A primeira leva de educadores anti-autoritários, entre eles os
anarquistas à frente, propuseram a Escola Integral. Leon Tosltoi já
havia anunciado e praticado esse caminho na década de 1850 na Rússia
em sua escola Yasnaia Poliana (1859-1862).
Esse princípio foi defendido pelos anarquistas como Francesc Ferrer
i Guardia (1859-1909) na Escuela Moderna (1901-1906), Paul Robin
(1837-1912) - Orfanato Cempuis (1880-1894); ; Sébastien Faure
(1858-1942) - La Ruche (1904-1917), ambos na França.
Como se vê, esses pensadores, entusiastas e anarquistas levaram
essa prática dentro de seus projetos e alguns historiadores da
educação tratam esses fatos como meninices anarquistas.
A proposta de escola Integral, anti-autoritários, anti-sexista,
laica e anticlerical teve seu apogeu durante a Guera Civil Espanhola
(1936 e 1939), quando existiram 89 escolas dessa
tendência só em
Barcelona e 55 fora da capital catalã, mas poucas funcionaram depois
de 1939, com o fim
de Guerra Civil Espanhola.
Em paralelo, A.S. Neil na Inglaterra criou Summerhil que era um
sistema de internato, sem divisão de sexo e aulas obrigatórias.
Incluindo terapias individuais e com afastamento total dos pais para
evitar o desenvolvimento do complexo de Édipo.
Em vários lugares do mundo os sistema de escola integral foi
adotado, porém, numa perspectiva de educação obrigatória. No
Brasil, ocorreu o sistema integral (Escola Classe e Escola Parque)
com Anísio Teixeira na década de 1940, inicialmente na Bahia e
posteriormente em outra partes do país. Nas décadas de 1960 foram
criados os Ginásios Vocacionais e que foram extirpados pela Ditadura
Militar no final da mesma década e início da década de 1970, pelos
caráter subversivo que continham aos olhos dos apoiadores da
ditadura.
Na década de 1980 foram criados por Leonel Brizola e Darcy Ribeiro
Centros Integrados de Educação Pública (CIEPs)
e que perduram até
hoje. Posteriormente Fernando Collor implantou em 1991 no Brasil
vários Centros de Atenção Integral à Criança e ao Adolescente
(CIAC, com algum sucesso, mas nada notável.
A provocação dessa política pública educacional ficou marcada de
fato pela defesa de Darcy Ribeiro e concretizada nos CIEPs, que foi
seguido posteriormente, em tese, por alguns governadores e prefeitos,
alguns com resultados interessantes e muitos foram um desastre
repressivo duplicado na vida de crianças e jovens.
Essa ideia de que a escola integral em si é boa, pois Darcy Ribeiro
defendia que quanto mais uma criança permanecia na escola, maior
seria seu aproveitamento, foi mal interpretada por gestores que
simplorizaram o projeto. A permanência na escola é uma derivação
da frase preconceituosa dos que defendem o trabalho infantil dizendo:
Mente vazia tenda de Satanás! Melhor criança na escola do que fazendo
coisa errada na rua!
Hoje, com quase 100% de crianças e jovens frequentam a escola nesse país, algumas em sistema integral, políticos
defendem a permanência em escolas por 8 horas em sistema
obrigatório. Professores são sobrecarregados, bolsistas e
oficineiros mal pagos ou voluntários bondosos que são chamados para
acudir escolas entupidas de atividades, nenhuma adaptação e os
mesmos restritos recursos.
Pais que trabalham preferem esse modelo crechão, que ocupam seus
filhos em dois turnos e os liberam de viver com os filhos. A classe
rica que não aceita bem a escola integral injetam seus filhos em
cursos extra escola de balé, dança, inglês, karatê, música,
terapia e outros mais ou menos caprichosos.
Os pedagogos anarquistas de hoje abominam esse sistema integral, já
que é obrigatório e sistêmico com parcial decisão do corpo
discente, dado ao caráter autoritário constante em escolas
públicas. Sim, há experiências felizes, mas poucas!
Nesse momento de eleições nenhuma das propostas de escola integral
foge da compreensão crechão e por isso, escola autoritária em um
turno será duplamente autoritária em dois turnos.
A Escola Integral é vendida como Mágica! A educação integral é
a Magia da escola pública. Só não revelam os políticos por qual
razão os jovens de escolas privadas a um turno tendem a ocupar a
maior parte das vagas de cursos da elite e outros, através dos
vestibulares das universidades públicas!
O Programa Mais Cultura na Escola em parceria Ministério da Cultura
e Ministério da Educação, no intuito de trazer uma perspectiva
cultural e lúdica para escolas de ensino fundamental, buscou
auxiliar as escolas municipais a receber projetos de grupos
artísticos e artistas, no sentido de fazer oficinas, apresentações
envolvendo escola, pais e comunidade.
São ações paliativas, criticáveis, mas realistas, pois há
muitos prefeitos e governadores que em suas mentes a ideia de Crechão
é a única coisa que existe ou: UM GRANDE DEPÓSITO DE GENTE FILHA
DE TRABALHADORES!