sexta-feira, 1 de dezembro de 2017

Educação e anarquismo no Brasil



Educação e anarquismo no Brasil e uma história é o capítulo que escrevi apagada faz parte de uma coletânea intitulada História da Educação Brasileira: Um Olhar Didático Ilustrado Com Charges (2017). organizada por Arilda Inês Miranda Ribeiro, Vagner Matias Do Prado, Jorge Luís Mazzeo Marian

Neste artigo eu discorro sobre algo melhor estudado por historiadores que percebem e localizam o papel dos anarquista na História da Educação nacional que foi apagada por pesquisadores da área. Um pouco por serem marxistas e um pouco porque a história da educação brasileira é muito recente e prefere não ir tão longe para ver as contribuições modernas que antecederam muito Paulo Freire no que tange a um escopo da pedagogia da autonomia, porém anti-estatal e radicalmente crítica.

A História também é um campo de disputa da narrativa...normal!


Sinopse

O presente livro é resultado de uma construção coletiva que objetivou elaborar um material de apoio didático capaz de possibilitar um primeiro contato com os diferentes períodos da História da Educação no Brasil. Os textos que o compõem, em sua maior parte, foram escritos por estudantes da disciplina História da Educação no Brasil, do Programa de Pós-Graduação em Educação da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho", câmpus de Presidente Prudente-SP.
O grupo optou pela utilização de charges que pudessem ilustrar, de forma cômica e crítica, o pensamento educacional implementado em território nacional, seu desenvolvimento e suas contradições no que se refere à formação do povo brasileiro.Pensamos que os textos poderiam ser adotados como material didático em cursos introdutórios de História da Educação Brasileira, em nível de graduação, todavia todos os textos direcionam os leitores e as leitoras a referências científicas da área, não substituindo o contato com os autores e as autoras clássicas.O livro é composto por 12 textos.
A partir de sua leitura, os/as estudantes poderão ter uma visão geral de alguns dos principais períodos propositores de reformas educacionais, bem como das implicações socioculturais sobre o processo de escolarização no Brasil.Esperamos que os textos contidos na coletânea possam contribuir para reflexões sobre os diferentes períodos da história da educação no Brasil, de sorte a subsidiar novas iniciativas que problematizem os impactos históricos, sociais, culturais e políticos referentes ao sistema de ensino no processo de formação dos sujeitos que a ele são submetidos.



quinta-feira, 30 de novembro de 2017

Reforma ensino médio e golpe na juventude


Logo que a reforma do ensino médio foi exposta ao público eu me assustei com a adesão dos jovens e de pais.

Numa recente pesquisa da Fundação Abramo sobre como pensam os eleitores da periferia de São Paulo há um dado interessantes que algumas décadas não seria assim interpretada: as pessoas da periferia acreditam que através da educação pode ocorrer o progresso.

Em decorrência dos anos de valorização da educação com FHC, Lula e Dilma  generalizou e a ideia de educação como progresso que agora está bem enraizada. Saber qual educação, como e para quem é que ainda é confuso.

Quando leio  a Reforma do Ensino Médio, ela não parece sequer um remendo, mas a ideia que se vende é de adequá-la a ao interesse de futuro dos jovens e de seus pais.

Creio em algumas coisas de senso comum favoreceu aceitarem de bom grado isso, a saber:


  • Na escola se aprende muito pouco do que seria útil e necessário;
  • Na escola se aprendem coisas desnecessárias;
  • A escola não prepara a pessoa para sua carreira;
  • A escola do passado que era boa com seu rigor, cobrança e reprovação.
Essas ideias estão tão arraigadas e tão falsamente justificadas, mas a mídia e reformistas se colocaram muito bem ao comparar nosso sistema educacional com o da Finlândia. O nosso sistema passou de excludente a includente em 20 anos se entendermos o número de matrículas e a população em idade escolar. A classe rica e média é obrigada a seguir um currículo comum regido pelas leis federais, não fosse isso, fariam o que bem queriam.

Não houve respeito ao desejo de reforma que já vinha ocorrendo por entidades e especialistas, lançaram as medidas  com forte ideologia da praticidade e modernidade ao ter como pano de fundo a educação da Finlândia. O fato é que servirá muito bem para a escolas privadas que são mais dinâmicas nas adequações do que as públicas.

