Esse texto começou com a seguinte pergunta
da minha amiga Nizete:
_ Antonio, o que vc acha de celular na escola??
Dedico a ela e a todas e todos que vivem a realidade escolar como uma comunidade complexa, sem recursos, sem igualdade, sem democracia.
E SEM WI-FI FREE!!!!
Importante falar que a educação que
vem do lar é a que mais favorece a educação na escola. Como seu oposto é também
a razão de alguns problemas.
Em meu trabalho de tese eu
conheci o movimento de escolas democráticas, libertárias, anarquista e livres.
Dentro deste movimento de contra a educação obrigatória há o movimento de
educação em casa ou housing schools.
Na prática alguns países de
grande extensão e população rural pequenas
eisoladas legisla a educação à distância. Alguns países, entre eles o Brasil,
possuem salas multiseriadas* onde um professor leciona ao mesmo tempo para
várias séries.
Toda legislação educacional do Brasil
conquistou a educação obrigatória como direito universal para se contrapor à
educação exclusiva para quem era de classe rica ou média. Esses sempre tiveram
alguma escolarização.
No Brasil a educação é
obrigatória par resolver diferenças sociais na perspectiva de que uma pessoa
ciente de seus direitos pode e deve lutar por sua melhoria de condições.
Do ponto de vista geral, a educação
obrigatória sempre falha por ter um único conjunto de regras e de imposições em
massa que não cabe para todas as pessoas. Além desses fatores todos a sociedade
é machista, preconceituosa, autoritária e isso gera um desconforto para crianças
e jovens que não são suficientemente protegidos de achaques, tiranias e leis e
regras que são sem sentido ou estritamente para eliminar etapas pedagógicas
como por exemplo: o que é a democracia e como ela deve ser exercida.
Eu detestava minha escola na
juventude. Professores retrógados, militarização das relações, desestimulo à
criatividade, desrespeito à diversidade cultural e de gênero, avaliações bancárias
e privilégios para os que vinham de classe média e desprezo para os poucos
negros e pobres que chegaram até ali.
Devemos distinguir portanto a
housing schools de direita e de esquerda.
Depois de meu trabalho sobre a pedagogia
anarquista fui muitas vezes perguntado sobre escolas humanistas e sempre
respondi o que a literatura mundial acaba descrevendo, digo: nos primeiros anos
de infância pais e mães acham lindo escolas democráticas, construtivistas,
amorosas, criativas e humanistas, mas no virar da pequena infância para
pré-adolescência o balé da mocinha vai ficando onerosa, a escola de música e inglês
é descartada e uma chacina intelectual perpetrada pela educação obrigatória de
mercado destrói tudo que um jovem foi criado acreditar.
Escolas são lugares de achaques,
preconceito, perseguição por todo tipo de diferenças, alistamento de
malfeitores que destratam mulheres e gêneros ainda se descobrindo. Escola é um
desastre obrigatório de horas de chegar, de sair, de comer, de estudar, de
falar e de se comportar, inclusive do que estudar.
Porém, não levar uma criança para
a escola no Brasil é crime de abandono intelectual. Ei que temos um impasse
humanitário precário, com outro de liberdade do indivíduo. Precisamos obrigar o
indivíduo a ser liberto pela educação. Enchemos as crianças de gasolina ao logo
da vida para depois manda-los para apagar incêndios que não criaram.
Então, na Espanha a legislação
sempre permitiu escolas não ligadas ao Estado, desde que os pais declarassem
acreditar que o ambiente escolhido atendia à necessidades escolares desejadas.
Assim, as normas e regras não se aplicavam igualmente, desde que quando chegasse
no momento do vestibular o interessado passasse. Não havia comprovação de
histórico escolar desde que ele passasse nos exames nacionais.
Ocorre que no Brasil a
democratização da educação não deixou de ser um funil, mesmo sendo universalizada
o cidadão sai profundamente desiludido da educação e rejeita a escola. Reclamam
da carga de leitura, não gostam de carregar os livros, leem pouco, não gostam
dos espaços que são como presídios, pouca liberdade pedagógica e criativa.
Temos portanto uma estatística desconhecida
sobre o fenômeno de Refusals Schools que no mundo é trabalhado como um distúrbio
de pânico e há vários países que possuem centros educacionais terapêuticos para
esses estudantes que não se adaptam e adoecem em ambientes escolares e há
famílias ricas que enviam seus filhos para outros países para se livrarem da educação
formal e obrigatória de seus países natais. Japão é um desses países que
reconhecem esse problema de saúde social juvenil.
O movimento de housing school de
esquerda busca sair da escola opressora, machista, reacionária e autoritária.
Os pais percebem que seus filhos terão mais saúde seguindo o próprio ritmo e
serão mais estudiosos e felizes longe desses aparelhos repressores que se tornam
algumas escolas.
O movimento de housing schools de
direita só querem agravar uma educação que seja pautada exclusivamente nas certezas
bíblicas e dogmas contrários ao conhecimento científico.
A classe trabalhadora possui
outro dilema, se não houver escolas e creches como ir para o mercado de
trabalho, com quem e como deixar os filhos.
Nunca tentou-se uma sociedade
moderna sem escolas, mas a Finlandia tem sido exemplo de um desnudar da
imposição e criado possibilidades de currículo aberto, auto escolhido, no próprio
ritmo, pedagogia de projetos, mais atividades de grupo auto dirigido do que
aulas clássicas. Ainda assim, isso não resolve de todo uma socialização
obrigatória.
A socialização também é uma
decisão do indivíduo, ele precisa buscar a socialização por seu entendimento. É
um pressuposto discutível que numa sala onde existe um filho de um fascista e
um anarquista que haverá denominador comum que não seja sair na porrada.
Housing school de Damares e da
escola sem partido não tem nada a ver com pais transtornados com a miséria que
é a escola formal.
A escola pública e privada no Brasil
virou um território em disputa para acabar com ensino laico. O único pressuposto que está por detrás da housing
schools de Damares é a criação de escolas religiosas de linhas neo-pentecostais
com total liberdade de abrir mão dos
conhecimentos científicos.
Ao fim, as mães evangélicas serão
convencidas a não irem para o mercado de trabalho e realizar toda tarefa
domiciliar e ainda cuidar da educação dos filhos. O housing school de Damares,
se aprovado irá desmoronar em qualquer cenário. No entanto, creio que o housing
school de esquerda, humanitário, cientifico, filosófico e de auto aprendizado
seria a libertação dessas escolas que no primeiro problema aprovam medidas
autoritárias e restritivas.
Os professores, pedagogos e diretores
da linha neo-pentencostal fundamentalista vieram para ficar. Esse território
faz par com professores reacionários, conservadores e autoritários. Tenho
certeza que muitos pais estariam bem felizes de verem seus filhos longe desses
ambientes retrógrados, atrasados, dogmáticos e agressivos.