Nunca gostei da designação "meia-entrada" e sempre optei pelo ingresso estudantil. Por trás da palavra "meia" se reduz a figura, razão e importância de estudantes terem acesso ao ingresso em valor inferior aos de não estudantes.
Em 2018 eram 48,45 milhões de estudantes no Brasil com acesso à entrada estudantil. Se partirmos de um pressuposto de que em média esses gastassem em um ano todo apenas R$1,00 já seriam responsáveis por R$40 milhões injetados na economia da cultura.
Sabemos, no entanto, que estudantes pró-ativos em cultura não são a totalidade e sem dados precisamos partir de um número aquém da realidade e designar que ao menos 1 milhão de estudantes gaste R$10,00 por mês em consumo cultural em Cinema, Shows e teatro. Só isso seria em 1 ano uma injeção de capital na economia de R$120 milhões.
Ao meio desses valores há impostos e encargos importantes para governos e bem que sem a presença de jovens nesses lugares os eventos seriam esvaziados e haveria queda de consumo de bebida e alimentos de transportes e aquisição de roupas seriam menos intensos.
Os artistas e eventos com apelo juvenil seriam esvaziados ou desapareceriam, algumas salas de cinema reduziriam as temporadas e sessões dos filmes comerciais.
Para cidades maiores de 3 milhões de habitantes e com renda média mais alta isso não seria um impacto tão relevante como em cidades pequenas e médias.
Resulta que ao combater a entrada estudantil, empresários acreditam que seus produtos são tão atraentes que os jovens irão migrar totalmente para o valor maior.
Empresários erram! Talvez eles consigam apenas acolher 30% desse público anterior, assim, perderão lucratividade numa aposta que acreditavam ser um mercado e consumos garantidos.
Perdem artistas, empresários, governos e famílias e vence um discurso de visão reducionista da economia da cultura e cadeia produtiva envolvida.
Mirem-se nos exemplos das Companhias aéreas que estão perdendo passageiros, empresas saindo do setor no Brasil e serviços ficando mais caros, como menos horários por terem apostado que consumidores material seu comportamento após tantas mudanças sobre bagagens e valor milhagens.
Empresários também perdem em divulgação espontânea de seus produtos, já que menos consumidores estimulados o impacto da divulgação boca a boca e na família exigirá uma publicidade mais intensa e as conexões de consumo vinculadas aos produtos culturais não permanecerão como no atual modelo.
Exemplos de decisões idiotas não faltam. Governo acaba perdendo politicamente, educacionalmente, na formação de consumidores qualitativamente estimulados e pais reduzem seus consumos para garantir a dos filhos.