domingo, 8 de novembro de 2020

A pedagogia anarquista salvaria estudantes em 2020, mas seria uma ida sem volta!

 





A pedagogia anarquista não foi criada para criar anarquistas, mas foi criada para oferecer a resistência contra o autoritarismo.


Não foi feita apenas para libertar a mente e favorecer as condições de autonomia de aprendizagem, mas para criar um sujeito da própria consciência de um ser e sua intima relação com o coletivo.


Se a pedagogia é apenas anti autoritária ou apenas da autonomia do ser, não será anarquista por isso, mas por decisão do sujeito.


E por isso mesmo a pedagogia anarquista era e será  a unica coisa humanitária a ser oferecida aos estudantes num cenário de pandemia como a ocorrida em 2020.


Por que?


Porque os professores foram obrigados a transmutar a odiosa aprendizagem obrigatória para meios virtuais e plataformas de streamming. A traduzir aquela tragédia, pouca coisa se aproveita.


Nunca estudantes em idade tão tenra, pais empenhados ou não na educação de seus filhos, até graduandos perceberam a inutilidade de uma aula obrigatória.


Lutam, brigam, adaptam  e ao fim o estrago pedagógico e emocional a todos se evidenciou o que se sabe qualquer sincero filósofo da educação.


Ensino obrigatório, padrão em qualquer situação é uma violência contra a pessoa.


Perdemos nesse ano de 2020 a oportunidade de fazer o melhor.


Criamos uma tortura que gerou uma queda de humor, queda de aprendizagem e emparelhou a educação à nulidade completa.


Haverá sobreviventes, sempre há!


Os que perceberam que a educação obrigatória é uma farsa, jamais se recuperarão!

E a pedagogia anarquista, antiautoritária e da autonomia do sujeito sendo a mais humana, não foi a opção por quê?


Simples é a resposta. Se a pedagogia da autonomia do sujeito e antiautoritária fosse adotada, nenhum estabelecimento de ensino voltaria a ser o que é. Acabaria toda essa estrutura de condicionamento da educação.


Houve uma escola democrática e antiautoritária, pode ser uma anedota, que quando os pais tomaram consciência do que a escola fazia, preferiram retirar as crianças da escola por que lá nada se aprendia.


Se não é uma anedota, isso prova duas coisas: os pais querem que essas crianças virem adultos produtivos o mais rápido possível e que eles nunca sentaram para dialogar sobre a educação de seus filhos e filhas.


Não haverá pedagogia anarquista, mas deveria!



sexta-feira, 2 de outubro de 2020

Campanha Despejo Zero e as prostitutas de Barcelona

 

https://cientistasfeministas.wordpress.com/2018/12/04/as-mulheres-livres-ontem-e-hoje/

Soube que durante a Guerra Civil Espanhola que as mulheres militantes do anarquismo se colocavam a gritar diante de prostíbulos convocando elas abandonarem aquela condição e se incorporarem à luta antifascista. (confira https://ken.pucsp.br/verve/article/viewFile/5023/3565)


Sempre que se coloca na posição de olhar as pessoas em suas condições precárias de vida, quem se sensibiliza com a vulnerabilidade se arroga a responsabilidade de mudar essas situações. 


Esse comportamento pode ser de qualquer pessoa sensível.


A questão das anarquistas de Barcelona e os movimentos de esquerda não são movidos pela questão caritativa pura e desvinculada de mudanças estruturais da sociedade.


Caridade “caritas” é termo que significa em Latim a “afeto ou estima” e é derivado de outro termo “CARUS” que significava “agradável, querido”.


Atuar com populações em vulnerabilidade pode vir do afeto ou de ver os outros como queridos e ser agradável. Só que no campo político a caridade possui um peso de uma bondade que acolhe uma ausência.


As anarquistas de Barcelona não estavam querendo ou sendo agradáveis, inclusive, elas estavam brigando para as prostitutas sairem daquela condição por um intento de solidariedade.


Estou passando por esses estudos de palavras e a palavra solidariedade deriva de solidus do latim. Aquilo que se confia e que tem solidez.


Caritas e solidariedade se separa e se unem, fato é que se você é sólido você não está sendo agradável e a mudança precisa ser confiável, constante e permanente. Não há proveito próprio por causa de ter solidez e significa ir além das margens do ego e obtenção de louros.



A campanha Despejo Zero que foi lançada recentemente, tendo como seu paradigma enfrentar ações judiciais de despejo das populações vulneráveis dos lugares que ocupam em momento de Pandemia e pós-pandemia.


São progressistas, humanistas e esquerdistas que estão à frente desse movimento para defender essas populações. 


Infelizmente no momento de eleições muitas dessas populações vulneráveis estão escolhendo candidatos a vereança e a prefeitura que são candidatos que sempre foram favoráveis ao despejo e hiper valorização do solo urbano para especulação.


Então, como as anarquistas de Barcelona gritamos “Não votem em candidatos do despejo!!!”


Será que ouvirão!?




C"est La Vie

 



C"est La Vie (tradução)

Emerson, Lake And Palmer

The Very Best of Emerson, Lake & Palmer





É a vida

Será que as suas folhas todas já ficaram marrons?