Os destinos dessa reforma são incertos, para além das críticas pedagógicas e ideológicas há nesse contexto de golpe a incapacidade de financiamento de adequação das escolas públicas estaduais ao que se pede. Cito algumas desses aspectos:

  • Governos Estaduais em cidades médias não conseguirão realizar a segmentação nas 5 modalidades de formação;
  • As cidades pequenas terão que criar redes para abrigar as 5 modalidades de formação, implicando em transporte e outras difculdades;
  • Jovens do ensino médio noturno perderão suas vagas;
  • Jovens trabalhadores deixarão a escolas por dificuldade da carga de 7 horas diária.
  • Não há recursos nos estados para montar laboratórios, bibliotecas e aulas práticas das 5 modalidades.
Esses são alguns dos eixos que não sendo cuidados e tratados deixarão muitos jovens fora do ensino médio ou fazendo o antigo ensino médio com nome de novo. A precarização das aulas, sua inutilidade e pouco impulso para uma educação superior fará com que os jovens com interesse em seguir cursos universitários recorram a outras estratégias, uma delas ingressar no ensino privado.

Os maiores prejudicados serão os estudantes pobres e de baixa renda que precisam de maior apoio e de maior atenção. A intenção parece ser dizimar os jovens da condição de concorrência às vagas em ensino superior de qualidade e remeter o máximo deles para empregos mal remunerados.



quinta-feira, 16 de novembro de 2017

A geografia quando não mata ... fere as mulheres!






Considerações ao livro de Colin Ward "The child in the City."


Criança eu me enraivecia com mocinhas de filmes, sempre caindo, errando, deixando se irem qual criancinhas tolas para as mãos dos vilões... atrapalhavam os mocinhos.... desejava que não tivessem filmes com aquelas chatas e tapadas.... se eu fosse representado como entrave... o que eu sentiria!? (autor)

Colin Ward escreveu muitos livros de cunho anarquista sobre o espaço e a educação. Uma de suas obras importante para visitarmos é “The child in the City” "A criança na cidade". Os geógrafos são sempre acometidos de grandes temas, nem sempre a educação ocupa esse panteão. Não, não são os geógrafos mais machistas que os demais cientistas. Nem as ciências moles são menos que a duras.

Eu sempre procuro entender por que a educação espacial das mulheres também é um componente da formação machista, junto com a divisão social do trabalho e até a obliteração da descoberta esqueleto motora dos bebês (Emmi Pikler 1902-1984)[i] com maior prejuízo para as meninas que se juntam ao rol do currículo social prematuro do lugar que a mulher é empurrada estar.

Ward foi mais longe num dos capítulos de seu livro “The girl in the background” que prefiro traduzir  como “A menina em segundo plano” e discorre como as meninas, as jovens e as mulheres estão em segundo plano e são vitimas de um silêncio em tudo a que se refere a educação, uso do espaço, literatura, rituais de autodescoberta e que tais silêncios só são quebrados na cabeça masculina quando as mulheres sem encontram em problemas.

O autor reitera que quando se pensa em cidade é comum a invisibilidade das mulheres, isso, mesmo sendo um escrito antigo e de outra sociedade pode ser percebido ainda hoje no Brasil, ou seja, persiste! Ward extrai um discurso de Eileen Byrne[ii] da Comissão Britânica de Igualdade de Oportunidades proferido no início da década de 1980, aqui traduzido:

Eu sou céptica quando chegam com esse discurso das aclamadas diferenças inatas entre meninos e meninas. Eu creio que 98% disso decorre do condicionamento social. Talvez eu esteja enganada, mas muito dessas diferenças de suas destrezas verbais e espaciais advém do fato que seus professores reforçam isso. (WARD, 1978, 1990, p. 131).

               Ward segue dizendo que muito da educação dos garotos para explorarem a extensão espacial seria de bom senso oferecer às garotas e também acabar com essa coisa de jogos de meninos (físicos e amplos) e de meninas (contemplativos e meticulosos). E de certo modo a preocupação apontada não é com a qualidade de aprendizado espacial, mas muito mais a que se refere à quantidade dessas experiências espaciais para as meninas.

               Na época desses escritos Ward também se preocupava com crianças que vinham de outras culturas e que as restrições religiosas e culturais eram severamente impostas às meninas na exploração e experiências espaciais que iam muito além das observadas com as nativas da Inglaterra. Hoje estaríamos deparando com problemas da escola sem partido e contra a educação de igualdade de gêneros quais refutam ações com meninas e meninos segundo suas religiões.

