sábado, 30 de janeiro de 2016

A incrível geração de homens que foi criada para continuar tapada.




Em diálogo com o texto “A incrível geração de mulheres que foram criadas para ser tudo o que o homem não quer” in: http://meninasdesaltoaltooficial.blogspot.com.br/2015/11/a-incrivel-geracao-de-mulheres-que-foi.html, tentarei dizer o que ainda piora nossa situação.

Não fomos criados para querer essa mulher, embora nos atraia, nos intrigue, nos liberte e permita uma relação de iguais em direitos e quereres.

Vemos uma mulher livre e compreendemos essa liberdade que ela conquistou, achando que isso também significa ser livre do afeto. Como já dávamos mal bola para o afeto quando elas eram submissas, por que estaríamos melhor agora do que antes?

Lembra-me isso um diálogo de uma personagem no filme “Invasões bárbaras” quando ela diz que ainda estava com uma pulga atrás da orelha sobre a liberação sexual feminina nos anos de 1960, se não era um plano machista a invenção da pílula para apenas eles conseguirem transar com  elas com menos responsabilidade ainda do que antes.

Enquanto as mulheres, em parte, foram criadas para serem mais duras, determinadas e donas de seus próprios narizes, nós homens acentuamos nossa irresponsabilidade do cuidado, da companhia e da partilha.

Se a mulher não precisa de proteção, de cerceamento, de clausura, de exclusividade, para que então pensar em algo duradouro? 

Não precisamos cuidá-las!?

Assim, quando um certo tipo de mulher anterior foi educada a ser um eletrodoméstico e chocadeira, essa que surge se cria para ser um ser humano em si.

Poderia digredir a respeito do capitalismo e a opressão que antes se pautava sobre o operário e a mulher vivia num mundo doméstico e protegida das agruras externas. No entanto, mesmo naquela época e atualmente o índice de suicídio entre os homens ainda é superior em dobro ao das mulheres. O crescimento da mulher não reduziu o desemparo anterior.

Essa mulher que no passado foi criada para largar tudo que fazia para ir viver com um homem ou como me disse uma “chega de ir atrás de macho!” se esse outro possível homem desejar ir atrás dela e fazer o contraponto, estará tão despreparada para aceitá-lo quanto respeitá-lo.

Um homem que deseja ser de casa é uma aberração. O mundo doméstico é sempre submissão, desmerecimento, descrédito e falta de ambição. Um homem nessa posição não é desejado.

Mulheres dessa geração, em parte, querem e queriam filhos, mas não criá-los sozinhas, pois já são da geração criada unicamente por suas mães e bem sabem que isso é uma sociedade de amazonas involuntárias.

Enquanto essa geração de mulheres foi criada para o mundo externo, para a realização profissional o seu o campo afetivo ficou em parte esperando um homem preparado para isso, quando nem para “aquilo” esteve preparado.

O que essa mulher faria se um homem dissesse: Vou contigo! Entrego meu tempo e partilha para ir nessa tua vida! Este tipo de homem masculino não é mais???

Não estamos preparados para essa mulher, pois nunca estivemos para nenhuma outra e estamos condenados à solidão, superficialidades afetivas, sexismo sem culpa e ficar olhando essa sociedade de Amazonas Involuntárias evoluírem, se recriarem, reinventarem e nos deixando cada vez mais longe de um amadurecimento afetivo honesto.

Lamento dizer, mas as mulheres conseguiram aprender a viver sem a necessidade financeira de um idiota ou menos idiota, mas nós não melhoramos muito para que vocês nos queiram e as mereçamos!

Respondendo, se me permite a autora: Não temos direito de não as querer, pois simplesmente não as merecemos! 

Nossa lição de casa ainda está a ser feita.... ou parodiando Mestre Doci...""as mulheres mudaram o software, mas a placa mãe ainda não foi trocada"".... e eu complemento.... enquanto nós homens ainda escrevemos a lápis sem borracha, molhando as pontas dos dedos com cuspe para apagar nossas mazelas como faziam os meninos preguiçosos nas décadas passadas de minha infância.