Será que você vai espalhá-las a sua volta?

É a vida

Você ama?

E como vou saber?

Se você não deixa o seu amor transparecer prá mim

É a vida


Oh é a vida

Oh é a vida

Quem sabe quem se importa comigo?

É a vida


De noite

Você acende a chama de um amor?

Será que as cinzas do desejo por você, permanecem

Como o mar

Há um amor profundo demais pra ser revelado

Precisou de uma tempestade

Pra que meu amor chegasse (fluísse) a você

É a vida


Oh é a vida

Oh é a vida

Quem sabe quem se importa comigo?

É a vida


Como uma canção

Fora do tom e fora do tempo

Tudo o que precisávamos era uma rima prá você

É a vida

Você se entrega?

Você vive cada dia?

Se não houver canção eu posso tocar pra você

É a vida


Oh é a vida

Oh é a vida

Quem sabe quem se importa comigo?

É a vida



sábado, 22 de agosto de 2020

Eu morri na quarentena pandêmica

No início da quarentena eu pensei que morreria. Ainda sei que posso morrer. Temia gente próxima falecer e algumas faleceram. O discurso de arreganhamento do demônio me deu mais certeza do fim. Só caiu a ficha que eu poderia morrer, quando tive que ir na UPA de Cruz das Armas e no salão frontal de portas de vidro aquele espaço fazia a vez uma vitrine macabra da morte expondo dois pacientes todos envelopados de branco e se poderia bem afixar uma placa: “Nós que aqui estamos esperando por vós!” Eu fui morrendo na quarentena. Morri para alguns falsos valores. 

Despedi-me de mim algumas vezes. Estava dentro do Movimento de Trabalhadoras e Trabalhadores Por Direitos repleto de dilemas de higiene e cuidados, pois estávamos visitando comunidades vulneráveis. Descuidos com uso de máscaras, EPI’s mal utilizados, não utilizados ou inadequados e desinfeccionamentos precários.

 Passeei no centro de João Pessoa, num dia de semana, em hora que seria de pleno pico e me lembrava da imagem do Papa caminhando em Roma só. A cidade era um luto ou pré-luto evaziada de vida, de esperança. A rua era um esquife gigante. 

Sublimei todos esses aspectos horripilantes e decidi que não queria estar em outro lugar que não fosse perto daquelas pessoas que eu tentava cuidar nas franjas da Grande João Pessoa. Eu cuidava de mim. Estava e estou entendendo a despedida do mundo. No final, sempre estamos despedindo da vida, só que a pandemia e o demônio que nos atormenta desde 2015 deram mais sabor de fim inexorável e inevitável. 

Como saber que antes de você morrer narciseamente, morre o outro lado não egoico. Eis-me cá vivo, sempre morrendo, sempre sendo otimista e sempre morto dentro de mim. As consequências de ser um fantasma com corpo é que você pode agir como vivo. Só que as regras caíram. 

Estava em em março de 2020, dia sim dia não, indo nadar nas águas da praia do Bessa. Um dia uma caravela queimou minhas pernas e não morri. Um dia vi seres estranhos, era a corda de uma ancora. Um dia ouvi uma revoada de pássaros e antes de meu cu apertar cortando vergalhão era um cardume que saltava. Eu tenho muito medo dos seres marinhos desconhecidos. 



Enquanto eu morria afetivamente, politicamente e psiquicamente, faleciam milhares de pessoas e não era somente possível a minha morte como era também provável e ainda é. Minhas decisões não estão muito pautadas nesse futuro e nas minhas hipocrisias. Tento viver até meus erros de verdade. Hoje acordei e falei, já cometi erros e falhas tão grandes que poderia fazer uma classificação de nível 1 a 10, sendo 1 o grau de pior arrependimento. Nessas reflexões atoladas nesse poço de mim mesmo, ensimesmado, tal classificação só serviria para meu bom exercício de centrar em mim mesmo.

 No final dessa reflexão surge este texto. Seguramente, para muitos que se foram sem se despedirem e na angustia de obter ar, falecendo de asfixia ou de outra moléstia do corpo afetada por esse vírus, eu declaro que todos nós morremos. Carrego a carcaça sã como todos e todas vivas, mas a insanidade da ausência completa de empatia, não somente deste governo, de toda ordem capitalista que é incapaz de acudir a humanidade, inclusive na garantia de funerais dignos, ainda se afeta. 

Minha carcaça ainda se revolta. Nossa morte existencial que começa quando nascemos se encontrou com a morte conjectural. Resulta que nada é tão ruim ou bom quanto imaginamos. Estarei vivo e morto para garantia que meus erros sejam devidamente cometidos e para garantir que alguns acertos comprovem que fui muito esmerado em não ser o melhor Antônio possível e nem o melhor Antonio de mim. 

A condição dessa morte me joga direto para o despojamento, para o minimalismo e para o desacumulo. Cresceu a intolerância a quem tem prisão de ventre mental, que param dentro de si achando que terão outra vida e outro momento para viver. 



