetivo final. A avaliação é continuada e o estudante sabe os critérios precisos dela.



Todos os elementos para a formação não são negados. o aluno tem acesso a tudo e imediatamente aplique seus conhecimentos e instrumentos! Não é um devir!



Assim, a pedagogia da paz, não a da alienação, tendo a mesma autonomia pedagógica do crime, pode criar um resultado oposto:



Pessoas democráticas
Tolerantes
respeitosas
honestas
altruístas
criativas
objetivas
humanas
e prolongam uma vida bem vivida
e desarmadas!

Ler matéria em:
http://www.bbc.com/portuguese/brasil-40006165



segunda-feira, 9 de outubro de 2017

Educanarquista 6 anos de existência.



Educanarquista é um blog de escrita livre e desapegada, mas que busca provocar nosso autoritarismo educativo, reflexões e ponderações sobre a possibilidade de pensar numa educação antiautoritária. 

Surgiu em julho de 2011, percebendo que o tema de educação compulsória, obrigatória e imposta não seria uma meta ética com as pessoas.

Nesses 6 anos de existência registrou 25 mil acessos. Não querendo dizer com isso que todos os textos foram lidos, pois muitos podem apenas ter sido visitados. Há textos de 5000 acessos e dos que estão em média em 100 leitores.

Foram 128 textos curtos e longos assim distribuídos nos 6 anos de existência Publicou-se em 2011 um total de 35 textos, 2012 com 16 textos, 2013 com 47, 2014 com 48, 2015 com 15, 2016 com 12 e em 2017 não passara de 10.

Esta experiência eu não estimo quanto foi formativa ou não, pois ficou restrita a pessoas amigas e blogs são sujeitos a ataques robôs que superestimam acessos.

De algum modo, estes textos são extratos mais jornalísticos da tese de doutorado Pedagogia Anarquista e ensino de Geografia: conquistando cotas de liberdade.

acesso livre: http://www2.fct.unesp.br/pos/geo/dis_teses/09/antoniosobreira.pdf


Há quem acredite por esse tema que preocupa-me em formar anarquistas ou que a minha opção de luta é dentro do campo político do anarquismo. Não faço parte de nenhum movimento, não sou epistemólogo do anarquismo e nem digo o que deve ser uma anarquista. Mas há muita gente que sabe e diz o que tem que ser um.

Especializei-me em educação anarquista, estudei isso e creio que qualquer pedagogia anti-autoritária está bem próxima da ética, não necessariamente da politização.

Abaixo os textos que mais chamam atenção por total de acessos em 09 de outubro de 2017.



segunda-feira, 25 de setembro de 2017

Recusadores de escolas


Em inglês se denomina School Refusals. Em francês é “Le rejet de l’école” e no Japão “toko kyohi ou futoko” significando a recusa patológica da escola formal.No Brasil o que se encontra mais próximo dessas designações é Transtorno de Ajustamento com Humor depressivo ou TA. Esta fobia de frequentar a escola pode atingir de 1 a 5% da população até o nível universitário na Inglaterra.

Como alguns artigos a tratam como algo patológico definem seus sintomas quais são: crises de angustia semelhantes a fobia de serpentes, aranhas, ratos, síndrome de pânico incontrolável, crise de choros, dores abdominais, náuseas e vômitos, taquicardia e distúrbios de sono. Só a definição Brasileira fala de humor depressivo e depressão infanto-juvenil.

Para quem está de fora julga tais reações como desproporcionais e exageradas. E uma das causas dessa condição é fruto do medo de julgamento alheio, tais como professores, parentes, colegas que juntas expressões exageradamente sentidas terrificam a criança ou jovem por uma falta de confiança em si mesmo e indicam cuidados através de tratamentos com pedopsiquiatra.

No Brasil o TA pode surgir no desenvolvimento da criança. As situações traumáticas desencadeadas por estresse decorrentes de separações, nascimento de um irmão, ou também situações de mudanças, podem ser fatores desencadeantes para o quadro de TA com humor depressivo nas crianças. O TA pode causar fracasso escolar, com baixa auto-estima, ansiedade, insônia, queixas somáticas, inapetência, cansaço e perda dos interesses habituais como esporte e lazer. Esse quadro, associado a muita expectativa dos pais, tende a prolongar a reação depressiva devido a um efeito cumulativo de estresse.

As tipificações e qualificações de sintomas variam segundo as escolas de psiquiatria, mas o que nelas há em comum é que as crianças e jovens recusadores de escolas podem evoluir para depressão ou no baixo rendimento escolar.

