Sabidamente este momento no
Brasil é do prá’trasmente falando”. Nas décadas de 1960 o Instituto Brasileiro de
Educação, Ciência e Cultura tinha o papel de promover melhorias na formação
científica dos alunos que ingressariam nas instituições de ensino superior,
assim formulando projetos para melhorar o ensino de ciências nas escolas de
nível básico. Com essa finalidade foram produzidos kits de Química que consistiam em realização
de experimentos. Também foram adquiridos pacotes de biologia e física.
A lei nº 5.692/71 estabeleceu o
ensino Clássico e o Científico direcionando aos que fariam um curso
universitário da área das humanidades como clássico e científico para as
carreiras de exatas. Ainda havia os que iriam para o ensino técnico, contabilidade e normal (magistério). No geral a
pessoa fazia o clássico ou científico e não ia para o ensino superior.
Esses kits, esses laboratórios,
esses intentos todos viraram na maioria das escolas um amontoado de caixas, de
armários museus dos quais os professores pouco ou nada serviam e foram
sucateados.
Essa ideia reinventada, com
argumentos de pragmatismo, flexibilidade e enxugamento é o velho assunto de conhecimento útil e
inútil ou utilitarista que pega vento num momento de comunicação muito acelerada e
que o professor e a educação parecem obsoletos, antiquados, velhos e
arcaicos.
No entanto,
nossos índices de leitura, compreensão e produção de textos são mais
dificultosas barreiras ao progresso da nação do que todas essas áreas, já que dependem da
linguagem em perfeito potencial. A paleo-reforma agrava o que ainda não se conseguiu resolver no Brasil que é o uso pleno da língua portuguesa. Daí a urgência utilitarista....formar cirurgicamente pessoas por sua área de aparente interesse. Anula-las precocemente, digamos!
Efeitos dessa
paleo-reforma?
- · Devemos concordar com Sindicatos de que um primeiro momento será redução de contratados, redução de turmas e escolas. Pode não ocorrer de imediato, mas a flexibilidade não será apenas curricular, será de todo o exercício docente intelectual e profissional.
- · Junte-se a isso o desejo do ensino médio ser progressivamente pago e não ser mais público. Ainda que sofra resistência é um nicho econômico importante para a colonização da educação pública por empresas educacionais nacionais e estrangeiras ávidas por esse mercado.
- · As escolas mais caras farão tudo que já fazem sem distinção, pois já seguem seus próprios preceitos e pouco importa isso de Lei. Porém, paras as classes trabalhadoras será o mínimo e restrito, para ascender, um estudante terá que buscar um ensino pago.
- · Quer-se integrar mais ensino médio com o técnico, ideia antiga, contraditória para esse tipo de pensamento que especializa a pessoa em funções.
As palavras utilizadas: engessar, camisa de força, enxugar, currículo extenso e
outras, estão alinhadas ideologicamente ao golpe da escola “Sem Partido”
e um mesmo anseio da década de 1960 de neutralidade da ciência. Conjugadas essas peças, mercado, Estado Mínimo, repressão política e pragmatismo, fecha-se a mente e por qual razão não precisa o Brasil de um Ministro de Educação.
Interessante dessa paleo-reforma é que ela alça exemplos mundiais como a
Finlândia e outros sistemas mundiais onde que tem ocorrido essa flexibilização.
Não tratam, contudo, de toda a gama de acessos, de avanços democráticos,
direitos e igualdade social já razoavelmente alcançado nesses países.
Enxugar, flexibilizar....Mendonça Filho que de bobo não tem nada vai
estabelecer isso por lei ou por medida provisória. Sem apoio de nenhum segmento
representativo dos educadores.
Não há nada de novo nesse tipo de tentativa de extrair lucro da educação
através de um sofisma não comprovado de que se ensina demais coisas não úteis
na escola.
E não vai dar certo, pois a educação no Brasil com todos seus problemas está mais forte e necessária que nunca! Cuidem-se Golpistas....a porrada é muito maior que vocês jamais viram!