Minha persistência em viver é tão gigante quanto meu esmero em estar morto. Por isso, as pequenas injunções políticas, os limites “do pode não pode”, as decisões do idiota se aperfeiçoar em ser mais idiota e da pessoa acreditar que é invulnerável me faz por um lado rir e por outro chorar, já que o sentido da autoproteção nem sempre é o outro, talvez nunca seja. 

Uma amiga me pediu para eu me cuidar! Descuidarei-me como sempre!Hoje irei ao mar do Bessa temer monstros marinhos!

quinta-feira, 28 de maio de 2020

Educação em Casa e pedagogia anarquista


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Quadro Negro Retrô  - Este Quadro digital imita a antiga lousa e giz. Tecnologia da Informação a serviço de uma nostalgia ridícula.








Já falei em outra postagem que a educação no lar é revindicação de muitos libertários, desde que o Estado de alguns países inserem preceitos e preconceitos na educação, para além da educação obrigatória.

O que um evangélico deseja com a educação no lar é o mesmo direito, porém, para criar uma criança sob preceitos da religião que seguem.

Parecem as mesmas coisas, mas o direito a isso deve ser respeitado, para o bem que faz e para o mal que faça.

Uma criança que sofre bulling sistemático não tem a escola como socializadora. Esse aprendizado social cognitivo vira uma meleca num contexto de educação em massa.

Com a pandemia essa pauta foi empurrada goela a baixo e é inecapável que seja realizada independente da corrente ideológica.

Só que a escola diretivista e de massa continua a criar constrangimento e hoje os pais e mães que sempre foram mais envolvidos com a educação de seus filhos percebem que na verdade estavam flutuando sobre a educação realizada.

Professores foram educados para ser centro do processo educacional, sofrem de seindrome de protagonismo e precisam se achar muito aptos a fazer um processo intelectual se desenvolver nas crianças e jovens.

As reclamações são muitas, em parte pela alienação da educação dos filhos de alguns pais,, mais acentuadamente, e de algumas mães menos irrresponsável.

A tele aula e orientações educacionais à distância é uma radiografia do que acontecia em real e socialmente.

Então, a educação diretivista de antes migra para uma nova plataforma e se torna um estorvo para todos envolvidos

Entendamos o seguinte, a educação em casa não é mais uma condição de professores, de pais e mães e do Estado.

O precedente está aberto para que utilizemos as Tecnologias da Informação como inovação e não gravar uma aula diretivista centrada no professor.

Os pais e mães  e famílias estão preocupados em perder o ano escolar?

Não tenham esse medo, todos já sabem que 50% do tempo de escola e na escola só serve mesmo para encher o saco!

A pandemia demonstrou que a dependência da escola é só um jeito de se livrar dos filhos e filhas, uma creche que a criança já sabe limpar a bunda e se alimentar.

Modernizar a educação é se livrar do protagonismo da escola e do professor e centrar nas crianças e jovens.

Não vai acontecer, mas acho uma senhora lição.

Ah! o desemprego dos servidores e servidoras escolares, não mencionei?

Digo, uma educação que insere a educação auto gestionada pela criança gerará mais empregos saudáveis do que essa massa de docentes doentes que virou uma profissão vulnerável e insalubre.



sábado, 18 de abril de 2020

Pandemia e anarquismo


Não me considero um anarquista muito aplicado. Creio que sou um micro anarquista. As relações anarquistas imediatas, próximas e não duradouras. Bem, uma anarquismo bem pessoal que não seja reproduzível por ninguém.

De todo, baseio-me no anti-autoritarismo que para alguns é chutar blindex de banco, para outros é se mansinho holístico esperando a bondade alheia agir.

O meu anti autoritarismo é uma construção, assim, ser brando, manso e cordato pode parecer democrático e anti autoritário, mas não é.

Aprendi que o autoritarismo está tanto no que impõe tanto quanto no que se deixa impor em silêncio, por comodidade e por que se posicionar firmemente seja ainda visto como mandar e determinar.

A indolência e good wibe de alguns é puramente autoritária.

A pandemia me colocou aonde sempre eu achei que estaria. Estou junto com o Movimento das Trabalhadoras e Trabalhadores por Direitos MTD - PB que atua na frente de entrega de Cestas Básicas e outras ações de organização e amparo às comunidades de ocupações na Paraíba, sendo a atuação mais forte na grande João Pessoa.

Estabelecemos ficar acampado num local para não voltarmos para casa e por em risco nossos familiares. Um grupo de 5 pessoas articulado com outras externas que se amplia para 30 caso a ação exija.

A pandemia exige um olhar sistêmico sobre nós. A hierarquia é não nos contaminarmos para continuar atender essas pessoas. Só isso coloca como nossa autoridade um vírus.

Higienizar, organizar e decidir para onde vão as doações é em si autoritário. Não podemos atender a todas as pessoas e mesmo nessas localidades há as que precisam mais que outras.

Ser anarquista com quem não é ou não entende o anarquismo é autoritário. A partilha do pão não é consciente, mas uma urgência precária. A precariedade é autoritária.

