quinta-feira, 24 de abril de 2014

Leitura anarquista sobre o livro de Terry Eagleton. A ideia de Cultura.



Eagleton traz uma abordagem que tem mexido bastante com minhas reflexões sobre cultura. Nesses tempos que participei de um projeto de Ponto de Cultura e como artista de rua/ minha atuação em bairros e locais de classe trabalhadora de baixa renda e/ou pobre pude ler esse livro à luz dessa experiência. 

Aqui tentarei unir o conceito de cultura trabalhado por Eagleton, a Geografia e ao Anarquismo. Eu mesmo tento compreender em que momento as nossas práticas de fazer e participar de políticas públicas significa algo contra o autoritarismo ou se é mais uma colaboração com a opressão.

Eagleton começa por destrinchar definições ou versões do que seja cultura. O que sempre é um trabalho árduo e sempre polêmico. Vale ressaltar que em geografia estudamos cultura como sendo tudo que tenha sido produzido pelas mãos humanas, artificial, próteses técnicas e científicas ou tudo que se oponha ao natural ou realizado pelas forças da natureza.

Tal como Eagleton coloca em alguns momentos, para a geografia o sentido de cultura foi a que pautou o processo colonialista e  ocupacionista,  e mais tarde no sentido antropológico de que cada povo possui uma cultura.

No entanto, a palavra cultura tem sua origem em coisas materiais, tal como uma lavoura. O conteúdo da palavra cultura não se desligava da materialidade ou do cultivar uma planta. Era a dialética entre o determinismo natural e o possibilismo das ações humanas, quer dizer, a natureza não nos determina, mas o idealismo não nos liberta da condição natural.

O conteúdo imaterial da palavra cultura foi assumindo um lugar de construção moral em favor de uma palavra que virou seu sinônimo ou melhor dizendo – civilização.

Eagleton explora bastante esse sentido de civilização, afinal, antes a cultura só se realizaria no âmbito rural e é na polis que será o berço da cultura. Acho exagerado, mas devo aceitar parcialmente essa ideia.

O sentido de cultura passa a ter outro significado que antecede o político. Cultura do ser humano que o habilita a viver na polis e não o inverso. Assim, o ser culto é sinônimo de ser civilizado. Este mesmo conteúdo vai justificar a colonização de outros povos. O ser civilizado é superior ao incivilizado.

Ser civilizado ou culto é ter progredido intelectualmente, espiritualmente e materialmente: “Ser civilizado inclui que não cuspirá no tapete assim como não decapitará seus prisioneiros de guerra. (EAGLETON, p. 19, 2001).

Aqui é importante ressaltar que para o autor a cultura precede a política, mas depois que se consolida o Estado a sua estrutura é ele que vai determinar o que é cultura. Fica aqui um lembrete sobre a repugnância que os anarquistas possuem por qualquer estrutura hierárquica e principalmente o Estado. A delimitação cultural que é necessária para a sociedade se organizar de forma civil é invertida e o Estado assume um determinante cultural que exacerbado acaba se tornando a gênese do nacionalismo ou patriotismo. Afinal, “a minha cultura” me distingue e me faz superior.

Eagleton até afirma que a palavra cultura passa a ser o mesmo que colonialismo. Por tanto, para esse autor, ao falarmos Colonialismo Cultural estaríamos sendo redundantes ou tautológicos.

Cito agora a geografia, pois sua história perpassa por essas discussões. A compreensão dos geógrafos anarquistas que se opunham ao colonialismo, inclusive se colocavam contra um pensamento de que as condições ambientais e naturais condicionavam as sociedades progredir e outras não. Um clima temperado, gera povos inteligentes e progressistas e um clima quente gera povos indolentes e atrasados. Isso é conhecido como determinismo geográfico.

Os anarquistas e mais tardiamente os marxistas se antepuseram a qualquer explicação que delimitasse o progresso de um povo em relação ao meio, negando completamente a máxima de que o homem é produto do meio. Esse tipo de pensamento não desapareceu completamente, e em alguns casos, com a globalização ele até mesmo se renovou.

Surgiu depois uma corrente de pensamento na geografia chamado possibilismo. Esta tocava ao expansionismo colonialista francês, que afirmava que a sociedade tinha condição através de sua cultura alterar as condições naturais, fosse quais fossem as barreiras naturais. O homem se adapta ao meio.

A cultura que carrega uma pessoa pode alterar os entraves naturais. Note-se, determinismo e possibilismo, ambos partem de princípios que desembocarão em um tipo de colonização. Assim, existe uma cultura superior – a europeia – por isso ela tem o papel de civilizar o mundo.

Os anarquistas e alguns geógrafos nunca aceitaram esses princípios por essa razão. Por delinear que um povo merece existir mais que outro por carregar uma cultura, superior, mais elaborada, mais civilizada, mais rebuscada e que gerava mais progresso.