                Outros dados trazidos por Ward afirmam que as meninas e meninos entre 8 e 11 anos já trabalham em atividades domesticas numa proporção de 8 minutos para elas e 5 para eles, ou seja 3 minutos a mais para elas e quanto mais avança a idade maior é o tempo gasto por elas em trabalhos domésticos do que para os meninos. Por fim, as mulheres adultas se constrangem nas ruas por uma reminiscência de seu passado infantil de cerceamentos de exercer sua territorialização. E podemos adicionar para o Brasil escravocrata e machista que agudizam a desterritorialização da mulher que não somente tem restrições espaciais como de tempo. A mulher não pode estar onde quer, como quer, quando quer sem se precaver das ameaças concretas à sua liberdade e integridade emocional, moral e física.

                Na Inglaterra há algumas restrições a cercear as mulheres em locais públicos sendo passível de processo e penalidades o ato de “to scare someone” à grossa tradução seria: “fuzilar com os olhos uma mulher” ou “criar desconforto pelo olhar fixo”.

                Na escola, no trabalho, nas ruas, nos locais de frequência social pública ou privada a mulher tem a castração espacial e sua desterritorialização sistematicamente empurrada ou determinando como e o que ela deve fazer, mas não o que ela deseja.

Se vc mulher estiver numa rua deserta e vc ouvir passos vindos de trás, vc prefere que seja um homem ou o diabo?
               
  Triste saber que a resposta é óbvia!

                Claro que esses saberes as mulheres já os possuem de longa data, por serem vítimas constantes. Há feminismos diversos que tentam dar conta dessas imposições e nos últimos tempos está bem longe sentir-me o mais habilitado e legitimado a tratar dessas coisas. Poderia estender a espacialidade castradora dos negros, outras minorias, suas exclusões e desterritorializações, mas creio que é na misoginia espacial que muitas questões podem começar e provocar a dessexualização do espaço que tem muito mais a contribuir com a luta por dignidade e respeito às mulheres que se imagina.

        A cidade para Ward é inadequada para as crianças aprenderem, é hostil, limitante e sem adaptação e que uma cidade educativa deve ter alto teor de acessibilidade, mas ele nos traz para uma realidade brutal no que tange às meninas que precisam de estímulos concretos que favoreçam isso na construção dessa urbanidade ruralidade também anti-sexista!

           Em sua conclusão, Ward não acredita que a educação para a igualdade em si é um avanço para as mulheres, pois muitas veze o que prevalece é uma paridade na agressividade que as meninas adquirem com os meninos. Sendo o triunfo da agressividade masculina e não a liberdade das mulheres. Completa que a liberdade  das mulheres da passividade e da docilidade implicaria em também na liberação dos meninos da pressão de ser um predador.

        Ultimamente, para não ser confundido com o diabo... o que devemos fazer e nos auto-desterritorializar e respeitar a zona de segurança e trânsito das mulheres.
                
Queridos amigos homens... mudem de calçada!





[i] Emmi Pikler (1902-1984) cujo seus alertas preconizam que  o adulto tem a tarefa de criar uma relação de confiança e interação com o bebê durante os principais cuidados (banho, troca de fraldas, alimentação). Outra inquietação é que o espaço deverá ser  organizado para que o bebê possa se movimentar com mais liberdade desde muito cedo, defendendo isso proporcionar maior autonomia (a criança conquista cada posição por si mesma na medida em que é capaz de manter sua postura) e melhor desenvolvimento motor.

[ii] Professora de Educação (estudos Políticos) da Universidade de Queensland, Austrália. Foi Deputada Chefe do da Educação da Inglaterra e primeira Responsável pelo Escritório da Comissão de Igualdade de Oportunidades Britânico  e por três anos consultora da UNESCO sobre igualdade entre sexos  e treinamento  educação vocacional de de jovens.

quarta-feira, 8 de novembro de 2017

Educação indígena é anarquista!?



Sobre o artigo: Reflexões de uma antropóloga e mãe: 'O que aprendi com índios sobre educação infantil'
Mônica VasconcelosDa BBC Brasil em Londres

Há sempre um desejo de ver no primitivismo alguma sabedoria e há. Este artigo feito a partir da experiência de uma antropóloga que levou seu filho em uma viagem em tribos indígenas pode oferecer algumas reflexões.