Organizar nessas condições é autoritário?
Somos capazes de combater ou distribuir alento sendo mansos?
Ceder e negociar é possível com um número grande de pessoas desatendidas?

Houve outro dia um número de 1200 pessoas para atender, mas só chegou doações para 300. Assim, tivemos que escolher as 300 por uma logística que nos desse segurança e atendimento. Será que foram as 300 que mais precisavam?

Um morador de rua via descer doações ao longo de 3 dias de nossa central e pediu uma cesta básica. Triste imagino ser ver uma aparente fartura e ter que ouvir um não! Dei algo e assumi que passei na frente alguém. Eu decidi autocraticamente doar fora da planilha!

A partilha do pão e de nosso trabalho dá uma legitimação que não pode ser severamente julgada. Não dá para se condoer de não atender alguém quando não conseguimos até agora atender nem 10% dos necessitados mais vulneráveis.

Dar mais a quem precisa de mais e dar menos aos menos necessitados é quase impossível. A sociedade precisa estar muito bem organizada e atenta para sobre cada família para ser justo.

Então, a pandemia nos avoluma de questionamentos humanitários e políticos.

Digo porém, quando uma ocupação tem organização, responsáveis e coordenações nos sentimos mais coerentes ao atender com cestas emergenciais do que nos lugares sem organização.

O desconhecimento da realidade neste momento é o que mais investe oprimindo do que o vírus em sí.

A desorganização neste momento é evidente a maior arma de destruição das politicas sociais e é o autoritarismo mais acachapante.

Sempre soubemos disso. O vírus só bateu na porta e mostrou que todas as mazelas sociais que combatíamos em tempos de paz de baixa intensidade ou guerra dissimulada.

Agora podemos ver o tamanho e profundidade dos efeitos da miséria. O receio de contaminações em massa, em curto espaço de tempo e fulminantes acelerou o impacto que antes se diluia em meses e anos. Todas as pessoas que iam desaparecer nas escadas do Estado podem sucumbir em 2 ou 3 meses.

Uma quantidade enorme de vulneráveis pode realmente ser atingida mortalmente.

O anarquismo exige profunda justiça social. A justiça precisa de profunda assistência humanitária.

Tento não me doer ou condoer pensando na incapacidade de atender os mais urgentes.


sábado, 11 de abril de 2020

Se eu morrer


Se eu morrer....

Bem, morrerei de algum modo em algum tempo. Se eu morrer agora com esse vírus não se preocupe com meu enterro rápido e sumário. Se for em caixa de papelão prefiro, se for do reciclável melhor. 

Ajudem depois a plantar árvores e que seja um bosque com frutas, flores e muita sombra. Peça a um religioso poderoso dessacralizar a terra para que as pessoas caminhem sobre meus ossos sem culpas misticas.

Eu tenho uma memória guardada de 30 GB, refleti e percebo não preciso de nem 100mb com as coisas que amo e nem preciso dessas tanto se for criterioso.

Se as mulheres que estive algum dia se lembrarem de mim, sei que para o que eu era, eu recebi o melhor que podiam me dar e eu perceber.

Não se preocupem com rituais por mim, nem simbologias e nem velas.

Esqueçam os sabores das comidas que te apresentei ou que associam à minha memória, pois de verdade não importam. Se obrigatoriamente tiverem que me citar em algum texto, escolha a melhor e nunca mais me citem.

Doe tudo meu, nada fiz para ser dono, apropriar ou dominar. Fui esmerado em não ter nada que valha mais que uma prótese dentária.

Desde que li os irmãos Goodman que revisaram os cálculos de mais-valia de Marx na década de 1950 e afirmaram que se um jovem ou uma jovem dedicassem 2 anos da vida a serviços sociais não precisaria de pagar por teto e comida por toda às suas vidas. Essa frase me libertou de muitas bobagens, de culpa social e de engajamento político obrigatório. Meu trabalho social é por empatia, não por culpa!

Sim, trabalhamos mais para ser controlados do que libertados.

Se eu morrer, já estou por muitos anos a me despojar, desacumular, evitar carregar coisas inúteis.

Cuido-me no caminho do minimalismo, pouco e o necessário para mim já basta.

Por fim, fui bem esmerado em ser desagradável quando podia ser outra coisa, então, a humildade nunca poderá se associada a mim.

Quando pude ser arrogante eu fui em meu melhor potencial.

No fundo eu errei com muita dedicação e compromisso!

Se eu viver mais tempo de vida continuarei a aperrear, errar e me despojar!

Eu gosto de café!


segunda-feira, 2 de março de 2020

“Patrasmente” falando: a Lei Rouanet de Bolsonaro fez o oposto do marketing falso moralista


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Em 2019 a abertura para inserir projetos na antiga Lei Rouanet, que nunca teve este nome formal, só se inciou em março. Ocorreram 5 mudanças já cabíveis ou viáveis serem realizadas sem estardalhaço de marketing falso moralista. A descentralização do eixo Rio São Paulo, tese da esquerda de antanho, aumentar ingressos gratuitos de 10% para 20%, contrapartidas sociais através de oficinas gratuitas, redução para no máximo 1 milhão de reais por projeto e a inútil mudança do nome que nunca foi nome. À grosso modo, firulas ideológicas sem qualquer base técnica e científica, apenas bafo ideológico de quinta categoria descendo.