A palavra civilização serviria ao mesmo tempo para se descrever e também normatizar o que ela é mesmo. Depois o autor descreve que o caráter normativo e descritivo (o que é e o que deve ser algo civilizado) contido na palavra civilização se separam.

Culto ou culta, como sinônimo de polidx ou refinadx que delimitava a classe média europeia modifica-se, pois ninguém pode ser cultx sozinhx, logo, só se é cultx em sociedade e, só existe a sociedade por uma base de homens e mulheres cultxs. Embora que, para ser cultx, não bastava viver em sociedade, mas ter certas condições sociais para se-lo. Este ponto entra o Estado e seu papel.

Nesse dado momento Eagleton alerta que o significado de cultura passa a ter um caráter crítico e não apenas descritivo ou que normatiza o que é ser culto. Ser cultx não é um valor em si, já que passou a significar o mesmo que imperialismo. Ser cultx era ser ocidental, europeu, aristocrata e colonizador o que afasta todo o sentido de ser alguém cordial, polidx e dadx a comportamentos refinados moralmente, intelectualmente e materialmente. Vejamos:

A civilização era abstrata, alienada, fragmentada, mecanicista, utilitária, escrava de uma crença obtusa no progresso material; a cultura era holística, orgânica, sensível, autotélica, recordável. O conflito entre cultura e civilização, assim, fazia parte de uma intensa querela entre tradição e modernidade. Mas também era, até certo ponto, uma guerra fingida (EAGLETON, P. 23, 2011).

Uma guerra fingida entre Civilização que pertencia à burguesia e cultura pertencente à aristocracia e ao populismo. Qualquer um que se antepusesse aos valores aristocráticos seria um bárbaro e somente com acesso à cultura eles deixariam de ser rebeldes.

Posteriormente, segundo Eagleton, essa lógica imperialista e eurocêntrica colonialista de ser culto no século XX se inverterá “os selvagens agora são os cultos, mas os civilizados, não. Então, a denominação de povos incultos colonizados e povos cultos, os colonizadores receberá numa perspectiva crítica da cultura uma inversão. Dai surge o sentido antropológico de cultura. Cada povo possui uma cultura e que não há uma escala hierárquica para definir povos em detrimento de outros. A civilização Inca ou aborígene qualquer é uma tem valor em si e não comparativo aos países imperialistas.

O conceito de pluralidade cultural passa a figurar dentro de uma crítica anti-capitalista, mas sem por um lado afirmar que tudo é cultura e qualquer valor é cultural, para Eagleton pode-se incorrer na dificuldade de aceitar que a “cultura das cantinas de delegacias”; “sexual psicopata”, “máfia” podem ser equiparáveis à cultura boliviana ou Inca. O pluralismo cultural, para esse autor, pode cair num campo tão generoso e ingênuo que relativizaria e nivelaria tudo como sendo o direito e o fato plural da cultura:

Historicamente falando, existiu uma rica diversidade de culturas de tortura, mas mesmo pluralistas sinceros relutariam em sancionar isso como mais uma instância da colorida tapeçaria da experiência humana. Os que consideram a pluralidade como um valor em si mesmo são formalistas puros e, obviamente, não perceberam a espantosamente imaginativa variedade de formas que , por exemplo, pode assumir o racismo. (EAGLETON, p.28, 2011).

Esse conteúdo de pluralidade é notoriamente mais evidente na pós-modernidade e traz à tona o sentido de identidade, logo de pureza, quando o conteúdo da existência de culturas não é puro, mas interligado e envolvidas por outras, sem isolamento. Então, até um certo ponto o discurso e defesa identitária cultural não parece algo que se possa tratar ingenuamente e somente benigna.

Se a primeira variante importante da palavra “cultura” é a crítica anticapitalista e a segunda um estreitamento e concomitantemente, uma pluralização a um modo de vida total, a terceira é a sua gradual especialização às artes. Mesmo aqui o significado da palavra pode ser restringido ou expandido, já que cultura nesse sentido, pode incluir atividade intelectual em geral (Ciência, Filosofia, Erudição, etc.), ou ser ainda mais limitada a atividades supostamente“imaginativas”, como a Música, a Pintura e a Literatura. Pessoas cultas são pessoas que tem cultura nesse sentido. (EAGLETON, p. 29, 2011).

A cultura como sentido de erudição, por tanto, destinada ao poucos, segundo esse autor contém ao mesmo tempo a ideia intensificada e empobrecida para cultura. Terá que ser refinado ou “erudito” e por assim dizer intenso, mas como é um sentido para poucos e delimitado à erudição é pobre. E é dessa forma que se permeia o conteúdo da palavra cultura.