Tentam os psiquiatras utilizar anti-depressivos ou medicamentos que reduzam ansiedade e sintomas que levem a esse quadro. Se os fatores desencadeadores são externos e algumas crianças os recebem e processam de modos distintos as frustrações, algumas assimilando e dissipando, outras introjetando e podem não conseguir superar essas reações de rejeição escolar.

O problema da palavra transtorno é que reputa toda a responsabilidade ao indivíduo, a criança ou jovem é que possuem o TA e não a escola inadequada ou que tenta adequar todos e todas a um ambiente de opressão que gera esses efeitos colaterais ou centrais. Centrais ou objetivo principal que é o de domesticar a aceitar um pacote do Estado, da família e do entorno social ao jovem.

No Japão problema é tão grave que há 26 mil casos no ensino infantil e 123 mil no fundamental (1,22% da população escolar japonesa em 2004) e não há dados no ensino médio por não este não ser obrigatório naquele país. O Ministério da Educação Japonês reconheceu este problema como de saúde coletiva e há locais dedicados a essa condição de recusadores de escolas chamadas de Escolas Livres aonde não há aulas, mas sim um em sistema flexível cuja função não é substituir a escola, mas sim um centro de re-adaptação ao ambiente escolar formal.

As Escolas Livres no Japão são pagas, já que o sistema público segue a orientação de atender igualmente a todas as crianças sem distinção ou especificação, por isso são poucas Escolas Livres para atender a demanda, mas há fundos públicos para favorecer seus funcionamentos. O fundamento é semelhante ao das escolas democráticas no mundo em que a criança e jovem escolhem o que desejam estudar em conjunto ou individualmente em acordos coletivos ou públicos e sistema de assembléias infanto-juvenis definidos por seus interesses, ritmos para favorecer a superação dessa condição de rejeição aos ambientes que gerem estresse pelo excesso de expectativas sobre eles.

Com anteriormente enunciado, a educação compulsória tem esses efeitos centrais de desmontar os sonhos, processos e incluem demanda excessiva ou muito externa ao indivíduo.

No caso do Brasil, onde está essa população de rejeitadores de escolas?? Estariam nas estatísticas de evasão escolar na educação pública. Seriam esses os famosos indisciplinados ou diagnosticados com os transtornos outros de déficit de atenção ou hiperatividade. Apatias, depressão, má vontade de despertar, perda de sentidos ou de desejos, reclusão em jogos eletrônicos e agressividade com pais e parentes. Dentre os motivos alegados para a evasão dos alunos do ensino fundamental  (1ª a 4ª séries/1º ao 9º ano) são: Escola distante de casa, falta de transporte escolar, não ter adulto que leve até a escola, falta de interesse e ainda doenças/dificuldades dos alunos e “ajudar” os pais em casa ou no trabalho, necessidade de trabalhar, falta de interesse e proibição dos pais de ir à escola são motivos mais frequentes alegados pelos pais a partir dos anos finais do ensino fundamental (5ª a 8ª séries) e pelos próprios alunos no Ensino Médio.

Então, ouço de uma amiga professora do México:

Lo que son los niños... Aquí en el fraccionamiento anda una bola de criaturas jugando en el área verde gritando "que haya terremoto pa no ir a la escuela"... Lo q es la inocencia! (post face book Lucy Zamudio)

No que tange a escolas públicas a rejeição à escola advém da sua perda de importância ou fragilidade diante das novas tecnologias e velocidade de informações. A escola foi vetor de opressão do Estado e em países de capitalismo avançado da opressão de mercado.

A pergunta motivadora desse texto é saber se há lugar para um projeto de escola Live para adolescente recusadores de escolas e que caiba na compreensão da dimensão da autonomia do sujeito e se os pais e mães compreenderiam que a pessoa só aprende em condições de acordo consigo mesmo e não por imposição.

Bibliografia

Alternative Education in Japan: Free schools. https://educationinjapan.wordpress.com/education-system-in-japan-general/alternative-education-in-japan-introduction/alternative-education-in-japan-the-conte

Alice GORDENKER. When one-size-fits-all schooling doesn’t fit. https://www.japantimes.co.jp/life/2002/05/03/lifestyle/when-one-size-fits-all-schooling-doesnt-fit/
School Refusal. https://adaa.org/living-with-anxiety/children/school-refusal
Mon enfant n'aime pas l'école. http://sante-medecine.journaldesfemmes.com/contents/873-mon-enfant-n-aime-pas-l-ecole

Lee Fu I, Eliana CURATOLO, Sonia FRIEDRICH. Transtornos afetivos. http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-44462000000600007
http://www.infoescola.com/educacao/evasao-escolar/