De Geógrafo medíocre a um palhaço suportável
Completa em 2019 10 anos que tive a oportunidade de escrever uma tese
sobre ensino de Geografia e pedagogia anarquista. Não falo que é minha tese,
pois é uma obra totalmente pertencente a outros. De qualquer modo eu entrei no
doutorado para mudar os outros e eu é que acabei sendo mudando.
Eu seria um professor medíocre em alguma universidade do Brasil, afinal,
esse era meu objetivo. O processo de doutoramento foi o mais feliz da minha
vida. Eliseu Sposito aceitou-me, mas não havia nada de proeminente em mim que o
desse alguma certeza. O mestrado foi um mal enjambrado de Geografia da Saúde
com Geografia do Trabalho que não teve repercussão na Geografia em geral do
Brasil.
Hj fico feliz de que geógrafos fiquem atentos aos agrotóxicos, pois fiz
muitas comunicações nos congressos de geografia para duas pessoas e houve uma
que nenhuma, embora esse trabalho de anos de pesquisa tenha sido utilizado para
a ANVISA realizar capacitações de riscos. Este reconhecimento da ANVISA no
governo FHC é o que me deixa mais
aliviado sobre a pertinência de meu empenho no mestrado orientado por Edvânia
Torres na UFPE e Paulo Adissi da UFPB.
http://www2.fct.unesp.br/pos/geo/dis_teses/09/antoniosobreira.pdf
http://www2.fct.unesp.br/pos/geo/dis_teses/09/antoniosobreira.pdf
Já este doutoramento era inicialmente sobre pensamento geográfico e
educação geográfica com intuito de me formar professor formador de professores.
Também eu sabia do status do pensamento geográfico e achava que a geografia
radical precisava de algum dizer meu a partir de práticas educacionais pífias
que achei serem como boas.
Minha prática educacional só me ensinou uma coisa aproveitável: “os
estudantes querem mais de vc amizade do que conhecimento, querem mais respeito
do que notas”! Bem, ao menos para aquelas pessoas que sabem que notas e
conhecimento não mudam nem suas práticas nem o caráter e não exclusivamente através educação formal se fariam essas mudanças!
Ultima Caminhada pela democracia com Haddad - João Pessoa |
Eu não sabia de nada disso, quando me despertei para a pedagogia
anarquista o primeiro pensamento que eu quis desse doutoramento era que esta não servisse para nenhum plano educacional. Ela tinha que ser intragável para geógrafos, educadores e planejadores educacionais. Eu mal sabia o que
eu ia escrever, mas já desejava que não prestasse serviço ao Estado e a pensadores corretos.
Quando se escreve uma tese por amor aos professores com o pressuposto de
que eles devem ser mais felizes do que educadores e só assim serão educadores
de fato, não pelo conhecimento, mas pela emoção e que ao final, ensinar
Geografia ou qualquer outro conteúdo escolar era um erro, dava-se a entender que
eu era a favor do fim da Geografia nos currículos e ao desemprego em massa de
professores de Geografia e outros. Temer acabou cuidando um pouco disso, mas
por razões bem diferentes das minhas.
Não era isso, mas era isso sim! Passado 10 anos tenho certeza que a tese
só se convalidou por que eu mudei de um potencial professor medíocre, pouco
dado a formalidades, para um produtor cultural de sucesso e um palhaço
suportável.
Desde 2009, quando migrei para ser co-gestor do Ponto de Cultura
Prudente em Cena até os dias atuais, somando todos os projetos que escrevi e
co-gestei a maioria entre associações, setor privado e público consegui
participar diretamente da viabilização de aproximadamente 2 milhões de Reais destinados
à economia da cultura.
Video Circo Da Vinci e Festival 11 anos Rosa dos Ventos: http://vimeo.com/23723104
Video Circo Da Vinci e Festival 11 anos Rosa dos Ventos: http://vimeo.com/23723104
Não gosto mais de sala de aula, pesquisa educacional, fazer a mim intelectual
e figurar na academia como um clero e seus relatórios de bolsa, de Lattes e
quaisquer das obrigações da fábrica de papers
que se tornou a pesquisa mundial.
