terça-feira, 15 de outubro de 2019

OCUPA MINC\PB para avaliação participantes


NOTA
Este texto foi escrito por mim e por Alexandre Santos
Desejo que os interessados em incluir alguma informação, corrigir e ser co-autor deste texto, faça seu encaminhamento via e.mail antoniosobreira47@gmail.com

Ocupa MinC PB
Histórico das Ocupa/Minc Brasil.
A extinção do MinC em 18 de maio de 2016 pegou algumas pessoas do movimento cultural de surpresa. Os discursos que antecediam esse momento era a solução da crise econômica realizar o enxugamento de ministérios, mas a pasta da cultura representava 0,5% do orçamento da União e de certo modo parecia uma ousadia e precipitação o desaparecimento deste ministério por parte do presidente Interino Michel Temer.
A extinção do MinC a tornaria uma Secretaria Nacional de Cultura fundida ao Ministério da Educação. Os movimentos culturais já reconheciam que o Governo Dilma recuava na política cultural e que entre 2013 a 2014 registrou-se uma redução de investimentos na casa dos 25%. Deste modo, uma parte desses ativistas já elaborava críticas à gestão cultural dado aos recuos notados.
Esta reforma ministerial extrapolava a expectativa da oposição, pois o processo final levaria alguns meses e fazer uma mudança tão imediata fortalecia a tese de Golpe para os que não estavam convencidos da inocência de Rousseff.
O Choque parece ter sido foi um dos propósitos e método dessa reforma e a designação de um novo nome para essa Secretaria foi o segundo ato de resistência à mudança, já que entre o afastamento de Dilma Rousseff e a reforma ministerial tentou-se emplacar vários nomes, inicialmente mulheres, que declinaram ocupar o cargo até surgir Marcelo Calero ex-Secretário de Cultura do Rio de Janeiro nomeado pelo Ministro da Educação Mendonça Filho que prometia compensação de aumento de investimentos em 2017.
Concomitantemente os artistas do Brasil começaram a se organizar e no dia 19 de maio de 2016 seguinte a essa extinção vários prédios pertencentes ao MinC como sedes da Funarte, Museus, IPHAN entre outros começaram a ser ocupados pacificamente em 18 estados do Brasil e Distrito federal em simultaneidade. As capitais que tiveram essas reações foram Natal, Cuibá, Belém, São Luis, Belo Horizonte, Brasília, Aracaju, São Paulo, Rio de Janeiro, João Pessoa, Fortaleza, Salvador, Curitiba, Macapá, Maceió, Florianópolis, Porto Alegre e Recife.
Inicialmente as identidades de cada ocupação foram sendo estabelecidas num processo de autonomia local com articulação nacional sem vanguarda intelectual em duas bandeiras centrais de luta pela queda de Michel Temer e a volta do MinC, assumindo que o que estava ocorrendo no Brasil era um golpe.
A tese de que a redução de ministérios fortaleceria economia do país era respaldada por um discurso de que o Estado é dispendioso e que tais fusões reduziriam gastos desnecessários ia de encontro com lutas históricas de que os gastos em cultura eram exíguos diante da demanda nacional. Expressava-se também a interpretação de que aquilo representava punição por adesismo ao PT de uma das classes profissionais mais aguerridas por direitos à cultura e que embora sem poder político expressivo era vista como inimiga dos partidos golpistas.
Além do impacto ideológico de redução de ministérios representando redução de gastos, havia análises de que parte dessa mudança era um modo de retirar do IPHAN o poder de embargar obras, demolições e qualquer alteração que ferisse o patrimônio histórico e cultural material do país e que repetidamente é acusado de atrapalhar o setor de crescimento imobiliário em zonas nobres do país.
No dia 24 de maio ocorre um audiência pública com a Comissão de Cultura da Câmara de Deputados Federais com participantes das Ocupações em Brasília com questionamentos sobre o significado dessa fusão e repúdio veemente contrário ao processo estabelecido. Momento em que deputados favoráveis ao golpe se fizeram presentes para questionar o movimento e que terminaram por serem expulsos e saindo disparando que a Lei Rouanet e outros Convênios seriam objetos de CPI’s.
Nesta oportunidade os representantes de cada ocupação e ativistas reconheceram a diversidade das ocupações, pelos grupos, pelos edifícios, pela articulação e organização. Alguns mais próximos a partidos, outros totalmente ausentes desses, uma mescla de partidos de esquerda e movimentos autonomistas e ativistas culturais, artistas e demais representantes refratários ao Golpe.
OcupaMinC PB
O Ocupa/MinC PB teve a característica de ausência de partidos representados e a maioria de seus ativistas transitava entre autonomistas de esquerda e por direitos culturais. Alguns eram produtores culturais, representantes e ex-representantes de conselhos de cultura.
João Pessoa só possui um edifício público ligado ao MinC que é IPHAN localizado na praça Antenor Navarro. Então a escolha foi unânime. Esses pares por proximidade e identidade começaram a se articular rapidamente e decidiram a estratégia de ocupação e de atividades políticas, administrativas e culturais que se exigiam para um grupo de 30 pessoas.
A aceitação de outros movimentos foi imediata e o OcupaMinC PB passou a ser a referência de resistência a todo o pacote de mudanças colocado por Michel Temer. Em razão disso houve aglutinação de diversos grupos ativistas de direitos, sindicatos, partidos e frentes de resistência ao Golpe.
Ocorreram reuniões presenciais, teleconferências, processo de formação e de ocupação cultural que em dado momento passou ter característica de um fórum cultural autogestionado permanente.
Atividades realizadas