Uma pessoa é culta por saber viver em sociedade, por ser versado nas artes e razoável. Não aceitará a tortura e nem a barbaridade, por conseguinte, aceita a pluralidade e a identidade. E estar comprometido com alguma posição é ser inculto. Ser razoável é aceitar ser moldável, persuadido ou disposto a concessões e ligado aos sentimentos e não a paixões e ser dado a convicções apaixonadas é ser “irracional” a classe média tem boas maneiras e as massas são iradas. (EAGLETON, p. 32, 2011). Isso levará a ter que aceitarmos que o racismo é fator plural, logo racional e desapaixonado e uma identidade plausível e ser contra isso é não ser plural.

Mas esse sentido faz a arte ser bajulada por ser seu propósito o despropósito, somente com a crítica e que o sentido de cultura sai dessa nuvem auto deleitante para começar a ter uma papel no que concerne à justiça social. Assumir o despropósito da arte é tão político quanto lhe colocar um valor de associação à justiça social e obviamente, não ser neutra.

Para o mesmo autor, cultura no sentido de civilizar fracassou, ela não se restringe a erudição artística individual, nem em seu sentido de convívio social e sociabilidade e ainda é algo tão parcial que não tem nada a dizer ou o que diz nada serve:

O que é que liga cultura como crítica utópica, cultura como modo de vida e cultura como criação artística? A resposta é certamente uma resposta negativa: todas as três são, de diferentes maneiras, reações ao fracasso da cultura como civilização real- como grande narrativa do auto-desenvolvimento humano. (EAGLETON, P.35, 2011).

Deste ponto, sem esgotar o que Eagleton continuará a formular nessa obra, trago nesse momento algumas reflexões mais diretas ao que nos move a fazer políticas públicas culturais ou ações culturais mais engajadas nas populações sem acesso.

Desde que li essa obra me faço perguntas ainda pouco elaboradas mas que são pontos de partida associados aos trabalhos que realizei em cultura, a saber:
  • Nossa motivação para levar cultura para as populações sem acesso é uma evangelização através da cultura como crítica social? Por ser crítica, deixa de ser uma catequização?
  • Nosso esforço para levar cultura nesses espaços abertos e de baixa renda é para melhorar o convívio social, logo, meramente civilizatória? De partida eles são brutos?
  • Ao levar cultura me preocupo e fazer cidadãos cordatos e razoáveis que aceitam a pluralidade ingênua? O ser razoável é razoável?
  • Enfim, levar cultura para uma dada localidade é uma colonização dissimulada e autoritária, embora travestida de boas intenções?

Como anarquista e que busca ser anti-autoritário o que é que legitima nossos projetos culturais serem levados para comunidades sem acesso ou acesso planejado pelo Estado e corporações?

Chego atualmente a fazer um mea culpa. Assim compreendo nesse momento que ao fim e ao cabo, nossa ação e opção pelas populações mais fragilizadas ou sem acesso à cultura é autoritário. E de certo modo, acreditamos que essas pessoas merecem o acesso à cultura para fazer revolução ou transformação social ou para pararem de serem tão bárbaras se estapeando a dirigindo impropérios nas delegacias, parar de dar tiros em combates de transito e bares, parar de espancar esposas, filhos e outros vulneráveis, parar de servir ao Estado e ao mesmo tempo ser polido no transporte coletivo.

Isso que digo deve ofender as pessoas que trabalham com arte-educação, arte-social e toda essa parafernalha que usa os bens culturais com intuito de fortalecer a dignidade humana seduzidas pelas artes. Optar por um ser humano frágil ou fragilizado, um ideia muito cristã, pior que isso, uma admiração que ao fundo é um rejeição a essas pessoas.

Se não considerarmos essas pessoas como elos fortes, nossa aparente generosidade não passa de uma vaidade. A opção pelos pobres é uma da corruptelas da vaidade. Tanto que algumas pessoas boas, passam até viver de projetos que tem como objetivo trabalhar para pessoas em vulnerabilidade e passam a viver disso. Lutar contra a pobreza, paliativo para ela e solução para meu sustento. E não há saída, ou fazemos isso ou a lógica de dominação nos atropela a todos.

Chego a alguns alertas para pensar e que me acompanham desde que vi que essas experiências foram sendo realizadas, cito-as:
a) levar cultura ou fazer ações culturais tem sido um argumento do movimento de ocupações culturais e de projetos de cultura para melhorar o convívio social, portanto, educar para ser civilizado. Isso é autoritário e presunçoso e nos coloca como mártires.
b) se eu não gosto, não aceito, me rebelo e me defendo de qualquer tipo de cardápio cultural imposto, por qual razão devo impor meu cardápio cultural aos outros. Que direito tenho eu de fazer a democratização da cultura e criar um programa cultural em meu gabinete. Se eu encontro e permanentemente busco meu senso crítico sobre a cultura, quando digo que esse público a ser formado, precisa ser crítico, isso é autoritário. Nego ao outro aquilo que me defendo. Dizer o que uma pessoa deve pensar é o que o Estado e as corporações fazem não me difere deles se eu dizer o que ela deve pensar, mesmo que dissimuladamente através da arte.