O número de projetos aprovados para captar recursos em 2019 foi de 655, em 2018 - 655 projetos, em 2017 – 555 projetos, em 2016 – 735 projetos, 2015 – 775 projetos, 2014 – 953 projetos, 2013 – 1.790 projetos em 2012 – 861 projetos. 

Depreende-se então com esses números que desde a eleição de 2018 o número de projetos aprovados segue garroteados. Não podemos sem um estudo mais aprofundado dizer que 2019 se democratizou mais com as pífias medidas cosméticas.

Por exemplo, em 2012 com 861 projetos se aprovou para captar R$ 504.757.194,45 e captou-se R$ 241.166.737,93. Bem, em 2019 fora liberados R$ 33.738.982,29 para serem captados foi de R$ 13.674.105,23. com esse valores recuados até 2012 não é posssível fazer uma comparação exata sem trabalho estatístico de qualidade. irei fazer comparação simples, com seus riscos.

Deve-se fazer a ressalva que projetos aprovados em 2019 ainda irão captar, mesmo se atingir 100% (a média anual é de 50% de captação), neste recorte não proporcional demonstra que 2012 teve mais democratização e mais inserção de projetos fora do eixo, com mais recursos sendo democratizados do que toda a basofia do atual governante que se os projetos aprovados em 2019 se totalmente bem sucedidos chegarão a 1/7 de 2012. 

Receio que um estudo feito por especialista, com profundidade estatística irá comprovar com paramentos correlacionais que este governo é inepto para levar a cabo a democratização da Lei Rouanet como se propalou. Exatamente ao contrário escorcha, garroteia e não terá capacidade nenhuma de fazer o que vomitou ele e seus aliados. 

Este infestado, enfezado, infectado desdemocratizou a Lei Rouanet que jamais pensei que seria um nome de resistência.

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2020

Precisamos falar da carteira estudante e economia da cultura




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Nunca gostei da designação "meia-entrada" e sempre optei pelo ingresso estudantil. Por trás da palavra "meia" se reduz a figura, razão e importância de estudantes terem acesso ao ingresso em valor inferior aos de não estudantes.

Em 2018 eram 48,45 milhões de estudantes no Brasil com acesso à entrada estudantil. Se partirmos de um pressuposto de que em média esses gastassem em um ano todo apenas R$1,00 já seriam responsáveis por R$40 milhões injetados na economia da cultura.

Sabemos, no entanto, que estudantes pró-ativos em cultura não são a totalidade e sem dados precisamos partir de um número aquém da realidade e designar que ao menos 1 milhão de estudantes gaste R$10,00 por mês em consumo cultural em Cinema, Shows e teatro. Só isso seria em 1 ano uma injeção de capital na economia de R$120 milhões.

Ao meio desses valores há impostos e encargos importantes para governos e bem que sem a presença de jovens nesses lugares os eventos seriam esvaziados e haveria queda de consumo de bebida e alimentos de transportes e aquisição de roupas seriam menos intensos.

Os artistas e eventos com apelo juvenil seriam esvaziados ou desapareceriam, algumas salas de cinema reduziriam as temporadas e sessões dos filmes comerciais.

Para cidades maiores de 3 milhões de habitantes e com renda média mais alta isso não seria um impacto tão relevante como em cidades pequenas e médias.

Resulta que ao combater a entrada estudantil, empresários acreditam que seus produtos são tão atraentes que os jovens irão migrar totalmente para o valor maior.

Empresários erram! Talvez eles consigam apenas acolher 30% desse público anterior, assim, perderão lucratividade numa aposta que acreditavam ser um mercado e consumos garantidos.

Perdem artistas, empresários, governos e famílias e vence um discurso de visão reducionista da economia da cultura e cadeia produtiva envolvida.

Mirem-se nos exemplos das Companhias aéreas que estão perdendo passageiros, empresas saindo do setor no Brasil e serviços ficando mais caros, como menos horários por terem apostado que consumidores material seu comportamento após tantas mudanças sobre bagagens e valor milhagens.

Empresários também perdem em divulgação espontânea de seus produtos, já que menos consumidores estimulados o impacto da divulgação boca a boca e na família exigirá uma publicidade mais intensa e as conexões de consumo vinculadas aos produtos culturais não permanecerão como no atual modelo.

Exemplos de decisões idiotas não faltam. Governo acaba perdendo politicamente, educacionalmente, na formação de consumidores qualitativamente estimulados e pais reduzem seus consumos para garantir a dos filhos.


domingo, 9 de fevereiro de 2020

Falar com evangélicos, novos trabalhadores e etc

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Tenho ouvido de tudo sobre o diálogo com quem votou num candidato horrendo, que explicitou verbalmente e na plataforma de campanha exatamente o que está fazendo!

Vamos para as bases!!!!

Vamos dialogar com evangélicos progressistas!!!

Temos que ganhar a guerra nas redes sociais!!!

Só mudamos o pobre em consumista alienado!!!