A educação indígena nesses locais visitados pode ser considerada constelar? O que eu considero constelar pode ser entendido como holística, orgânica ou comunitária num sentido que não há nenhuma das atividades realizadas pelos adultos que excluam totalmente as crianças ao contrário, são inerentes a elas.

Na Escola Paideia em Mérida (Espanha) onde a pedagogia anarquista é assumida há sempre em pauta que os ambientes não devem amedrontar, que a criança é informada dos riscos, assim, aparelhada para saber até onde irá, sendo todos educados processualmente a não recear os espaços e seus perigos para começar sua auto regulação, os maiores são tutores dos menores e o medo não é propalado.

Colin Ward (1924 –2010) nos seus livros A criança e a cidade (The Child in the City -1978) e A criança e o campo (The Child in the Country -1988) examina todos os espaços de vida das crianças e como elas mediavam, negociavam e rearticulavam os vários ambientes que habitavam. Nesses primeiro livro mais famoso, Ward considera a criatividade das crianças e sua especificidade única e como elas cuidam desses espaços através da arte da dinâmica urbana, argumentando que através de brincadeiras, apropriações e imaginação a criança contrapõe-se às intenções adultas em bases para construir seus próprios ambientes. Na obra “A criança e o Campo” inspirada em cientistas sociais com o geógrafo Chris Filo (1992) chama atenção sobre como as necessidades espaciais das crianças são escondidas e marginalizadas na sociedade.

Ward, Paideia e se recuarmos ao Emílio de Rousseau, ambos falam de uma necessidade, disponibilidade ou intencionalidade dessas crianças percorrerem os espaços, conhecerem seus perigos, mas não o amedrontamento, há até os teóricos da cidade educativa em qual as crianças não se localizam numa escola, mas todos os ambientes são salas de aula.

Essas crianças que pulam no rio e são capazes de virar um barco, salvar outras e participarem da caça, das festas, das ações em que estão envolvidas pode ser uma reflexão. Nesse mundo complexo de casas distantes de escolas, muitos obstáculos e imposições do mundo adulto, uma criança não está com o pai fazendo um projeto de arquitetura nem com a mãe médica ou gari formal. A criança que mais se adequa à lógica da cidade são as moradoras ou em situação de rua, algumas rurais pequenas. Nas grandes cidades esse viver é resolvido pelos ricos em condomínios fechados.
Seja como for, está posta a reflexão!


Os passos para isso são longos....são dados quando se começar a perceber que em uma sociedade moderna estamos apartando a infância da vida e em querendo melhorar a relação, irmandade, senso de coletividade e criar uma cidade acolhedora depende de refletir em que isso melhora nossa humanidade.

sexta-feira, 3 de novembro de 2017

100% do que vc aprende na escola é inútil!!!



Esta é uma das frases mais deliciosas de se falar: “Na escola não se aprende nada!” Esta frase covarde é que animou adolescentes e pais gostarem da páleo-da reforma do ensino médio empurrada por Temer. Dessa, já sabemos que é só ampliação do mercado sobre a educação pública, então esqueça a teoria das reformas necessárias, pois essas não estão em pauta.

Em recente matéria publicada pela BBC intitulada: “80% do que se aprende nas aulas de matemática não serve para nada”. Nesta matéria que entrevistam o físico Conrad Wolfram, da Estônia que aceitou suas propostas de ensino de matemática, criando uma situação que afasta a educação em matemática dos cálculos à mão.


Neste blog sabem alguns que sigo pelo caminho da Educação não Obrigatória e que qualquer educação imposta está fadada ao fracasso pessoal e sucesso do sistema. Os que suportam e superam servirão ao sistema ou sofrerão o combatendo, mas aceitando o sistema. Os que não superam, acabam se sentindo um trapo e fogem do combate.

A paleo-reforma do ensino médio do Brasil é paleo porque algo semelhante já foi tentado no passado no pais e malogrado. Este ensino vindo da LDB de 96 com todos os defeitos da educação como, vinha seguindo o caminho para avanços, lentos, mas avançava democraticamente.