Se me nego a civilizar e a fazer das pessoas, algo que se caracteriza “polídas” o que resta de ético ou de anarquista ou de e anti-autoritário a fazer?

Aqui eu creio que cabe o meu desejo e o meu sentido. Quando vamos as esses lugares e chegamos a essas pessoas através de um projeto, em espaço aberto, embora minhas motivações sejam autoritárias, as pessoas podem permanecer ou sair. Ninguém é obrigado a permanecer.

Não posso me trair que sou totalmente contra à cultura da violência, já que ela quebra um direito inalienável à vida e a bem vivê-la. Não posso admitir que a força econômica, política e intelectual retórica possam ser armas contra as pessoas que não sabem sequer que devem e podem se defender.

No entanto, sentir mártires, messiânicos da cultura, civilizadores e achar que isso é melhor do que os outros mecanismos sociais é absurdo narcisista, ainda que a cultura seja essa relação comunicacional complexa em forma e conteúdo o jesuitismo disso não é uma boa companhia ética.

Tal como não é a educação que muda as relações de injustiça, a cultura tem apenas papel adicional e não retumbante e determinante de uma sociedade que amplie os direitos e a felicidade. A mesma crítica vai para a ciência. Por isso que Eagleton nos alerta que o Estado que surge com a cultura, passa a ser provedor e delimitador dela, mais piormente, quando acochambra os interesses do mercado nisso. O Estado, sabidamente, não é nada mais que um acochambramento entre o povo e o mercado. O Estado é ele mesmo, dizendo que nos representa! Funciona bem!

Nos sobra que a mudança social precede nossos esforços culturais. São movimentos concomitantes, mas a sociedade é o passo primeiro.

São opções que não devem ser tomadas ingenuamente. Ser mais conscientes dessas opções é um passo fundamental. Para retirar definitivamente esse caráter religioso disfarçado atrás das motivações das pessoas “boas”.

Não sei se a revolução é necessária! Se de um tapa que mude tudo ou bem lenta e processual! Afinal, não sei se uma revolução fará o que penso que deveria ser, já que ela é feita por todxs!?!

Não sei se quando levo uma ação cultural que não é autóctone, que é exógena e diferente estou dissimulando meus interesses autoritários e civilizatórios?!?

Quando levamos um projeto externo e diferente do que acolhem essas pessoas em suas comunidades, reclamo que elas preferem a cultura autoritária da mídia industrial, isso é uma bobagem.

Não podemos ser neutros, fazemos e levamos aquilo que acreditamos vão provocar comunicação. Somos em parte autoritários sim, alguns mais que outros, outros menos invasivos e tantos outros fascista puritanos.

Devemos fazer aquilo que conseguimos acreditar que defende a vida social e individual, não há entre seres humanos nada mais verdadeiro do que a alteridade, pois sem ela, não sabemos quem somos. Levamos para as pessoas e lugares nossas contradições e nossos desejos imperfeitos. Há muitas vezes que olhamos o passado e até percebemos que fizemos algo equivocado.

Quando estamos acreditando na acessibilidade, seja de música clássica ou de funk, estamos sim num intento colonizador de consciências isso é inegável, detestável, reprovável, mas é intento de alteridade. Calar-me sobre o que eu tenho ou possuo ou desfruto é tão autoritário quanto impô-lo.

Portanto, não somos bonzinhos! Até agora o que está provado é que o homem culto não deixa de ser bárbaro e o homem bárbaro não deixa de ser culto. Esta idealização populista aristocrática nos investe sentimentos toscos. É que explica uma pessoa rica, sofisticada e instalada numa cobertura de alto luxo comprar um CD de um grupo de cavalo marinho ou ir num escola de samba. Ou intelctualoides romantizar a vida da boémia e dos bares pés sujos. Heranças de um entendimento cultural de mitificar os pobres. E no final, suas empresas escorcham seus trabalhadores e os idealistas fingem-se pobres por beber cachaça de baixa qualidade na Dineylândia da pobreza!

A autonomia cultural, esforço pessoal, dialético e contraditório que só se realiza efetivamente em sociedade. Aqui o anarquismo grassa, ser nós mesmo, significa ser alerta, ter atenção em busca de autonomia em reflexão e ação em mutualidade. O apoio mútuo, nos protege um pouquinho de nossos autoritarismos. Ser críticos desse populismo e do fetiche da boa pobreza culta!

Estas reflexões estão em construção, são cruas, imediatas e nada reconfortantes, mas estão em movimento. Ainda que alertando sobre isso, sei que essas palavras mais se insurgirão contra meus torpes desejos do que ampará-los. Ainda bem!