terça-feira, 5 de setembro de 2023

Jardineiro aleatório da Praça dos Brinquedos

 

Dedicado a Rafael Guerra

pré-scritp: há erros de grafia, concordância etc

Em 2021 comecei a fazer uma jardinagem aleatória nos arredores da Praça do Brinquedos no B. Castelo em João Pessoa. Tenho formação em Geografia e posso olhar tudo que faço com base no que aprendi e dentro do pensamento Anarquista de auto gestão, auto determinação e de ação direta.


Algumas pessoas que começam a estudar o Anarquismo se apegam ao conceito de ação de direta de causar danos ao sistema autoritário, muitas vezes associado a práticas próximas dos Black Blocs ou Anarco-Punks e no passado aos atentados à aristocracia.


O conceito e prática essencial da ação direta deve partir de que se há algo o que se tem que fazer, o indivíduo sabe que tem que precisa ser feitos, tem conhecimento de como se faz e assume o indivíduo que para combater uma estrutura hierárquica e autoritária cada um precisa evitar delegar funções e agir para fazer o que tem que ser feito e se não consegue só que alerte outros a fazer.


Parto de um princípio mais antiautoritário que é nem alertar outros, pois quem pensa em ação direta olha a ação e já adere por auto consciência. Isto envolve outro princípio que é de ajuda mutua. Diante disso, uma Anarquista não precisa pedir obrigado a outro Anarquista por que a auto determinação e ajuda mutua é uma prática permanente e sempre aperfeiçoada.


Então, desde muito antes de conhecer o Anarquismo eu não esperava ninguém me dar ordem e determinar algo que eu sabia que tinha que ser feito por mim e do mesmo modo parei de esperar proteladores, preguiçosos e delegacionistas, basicamente contrário que sempre fui àquelas pessoas que gosta da frase: eu acho que vocês deviam……..! substitua os pontinhos pela resposta: Teu cu!


Voltando à jardinagem, não pedi ajuda a ninguém. Alguns ajudaram um dia, outros algumas vezes e isso eu sabia que era a prática comum e de partida não espero nada quando decido fazer algo. Bem que ao lado do muro de fundos do Colégio Doroteias uma rua estreita fazia anos que acumulava folhas, lixo e insalubre. Comecei plantando no canteiro estreito e na calçada sem calçamento Espada de São Jorge e outras plantas que sobrevivem sem necessidade de muita água. Essa limpeza já chamava a atenção. Depois coletei com Amilton que é reciclador do lado do Rio Jaguaribe 20 sacos de plástico e aos pouco fui ao local e comecei a raspar s folhas de arvore do rua e havia uma camada compactada pelos carros de 2 e até 3 cem de espessura. Enchi os 20 sacos de folhas e uma moradora bióloga ajudou a encher alguns sacos. Depositados na esquina os 20 sacos ficaram por quase 5 dias. Continuem aguando com baldes e plantando outras espécies.


A jardinagem tinha o objetivo de embelezar, de impedir descarregamentos de restos de obras e móveis na praça. Nesse processo eu carreguei de bicicleta, nos braços e com alguma contribuição esporádica mais de 200kg de mudas de plantas.


Na filosofia há duas frases que uso como anedotas. A primeira diz: Até uma pedra muda seu comportamento se ela se sentir observada. A segunda é: Se uma árvore cair numa floresta sem ninguém ela faz barulho na queda? Dessas duas anedóticas frases eu volta ao conceito de Geografia que diz que o espaço geográfico é um sistema de ações associados a um sistema de objetos (Miltom Santos) e especificamente o sistema de ações é a base praxial da transformação do espaço em sentido a uma sociedade autoritária ou antiautoritária. Logo, mexer com a calçada, com a praça começou a mexer com a micropolítica local e seus poderes tácitos e expressos. Foram surgindo disso donos ausentes da preocupação com sujeira, lixo e descaso com os arredores. Surgiram os que plantaram árvores e outros que estritamente espalharam suas extensões privadas de apropriação do espaço público.


Como Geógrafo eu estava sempre olhando o conceito de Y Fu Tuan sobre topofilia, topofobia, amores aos lugares e o conceito de não-lugar. A ação de coletar folhar e ensacar, esperar o despacho da empresa de limpeza foi tão impactante e o NÃO LUGAR das folhas acumulada por mais de 3 anos virou um LUGAR que um jardineiro amoroso e solitário, com um ou outro morador jogavam água mais por dó por meus esforços do que sua autoconsciência. O Lugar era cuidado, era amado e passou a sere revolucionário.


Esta não fui única experiencia social que fiz e isso é para qualquer pessoa. Se eu não estiver lá as folhas farão barulho? Se eu olhar e agir sobre um espaço, o comportamento desse Ser-Estranho (apelido que recebi em Presidente Prudente-SP) ira mudar o Micro Sistema de Ações e o Micro Sistema de objetos? Sozinho? Só eu com roupa de jardinerio carregando mudas nos braços?


A resposta 

simmmmmmmmmmmmmmmmmmm!!!

 

 

Agora as folhas são coletadas, calçaram e colocaram tijolinhos. Uma caçacada que era depósito de lixo atrás de uma escola burguesa. Esse calçamento, pintura não ficou por menos de R$6.000,00. Um gesto de ação direta obrigou alguém a torrar uma grana para fazer o que se recusaram por décadas.