Isso só acontece por que a esquerda é desunida!!

Temos que falar para o novo trabalhador!!!!

Agora o pipoqueiro se sente patrão, não devemos falar contra ao patrão!!!

O problema disso é falta de cultura!!!

Se o povo for para a rua isso tudo acaba!!!

Nosso povo é passivo, está dopado e não reage!!!

Se tivessemos feito a Lei de Médios no Brasil isso não acontecia!!

O rol de frases que oscilam da auto comiseração, auto flagelo e fatalismo derrotista é grande e cada um deve ter as suas frasezinha preferidas com solução definitiva para seu estado de espirito imobilizador!

A gente lida com conceitos do outro sem olhar para nós como se estivéssemos no lugar desses sujeitos. Como se nós quiséssemos, pudéssemos e fizéssemos uma re-educaçao social do eleitorado como objetos meus.

Então, temos que educar a militância para combater e ganhar nas redes, temos que produzir um discurso acolhedor de todos e criar qualquer situação linguística e narrativa ou bomba semiótica que destrua essa corrente anti-povo.

Minha impressão, meu olhar e minha disposição não me faz induzir ninguém que está nessa posição suicida, auto destrutiva, preconceituosa, rasa que encantou um parte do eleitor seja um não autor ativo de si mesmo nesse emporcalhamento da vida.

As pessoas estão determinadas internamente a serem refratárias a qualquer antidoto mágico para esse estado de horrendice, tosquice, maldades e inversão de valores humanistas, ambientais, trabalhistas e sociais.

Digo isso por ver que em países mais ricos, com melhor nível educacional e nível de informação, com padrão de consumo basal superado à décadas que estão votando em coisas semelhantes no mundo ao que o Brasil optou.

O espirito de nossa época é a negação dos impactos do capitalismo. As pessoas estão de fato rejeitando a partilha do pão!

Ficamos nos martirizando, buscando novas falas, penalizando os que sempre lutaram e tentando criar um modelo de informação impactante que desperte essas pessoas de seu invólucro ideológico, como se tivéssemos que criar algo retórico muito diferente do básico e que vai durar para sempre que algumas pessoas não podem continuar a decidir sobre a supressão da vida e bem estar dos demais!

Esse sujeito objetivo lá do outro lado que não quer nos ouvir não quer ser afetado por nenhuma retórica que a contida e afagada dentro dele.

E eu não creio que se possa mudar uma pessoa que decidiu que não quer mudar!

Não importa que ardil faça a gente desses sujeitos objetivos, por mais que entendamos que estão indicando em todos os níveis eleitorais pessoas que não lutam por elas e pelos demais.

O que fazer?

Toda vez que leio um texto que elimina todas as ações vigentes eu me pergunto por qual razão uma pessoa escreve um troço para dizer que nada está dando certo, pois eu serei ingenuo aqui e falarei o que dá certo.

A mídia não está nos massacrando por que nos manipula, mas as pessoas sustentam exatamente isso que a mídia faz de dominação.

Nas redes, não adianta achar que ficarmos combatendo com armas iguais venceremos! A pessoas que está lá do outro lado está optando autonomamente por esse processo de destruição. Ela é ativa, segura e determinada a não nos ouvir.

Insisto então, que continuemos a combater em todas as frentes narrativas e praxiais. Tudo deve continuar, mas sem a visão ingênua que a mudança vem de nós e de nossos esforços. Essas pessoas que estão no regressismo ultra liberal só mudarão a partir de uma análise interna. Um rompimento interno!

Parece com aquele filho ou filhas que começam a namorar alguém e quanto mais o pai ou mãe impedem, mas os enamorados embarcam em pessoas que lhes farão mal.

O eleitor de todos os níveis optaram por esse namoro com o retrocesso. E essa coisa precisa se quebrar por ela mesma.


Sou profundamente contra uma tutela ideológica permanente para o "povo" quando eu mesmo não admito que se faça comigo.

Ahhhhh! Mas eles não sabem que estão sendo enganados! Eles não tem o teu instrumental de resistência! Eles precisam de nós os guiando!

Pois eu acho isso um erro ético.

Vão errar por eles mesmos até ao mais trágico, como ocorreu em vários momentos de nossa sociedade. Optaram pelo capitalismo, optaram por falar mal do patrão, mas não irem para cooperativismo! Decidiram ver uma mídia amedrontadora e consumista, mesmo sabendo que é deseducativa!

Essa decisão interna do outro é tão forte quanto a minha!

Então, eu faço o que tenho que fazer. Cada um deve fazer o que consegue fazer, mas ter esse espírito ingenuo de que devemos ser guias dos tapados não me traz muito alento.

Se estão tapados, não se pode culpar a propaganda, o controle social ou externalidades. Tudo isso só sobrevive por que dentro da pessoa há campo para isso se desenvolver pró-ativamente e retroalimentada por elas.

