Estava eu no bar
vila do Porto ouvindo Sandra Belê. Entra uma moça armada até os
dentes de vestido preto esvoaçante e come todos os homens com os
olhos..um a um....até que me fita com lascívia e eu retribuo
sorrindo com aquela cara clássica de taradão, ingênuo com sorriso
amarelo que nunca dá em nada! Tento fazer outra, sei que sempre vai
dar errado...sai sempre amarela. Definitivamente não tenho os dons
dos machos alfas.
Quando termina o por
do sol e vou saindo e algo me toca o cotovelo...dedos finos, mas que
me arranha uma pulseira punk de pregos....e para meu espanto era a
mulher armada! E me diz: Quero te dar!
Eu acostumado que
sou disse: Onde?
Na praça da estação
de trem, bem debaixo do relógio do sol que marca o ponto zero onde
nasceu João Pessoa!
Tudo estava indo
como sempre, eu fazendo aqueles cliches chupando os mamilos que
pareciam duas pontas de parafuso, pondo mão aqui e ali como estava
escrito nos manuais...e a polícia chegou!
Maravilhada, o que
não me chamou a atenção e logo chegaram os gradis de proteção.
Já ao amanhecer os primeiros operários e operárias que vinham de
Santa Rita cercaram-nos observando!
Pensei!O ser humano
quando é tocado pela natureza não se espanta tanto quanto pela
rudeza social.
O ventre dela estava
crescendo como nos filmes de alienígenas e eu nem sei como eu
conseguia ao meio de tantos observadores aquilo que faço debaixo de
sete palmos de terra!?
Ela então pediu-me
para parar e falou: Pega ai que tá saindo!
E começou a
produzir pães!
O chão estava sujo
e eu comecei a entregar para as pessoas, elas não brigavam, e cada
uma que pegava o pão muquento dos caldos normais ia com seus grupos
embora sem qualquer alarde.
Tenho impressão que
quando uma mulher fala; Quero dar! O mundo devia parar de respirar!
Até que todos se
foram! A polícia retirou os gradis e ela se vestiu daquele jeito que
as mulheres trabalhadeiras se vestem e que ainda ajeitando o soutien,
sempre fica tortinho!
E eu perguntei-lhe:
Ei! E ai?? Com quem você aprendeu isso?
Com Jesus Cristo!
Quem mais?
E agora moça?
Ela com aquele olhar
pueril feminino e de jocosidade basilar falou suavemente como que dá
um pé na bunda amoroso!
Eu multipliquei os
pães, não é!? A tua tarefa agora é multiplicar os peixes!