1a apresentação do Palhaço Aperreio em João Pessoa no Castelo de História |
Como acadêmico em geografia eu era até escutado, havia até que achasse
que eu ia ser alguma coisa. O anti-intelectualismo e aversão à vaidade
acadêmica para sobreviver neste ambiente era muito insincero. Palhaço Fezes ou
Palhaço Aperreio é quando me sinto mais sincero e efetivo de mim. Posso ser
todos meus defeitos.
Circo Teatro Rosa dos Ventos - Palhaço Espigão, Dez p Sete, Beterraba, Fezes e Custipiu del Pinote |
Circo Teatro Rosa dos Ventos - Palhaço Espigão, Beterraba, Fezes e Custipiu del Pinote |
O nome de palhaço Aperreio veio em substituição ao palhaço Fezes. Fiz
esse rebatizado em 2014, pois combinava com meu perfil e era menos agressivo.
Não faço rir, não agrado crianças, não pago de Clow, sou tão anti-escola
quanto anti-clow bonzinho e poético. Portanto, sou um palhaço invendável para
festas e animações. Em verdade, sou um esforço de insuportabilidade continua.
Não xingo clow, mas prefiro distância dessa bondadezinha.
Há alguém ainda que me respeite como proto intelectual, mas queira me
ver irascível quando um douto começa a receitar livros úteis como bulas de
remédio e achando fazer o maior bem do mundo.
Não consigo ler mais nada de Geografia, não por que deixou de prestar,
mas porque minha integridade de pensamento não cabe mais. Creio que há pessoas
mais sinceras e qualificadas para fazê-lo sem sentir que se está auto
torturando como me sentia.
Esses 10 anos de titulação fez a minha mudança, que até foi percebida
com desagrado por alguns pares acadêmicos como se eu desdenhasse a grana
pública que a mim foi destinada para me tornar uma pessoa titulada.
Hoje quando vejo as pessoas apavoradas com os estudos de mestrado e
doutorado e acho engraçado, santifica-se a pós graduação antes de entrar e depois
a sataniza-se quando se exige o óbvio desse ambiente.
Durante o doutorado eu fui buscar a arte e a cultura, a dança, a boemia,
a juventude, liberdade e crescimento diferente do acadêmico. Amei mais, ou
achei que amei.
Eliseu quando teve a primeira conversa comigo disse que meu projeto
deveria ser também de vida e não somente intelectual. Ele respeitou a todas
decisões com certo prazer de ver a minha loucura transparente.
Tive recaídas acadêmicas quando resolvi fazer concurso para a UEPB, qual
passei por ter título de doutor, mas o terceiro candidato iria fazer melhor
trabalho. Eu precisava viver isso novamente para saber que não há o que fazer
para graduações por título. Sou mais adequado aos desgraduados de coração.
Apenas lembrando, todos amigos de militância estudantil mais aguerridos
tão repudiada na época e hoje, são professores, diretores de escola, doutores,
mestres e alguns reitores, coordenadores e com atuação que seus professores
coxinhas e hiper acadêmicos se envergonhariam tê-los prejudicados.
Voltando a essa comemoração de 10 anos de liberdade da vida acadêmica e
da produção intelectual. Eu sei vez por outra que alguém se interessa por essa
tese que escrevi. Há até quem ache que sou anarquista. A prática da tese ocorreu no Ponto de Cultura Prudente em Cena, na Escola Viva Olho do Tempo.
Capa de Informativo com atividades do Ponto de Cultura Prudente em Cena da Federação Prudentina de Teatro atual Galpão Cultural da Lua |
Aula de campo Rio Gramame com crianças da Escola Viva Olho do Tempo |
Aula de campo Rio Gramame com crianças fazendo stop motion da Escola Viva Olho do Tempo |
Educação por Projeto Feira de Trocas de Guarabira da UEPB |
Sinto-me feliz tocando flauta, clarinete ou dançando em algum canto.
Sinto feliz de palhaçar e aperrear as crianças! Sinto-me feliz de escrever
projetos e quando são aprovados, fico feliz em ver os recursos serem utilizados e depois as
contas fecharem e seguir em frente.
A nova fase é esta da empresa que criei Forme Cultura Cursos que é mais
uma projeções de sonhos que foram construídos desde 2009.
Com este texto comemoro 10 anos passados de uma nova aventura que não
parou de acontecer em minha vida, com amores, dissabores, amizade e luta.
Grato