Irrito-me! Acho um saco isso! Desejava de outro modo! Vi que há outros lugares que superaram! Só que eu não desanimo, mesmo ouvindo essas frases mágicas o tempo todo que coloca o problema fora do sujeito e a solução vinda de nós! OS GUIAS ILUMINADOS!

sábado, 8 de fevereiro de 2020

R$ 14 milhões em Emendas parlamentares e Cultura na Paraíba


Atualmente os parlamentares da Paraíba podem indicar  R$231milhões de emendas individuais para o estado. Na prática só conseguem indicar R$100 milhões e só se efetivam por ano R$25 milhões. Muito show, muito voto e muito cabresto político para tão pouco.

Se somar que a verba de bancada por estado é de R$ 169,6 milhões, teriam um potencial de destinar para ações, aquisições e materiais de consumo mais de R$400 milhões por ano.


Mas não conseguem!

Creio que se prefeitos de municípiosde até 100 mil habitantes solicitassem via as Secretarias de Estado da Cultura que cada parlamentar destinasse R$100 mil reais e uma verba de bancada de R$2 milhões para efetivar oficinas e fomento à cultura nos municípios que comprovassem utilizar mais de 1% de seu orçamento anual em cultural local ou arte educação.

Necessita ser via estado por que 80% das prefeituras estão inaptas a formalizar convênios!

Seriam um montante de R$3,5 milhões por ano para a cultura. Totalizando a democratização de verbas de R$14 milhões em 4 anos.

O ideal é que o mínimo de 1% de todas destinação de emendas parlamentares no Brasil fossem para a cultura. Hoje 50% devem ser destinadas à saúde.  

Por que não 1% para a 
Cultura anualmente!???


Dados
A proposta de Lei Orçamentária Anual (LOAPLN 27/18) para 2019 prevê R$ 13,7 bilhões para emendas parlamentares.


Desse total, R$ 9,2 bilhões vão para emendas individuais (de deputados e senadores) e R$ 4,5 bilhões para as de bancadas estaduais.


As emendas individuais contemplam demandas que chegam das bases eleitorais dos parlamentares e de grupos organizados que procuram interferir no projeto orçamentário.

Cada um dos 594 parlamentares poderá apresentar até R$ 15,4 milhões em emendas individuais. Metade dessas irá para a saúde, seguindo divisão estabelecida na Constituição.

Já o valor máximo para apresentação de emendas impositivas por bancada será de R$ 169,6 milhões.

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2020

Lei de Responsabilidade Cultural Municipal: politica pública sem orçamento é diálogo!

APRESENTAÇÃO
Estou propondo essa minuta de lei municipal referente à cultura para que as pessoas discutam mais o orçamento e seu destino, do que ficar listando responsabilidades múltiplas que os governos municipais segue se quiserem.
Que seja 100 mil reais de orçamento, ainda assim, que seja devidamente destinado.

RAZÃO E JUSTIFICATICA

a cultura possui uma cadeia produtiva complexa que abrange todos segmentos da economia, sendo que não necessita de novas redes elétricas, isenções de impostos e funcionam em qualquer tipo de infra estrutura. Por ser capaz de converter recursos em dinâmica econômica com imediato retorno, é mais imediato os resultados para o PIB local que os demais setores de serviços, industria e agricultura que levam em média 3 anos para serem sustentáveis.


LEI DE RESPONSABILIDADE CULTURAL

1) OS MUNICÍPIOS NÃO PODERÃO INVESTIR 80% DE SEUS RECURSOS ORÇAMENTÁRIOS À CULTURA EM UMA SEMANA DE EVENTOS.

2) 30% DOS RECURSOS DEVE SER DESTINADO AOS ARTISTA E ARTE EDUCADORES LOCAIS;

3) 45% DO ORÇAMENTO DEVE SER DESTINADO AOS MESES SEM FESTEJOS E COMEMORAÇÕES MUNICIPAIS;

4) MUNICÍPIOS QUE AMPLIAREM RECURSOS EM CULTURA DE ACESSO E DEMOCRATIZAÇÃO PODERÃO PLEITEAR AMPLIAÇÃO DE 10% NO FUNDO DE PARTICIPAÇÃO MUNICIPAL À CADA ANO DE EMPENHO POSITIVO E COMPROVADO EM ATÉ 40% EM 4 ANOS. (LEI FEDERAL DE RESPONSABILIDADE CULTURAL)

5) CIDADES QUE GASTEM MAIS DE 3% DE SEU ORÇAMENTO EM CULTURA (EXCETUANDO CONSTRUÇÕES) RECEBERÁ PRÊMIO E DESTINAÇÃO DE EMENDAS PARLAMENTARES AUTOMÁTICAS PARA AS PASTAS DE CULTURA, LAZER E TURISMO!(LEI FEDERAL DE RESPONSABILIDADE CULTURAL).

6) CRIA-SE O CERTIFICADO NACIONAL DE RESPONSABILIDADE CULTURAL MUNICIPAL QUE PRIORIZA INVESTIMENTOS DE GOVERNO EM CIDADES COM EMPENHO CULTURAL NOTÁVEL.