21 de junho o MinC é recriado
A recriação do MinC em 21 de maio de 2016 foi o primeiro recuo do governo golpista quase um mês após a fusão do MinC com o Ministério da Educação. Embora os efeitos tenham sido pequenos, pois a desarticulação do MinC já o fazia uma cascado que fora. Mantiveram-se alguns setores, mas o decreto que recriou o MinC manteve itens que no conteúdo continuava uma secretaria.
Desocupação


Experiência e desarticulação


Um ano depois...
Por ironia ou tragédia anunciada o Ministro Calero cai em novembro de 2016 por denunciar uma intromissão do Ministro da Secretaria de Governo Geddel Vieira Lima por utilizar de tráfico de influência e impor alteração de laudo que embargava obra de um edifício do qual era um futuro proprietário e que se encontrava embargada por Laudo do IPHAN. Gedddel é exonerado para abafar o escândalo. Caleros é substituído por Roberto Freire que aparelha o MinC com vários membros do PPS, quando uma de suas maiores críticas ao PT era essa em relação ao MinC. Roberto Freire após vários atritos públicos nacionais e internacionais abandona o governo Golpista após delações dos irmãos Joesley e Wesley Batista envolvendo vários crimes de corrupção e obstrução da justiça e trafico de influência. O Secretário-executivo do Ministério da Cultura (MinC), João Batista de Andrade (ex-PCB), assume a função de ministro interino da Pasta com um currículo no cinema, entre eles o “Homem que virou Suco” afirmando que embora tenha servido ao Governo Alckmin que seu partido é o da Cultura.
A CPI da Lei Rouanet prometida pelo Dep. Marcos Feliciano foi substanciada em 28 de junho de 2016 após a Polícia Federal deflagrar a operação Boca Livre precedida da Operação Boca Livre S/A iniciada em 3013, aludindo que partidários e artistas defensores do Governo Dilma teriam se beneficiado da Lei para enriquecimento ilícito por favorecimento e tráfico de influência. O impacto midiático fruto da caçada a alguns artistas declaradamente favoráveis o Governo Dilma desapareceu com o fim da CPI em maio de 2017 que descobriu que os maiores beneficiados desta lei são grandes empresas, que os recursos são concentrados na Região Sudeste, a bem dizer nas cidades do Rio de Janeiro e São Paulo e que havia necessidade de melhor sistema de fiscalização. Afãs de do Dep. Feliciano e Dep. Bolsonaro desapareceu no silêncio.
Os recursos que seriam ampliados com a fusão do MinC desapareceram e em setembro de 2016 os recursos destinados em orçamento para o MinC permaneceram os mesmos do ano anterior em 2,5 bilhões, que coerentemente com a PEC 241 ou do Teto não permite aumento de gastos. Deste modo, toda a proposta de fusão e promessa de aumento de recursos para a cultura foi negada pela prática e desses recursos destinados não há informações e a totalidade está sendo executada.