Em diálogo com o
texto “A incrível geração de mulheres que foram criadas para ser
tudo o que o homem não quer” in:
http://meninasdesaltoaltooficial.blogspot.com.br/2015/11/a-incrivel-geracao-de-mulheres-que-foi.html,
tentarei dizer o que ainda piora nossa situação.
Não fomos criados
para querer essa mulher, embora nos atraia, nos intrigue, nos liberte
e permita uma relação de iguais em direitos e quereres.
Vemos uma mulher
livre e compreendemos essa liberdade que ela conquistou, achando
que isso também significa ser livre do afeto. Como já dávamos mal
bola para o afeto quando elas eram submissas, por que estaríamos melhor
agora do que antes?
Lembra-me isso um diálogo de uma personagem no filme “Invasões bárbaras”
quando ela diz que ainda estava com uma pulga atrás da orelha sobre
a liberação sexual feminina nos anos de 1960, se não era um plano machista a invenção da pílula para
apenas eles conseguirem transar com elas com menos responsabilidade ainda do que antes.
Enquanto as
mulheres, em parte, foram criadas para serem mais duras, determinadas
e donas de seus próprios narizes, nós homens acentuamos nossa
irresponsabilidade do cuidado, da companhia e da partilha.
Se a mulher não
precisa de proteção, de cerceamento, de clausura, de exclusividade,
para que então pensar em algo duradouro?
Não precisamos cuidá-las!?
Assim, quando um
certo tipo de mulher anterior foi educada a ser um eletrodoméstico e
chocadeira, essa que surge se cria para ser um ser humano em si.
Poderia digredir a
respeito do capitalismo e a opressão que antes se pautava sobre o
operário e a mulher vivia num mundo doméstico e protegida das
agruras externas. No entanto, mesmo naquela época e atualmente o
índice de suicídio entre os homens ainda é superior em dobro ao das
mulheres. O crescimento da mulher não reduziu o desemparo anterior.
Essa mulher que no passado foi
criada para largar tudo que fazia para ir viver com um homem ou como
me disse uma “chega de ir atrás de macho!” se esse outro
possível homem desejar ir atrás dela e fazer o contraponto, estará
tão despreparada para aceitá-lo quanto respeitá-lo.
Um homem que deseja
ser de casa é uma aberração. O mundo doméstico é sempre
submissão, desmerecimento, descrédito e falta de ambição. Um
homem nessa posição não é desejado.
Mulheres dessa
geração, em parte, querem e queriam filhos, mas não criá-los
sozinhas, pois já são da geração criada unicamente por suas mães e
bem sabem que isso é uma sociedade de amazonas involuntárias.
Enquanto essa
geração de mulheres foi criada para o mundo externo, para a
realização profissional o seu o campo afetivo ficou em parte
esperando um homem preparado para isso, quando nem para “aquilo”
esteve preparado.
O que essa mulher
faria se um homem dissesse: Vou contigo! Entrego meu tempo e partilha
para ir nessa tua vida! Este tipo de homem masculino não é mais???
Não estamos
preparados para essa mulher, pois nunca estivemos para nenhuma outra
e estamos condenados à solidão, superficialidades afetivas, sexismo
sem culpa e ficar olhando essa sociedade de Amazonas Involuntárias
evoluírem, se recriarem, reinventarem e nos deixando cada vez mais
longe de um amadurecimento afetivo honesto.
Lamento dizer, mas as mulheres conseguiram aprender a viver sem a
necessidade financeira de um idiota ou menos idiota, mas nós não melhoramos muito
para que vocês nos queiram e as mereçamos!
Respondendo, se me
permite a autora: Não temos direito de não as querer, pois
simplesmente não as merecemos!
Nossa lição de casa ainda está a ser feita.... ou parodiando Mestre Doci...""as mulheres mudaram o software, mas a placa mãe ainda não foi trocada"".... e eu complemento.... enquanto nós homens ainda escrevemos a lápis sem borracha, molhando as pontas dos dedos com cuspe para apagar nossas mazelas como faziam os meninos preguiçosos nas décadas passadas de minha infância.