Naquilo que se chamava 5a Série do 1o grau em 1978 estava eu fazendo minhas presepadas com um amigo na Escola Estadual Ribeiro Junqueira- leopoldina-MG.
A solução escolar foi primeiro dividir a turma em duas. Metade para as meninas, metade para os meninos. Tornou-se a única turma de toda a escola.
As regras eram, se as meninas se comportassem ganhariam pontos. Quietas eram premiadas. Se o lado dos meninos não fizesse silêncio e ordem perderiam pontos.
Obviamente que isso nada resolveu. Eu era agitadão! Não era agressivo, mas irrequieto! Será que eram os hormônios do capeta??
Os meninos perdiam todos os dias pontos e as meninas ganhavam orgulhosamente por seus silêncios cordatos e punitivos.
Como elas conseguem? Uma disputa lúdica dos infernos!
Os professores viam logo que os meninos iam ser todos reprovados! E perceberam que o problema não eram "os meninos", mas sim eu e meu amigo.
A solução do vigiar e punir Foucault iria por ela se interessar! Extirparam a mim e meu amigo. Nos colocaram na parede na primeira fila e eu na carteira de trás. Ilhados entre meninas de bocas cerradas túmbicas e creio que com um ar de sadismo pueril.
Aquela ilha não foi derrotada e mantínhamos a nossa ingenuidade contra a violência que éramos acometidos, com ou sem anuência dos pais, não sei dizer!? Mas os danos que provocávamos devem ter sido reduzidos.
Minha capacidade devastadora era enorme. Meu amigo nem tão irrequieto era, mas a minha lupa da éṕoca era de um pequeno diabo para dizer algo justo sobre meu amigo. Que se manteve um conquistador a vida toda até decidir se casar aos 40 anos.
Pedurou assim na 5a, 6a e 7a série a sala dividida e nós ilhados entre as múmias fabricadas. Enquanto as outras turmas os meninos tinham diálogos com suas colegas, aquela divisão e subdivisão em busca de paz no nosso caso atrasou essas amizades.
Essa é a tal educação boa do Brasil do final da década de 1970, para poucos, ricos e remediados. O que passava pela minha cabeça?
Um puta status de ser visto, ungido, selecionado, notado....de ser um CAPETA!!!
PS: pobres meninas, sendo educadas a excluir, separar e colaborar com a violência em busca de nosso silêncio. Vítimas às avessas de uma educação escrota.