A mudança veio inspirada e discussões de especialistas, mas empurrada pela mídia e marqueteiros do ensino privado quando superdimensionaram a educação da Finlândia, retirando dela toda sua história, lutas e empenhos concetos que aqui sabemos será uma caricatura.

Lendo a matéria acima com Wolfran vc perceberá que no fundo da discussão há a educação como obrigatória como problema e mesmo se ele mudar para o que ele acha mais útil, mas for obrigatório e não um desejo pessoal do estudante, tudo permanecerá do mesmo modo.

Duas coisas me cansa nos especialistas em educação de esquerda de direita e de beirada, filósofos da educação e educadores em geral, persistirem na educação obrigatória, carga horária em sala de aula e currículo mínimo, básico ou tronco comum. Isso acabou dando em escola sem partido.

No entanto, não adianta romper com essa religião da educação obrigatória. Insistem em colocar todo mundo, ao mesmo tempo, no mesmo lugar, no mesmo ritmo, na mesma reflexão, no mesmo parâmetro e criar uma régua para esses seres de luz, a avaliação, para caminharem progressivamente para obscurantismos de suas almas.

Carga horária.....e conhecimento.....chegam a sofrer horas discutindo isso!


quinta-feira, 26 de outubro de 2017

As raízes do anarquismo e a Geografia: em sentido à emancipação espacial.




Tradução precária: eu

SPRINGER, Simon. As raízes do anarquismo e a Geografia: em sentido à emancipação espacial.


Por John Clark*

Os leitores que desejarem descobrir evidências do anarquismo na Geografia precisam saber que elas estão vivas e passam bem se lerem este livro. O autor, Simon Springer, é um dos mais ativos intelectuais anarquistas de nossos dias. Em 2016, Springer escreveu dois livros e editou 5 outros além de vários artigos, alguns técnicos, tematizados na perspectiva anarquista e profundamente preocupado com as lutas contemporâneas.

            A vivaz polêmica “Foda-se o Neo-liberalismo” teve mais de 50.000 acessos nas redes sociais.
O subtítulo é uma boa indicação de sua proposta. Ele trata de um projeto de libertação da humanidade e da natureza de todas as formas de dominação. Com grande paixão e eloquência, Springer conclama a uma volta às raízes geografia radical e aos conceitos anarquistas de engajamento social e político.  Através dessa geografia da autonomia e da solidariedade, “configura-se o desejo por uma política radical que seja capaz de conquistar o impossível”.

            Springer discorre que o anarquismo como tema contemporâneo tal como a biopolítica e a teoria  do rizoma , mas também olha para trás retomando os pensadores anarquistas clássicos, mostrando suas teses cabais contra a hierarquia e dominação. Há uma dedicação e reconhecimento da importância de um grande intelectual, filósofo, político e geógrafo do séc XIX, Elisée Reclus.

            Springer se inspira em Reclus no que tange ao anarquismo comunitário e o projeto de uma geografia universal, de fato uma geografia solidária, qual comparável com o Budismo e Daoismo que interconecta todas as coisas.

            Ele também segue Reclus unindo a estética e a ética, proclamando que “estamos prontos para a beleza”. Para Springer, a utopia não é um ideal distante, mas presente no aqui agora. Ele faz eco as palavras de Reclus acreditando que é crucial uma sociedade amorosa e inteligente para ocorrer uma profunda transformação social, prefigurando assim a ideia anarquista de grupos de afinidade como base da sociedade livre.
            Springer explica que a ética da não violência é o cerne do anarquismo e ainda observa que a oposição ao Estado é baseada na rejeição da violência organizada exigindo maior força de organização com a sociedade já que o anarquismo tem compromisso inabalável pela não-violência e de absoluta condenação da guerra. Deste modo, ele se filia à tradição anarquista-pacifista que tem seus fundamentos em Tolstoy, Thoreau e Doroty Day.

            Isto também se aplica a suas críticas à dominação colonial, investindo também contra o Estado centralizador implantando como base de poder desde o início do processo de expansão (conquista) colonial.

            Springer escreve que “o pós colonialismo” em qualquer sentido requer um pós-Estatismo ou anárquico que tenha um olhar em tradição inspirada no não-estatal. Nós devemos ir contra a alienação e contra a opressão do povo através da saber tradicional e revoluções contemporâneas pragmáticas como as indígenas do Zapatismo que possuem profundo entendimento histórico e de experiência baseada no conhecimento da destruição provocada pelo capitalismo e pelo Estado Centralizados.