Em vista que:

a) São os municípios que mais investem em cultura, em média 3% de seus orçamentos anuais;

b) Setor cultural recebe menor parcela de recursos dos orçamentos dos Entes da nação;

c) Emendas parlamentares são destinadas para áreas não atendidas pelas políticas públicas vigentes;

d) que a cada R$1,00 investido em cultura segundo o segmento pode gerar retorno em PIB de R$1,59 a R$9,00 em toda a cadeia produtiva;

e) Não se trata de vincular recursos a orçamento, mas tomar o atual orçamento e utilizá-lo com responsabilidade com os cidadãos e artistas locais.

Propõe-se
1) Destinar R$5.000.000,00 do escopo do orçamento de emendas parlamentares para criar o Prêmio aos Municípios com Certificação de Responsabilidade Cultural;

2) objetiva premiar municípios que dobrarem recursos em cultura em seus orçamentos com a seguintes medidas
I – Dobrar o orçamento municipal em cultura
II – Destinar 5% ou mais do orçamento municipal para ações em distritos e vilas;
III – Destinar 8% ou mais do orçamento municipal para artistas locais;
IV - Destinar até 20% ou mais em ações de cultural local e popular excetuando Carnaval e São João
Destinar;
V – Destinar 10% ou mais do orçamento em oficinas em artes permanentes;

ExcluiM-se municípios que:
a) utilizam 50% ou mais de seu orçamento para a cultura exclusivamente eu eventos de curta duração;
b) que não acatam indicações e sugestões dos conselhos municipais de cultura;
c) que priorizam grandes shows;
d) que não possuem Plano Municipal de Cultural;
e) que destinam verbas para cultura exclusivamente para edificações;
d) que não atuam nas áreas rurais ou em vulnerabilidade.


As verbas serão destinadas:
a) através de um coeficiente de co-relação quantidade de população, acréscimo orçamentário que não ultrapasse R$200.000,00;
b) as verbas serão destinadas para ações e serviços correlatos ao Plano Municipal de Cultura pelo Sistema de Convênios SiConv;
c) ao municípios que apresentarem relatórios de ampliação de orçamento e relação das atividades aprovado e certificado pelo Conselho Municipal de Cultura;
d) a transferência de recurso será realizada mediante de projeto de ações aprovado pelo Conselho Municipal de Cultura.
Esta iniciativa terá duração de 4 anos renováveis após verificar efetividade da ação. Ao longo do processo os municípios que aumentarem e comprovarem a execução com os critérios relativos à responsabilidade cultural serão certificados como Municípios em processo de Certificação de ResponsabilIdade Cultural.

segunda-feira, 20 de janeiro de 2020

Fábio Nogueira e o açougueiro ou o mistério da invisível economia da cultura


Fábio Nogueira e o açougueiro ou o mistério da invisível economia da cultura


No final da década de 2010 ouvi de um amigo que o Secretário de Cultura de Presidente Prudente perguntado sobre investimento em cultura respondeu: O que faria o poder público achar que um artista merecer mais que um açougueiro!?

De fato, se você perguntar a alguém por qual razão um artista merece investimentos públicos que um açougueiro também mereceria alcançaria algumas pessoas que não resistem a dois segundo de explicação.

Na época achei apenas uma frase absurda que entrou no anedotário de um gestor cultural que permaneceu 28 anos no cargo de Secretário de Cultura mas desconhecia a economia da cultura.

Em 2014 cheguei na Paraíba e vi o Secretário de Cultura da época Chico Cesar dizer que nas ações de orçamento participativo do estado da Paraíba a prioridade cultura era colocada ou para ser específico em 8 anos de gestão as lideranças locais colocaram em 3o lugar em Sousa e não avançou significativamente além da menção da palavra.

Nos dois casos o que não conseguimos dizer é que o investimento em contratação de artistas, arte-educadores, animadores sociais e produtores privados e do terceiro setor são capazes de criar uma cadeia produtiva complexa.

Há estudos da FGV e do IPEA que demonstram que R$1,00 investido retorna para a economia em R$1,59. Além do que tudo que se contrata ou gasta paga INSS, ISS e ICMS. Só que a economia da cultura é imbrincada na rede hoteleira, transporte, consumo de combustível e na compra de insumos e equipamentos.

Assim, num edital de fomento à cultura de 200 mil reais em uma cidade, se for feito um estudo apurado haverá uma competência de dizer que gerou uma dinâmica de 300 mil reais. Por trás dessa estimativa média, significa que a cultura é um segmento que gera atividade, trabalho e consumo tão ou mais significativo que uma indústria.

Alguém seria capaz de interditar o carnaval da Bahia, Pernambuco, Rio de Janeiro ou os Bois de Parintins!? Seria possível eliminar a compra de vestuários e alimentos dos festejos de São João?

Não cabe o poder público dizer que um açougueiro é tão digno quanto uma artista para receber algum fomento. No final das contas o açougueiro, padeiro, quitandeiro terão sempre suas vendas acrescidas nos períodos festivos e nos circuitos culturais criados.

Nenhuma cidade que tenha consolidado algum bem cultural local seria capaz de abrir mão disso. Seja o São João de Caruaru ou qualquer outro.

No entanto, seguem os municípios e gestores em dúvida se deve apoiar açougueiros ou o mercado da cultura.