OBSCENO
Dôra Limeira*
A ampla libido das professoras** |
Sou divorciada, 43 anos, leciono num colégio particular, ensino Química. Ele é meu aluno, 18 anos, compleição robusta. Senta-se na última carteira. É atrevido, encara-me o rosto e o decote, insistentemente. Finjo não perceber, distraída num ponto imaginário da sala. Ele observa minhas pernas, minhas coxas, meus seios, e se lambe. Sua boca é aquosa. Faz obscenidades sem que os demais alunos percebam, muito esperto. Terminada a aula, dirijo-se ao sanitário. Sinto seus passos e seu odor esquisito de homem me seguindo. Preciso chegar ao sanitário, é urgente. Seus passos lambem meu rastro. Não sei se resisto se ele me chamar de puta.
*Beijo de Deus. Minicontos, 2006, João Pessoa Paraíba.
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