            Finalmente, Springer faz críticas ao urbanismo naquilo que observa estar profundamente infectado pela ideologia hierárquica enviesada com o poder central e com modelos de especulação urbana. Na leitura anarquista da urbanidade “os valores incorporados no espaço público são aqueles definidos pela a democracia”.

O espaço público advém do espaço de auto determinação através de comunidades livres. Springer constrata “o espaço Disneylandia do capitalismo neo-liberal extraído de sua especificidade geográfica com espaço de não-domínio da comunidade anarquista.

            Conclui suas observações com o pensamento de esperança que os lugares irão se libertar, nos quais surgirão novas possibilidades para a realização do bem, da bondade, liberdade e da criatividade que estarão sempre presentes e prontas para emergir. Nós necessitamos de políticas de possibilidades, vivendo um despertar, com engajamento na vida dos lugares que nós próprios tenhamos como horizonte.

Springer é otimista sobre essas políticas por dois motivos. O primeiro decorre de uma longa e rica história de realizações com possibilidades criativas vindas desde as sociedades tribais  e das grandes revoluções até as experiências comunitárias atuais.. O secundo motivo vem da emergência de possibilidades inerentes à verdadeira estrutura da realidade.

Nós vivemos num universo de liberdade e de criatividade. Nós devemos sempre falar que temos em nossa natureza a liberdade e criatividade própria.


*John Clark vive em Nova Orleans e em Bayou la Terre na costa florestal do Golfo do México. Ele tem longa história de ativismo na Ecologia radical e nos movimentos de anarquismo comunitário e presente nas lutas de resistência com Bayou Bridge Pipeline. Diretor do Instituto Terra para a Comunidade e Ecologia.




sexta-feira, 13 de outubro de 2017

Pedagogia do Crime: São burros e não conseguem aprender...AK47 neles!


Em matéria da BBC sobre evasão escolar e violência no Brasil, veja que constatação extraída de pesquisa sobre jovens que entraram para o crime:

Entre os que cumpriam pena, todos, sem exceção, tinham largado a escola entre 11 e 12 anos. E citavam motivos banais: são "burros" e não conseguem aprender, a escola é "chata", o sapato furado era motivo de chacota. Os colegas de infância continuavam estudando.
Pesquisa identifica evasão escolar na raiz da violência extrema no Brasil Thiago Guimarães - @thiaguima
Na escola do crime não tem evasão, não tem reprovação, não tem coisa chata. Ela é dinâmica e operacional. O currículo não é oculto. É explicito. Os objetivos são claros e o método é coerente com conteúdo e prática, não divergem, confluem-se para o mesmo lugar. 

A pedagogia do crime é bem parecida com a pedagogia prática capitalista, a vantagem é que não seguem planos pedagógicos alienígenas e filosofoides, inventados para a ingenuidade política e descompromisso com os envolvidos. 

O salário do professor tem intima relação com o progresso dos alunos e vice-versa! Não há indisciplina ou é resolvida rapidamente!

Educação do transito é barricada!
Justiça social é distribuição de presentes!
Notas são de dinheiro!
recebe-se por produtividade!
Plano de saúde é caixão!
Não a repetição de ano
e o melhor castigo pode durar de alguns meses ou por muitos anos!

Trocando algumas palavras é o construtivismo aplicado integralmente e quem não consegue construir está fora do mercado e não há reciclagem!



Outras coisas...os professores depositam confiança, instrumentos e funções objetivas a uma finalidade. 



A pedagogia da violência é efetiva, não por ser violenta e gerar violentas pessoas, mas por ter um currículo adaptado, metas claras e respaldo de todos envolvidos e intensamente integrada ao objetivo final. A avaliação é continuada e o estudante sabe os critérios precisos dela.



Todos os elementos para a formação não são negados. o aluno tem acesso a tudo e imediatamente aplique seus conhecimentos e instrumentos! Não é um devir!



Assim, a pedagogia da paz, não a da alienação, tendo a mesma autonomia pedagógica do crime, pode criar um resultado oposto:



Pessoas democráticas
Tolerantes
respeitosas
honestas
altruístas
criativas
objetivas
humanas
e prolongam uma vida bem vivida
e desarmadas!

Ler matéria em:
http://www.bbc.com/portuguese/brasil-40006165