segunda-feira, 24 de junho de 2013

@narquistas, vandalos e a-partidarismo!

Ontem houve um excesso de acessos neste blog anormal! Creio que a direita está monitorando palavras que tenha medo. Em Prudente os manifestantes politizados estão sendo caçados!

Cuidado!

Obviamente que nessas manifestações se verificaram muitas simbologias e praxis anarquistas.

Sobretudo xingados de vandalos e baderneiros. Opinião óbvia dos desinformados.

Não sou de fato a favor de quebrar nada, mas essa cautela da mídia de pasteurizar as ações de crítica e revolta para produzir manifestações boazinhas e comportadas me dá nojo mesmo.

O fato é que eles sabem que em todas a movimentações da história se vai com raiva de tudo para a rua e acaba dando nisso.

Agora, chamar isso de anarquia é escroto!

O a-partidarismo do anarquismo não tem nada a ver com ausência de posições e decisões.

Só consta para os anarquistas que a institucionalização de siglas e de pessoas ao poder não corresponde com uma sociedade total, totalizante de sua consciência de classe.

O problema em si dos partidos é que a representatividade anula os sujeitos sociais na base de sua formação e responsabilidade social.

Não tendo esse amadurecimento político sou pelas federações de federações propostas por anarquistas.

Não tendo nada melhor que partido, deixa essas coisas ai, afinal, o medo de cair no fascismo, do meu ponto de vista é muito maior.

Sou processual, acho que devemos migrar intelectualmente, praxialmente e em ação direta para uma sociedade não representativa, o que não quer dizer que iremos conseguir isso por deliberações verticais.

Tem muito intelectual e jornalistas dizendo que falta verticalidade nessas movimentações.

O excesso de horizontalidade nivela coisas que são iniveláveis. Sim, isso está acontecendo de uma pessoa manifestar do lado do outro com razões objetivos opostos.

Sempre falta dizer que anarquia não é falta de ordem, mas falta de ordem hierarquizada, representativa e autoritária, portanto, que exige uma prática pessoal até mais severa sobre os direitos dos outros e o próprio.

Mais trabalhosa por exigir estar com sujeitos mais engajados em si e no coletivo,  por isso é horizontal e tem que ser.

Chamar o a-partidarismo de um problema e culpa de filosofias vagas é uma grande manobra ideológica para atrasar uma formação anti-autoritária e de ação direta.

Vandalos! Vandalos! Vandalos!

Quero chutar a porta ideológica dos bonzinhos intelectuais que só vivem com um servil mal pago limpando suas saletas confortáveis!

sábado, 22 de junho de 2013

terça-feira, 18 de junho de 2013

querem falar com os líderes?

kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
cacacacacacacacacacacacacacacacacacacacaca

risível

sábado, 15 de junho de 2013

Borderlines ou anarquistas raivosos

A raiva do mundo que te acomete não é a minha!

Não grito pelas faltas de sentido!

Sinto sentidos em tudo!

Na morte não vejo solução!

Minha vida que te encho saco mundo vilão!

Não tenho dó!

compadeço!

O egoismo não me alia a nada!

A generosidade é mais que dialética!

Doar a ideia a mente o gesto me carreia vida!

As pessoas limites

borderlines

vorazes e irados de si

fazem até poesia de seu ódio!

tangíveis, mas não anarquistas!

Uma sociedade anarquista não se livra de afetos desencontrados!

Não sou borderline

pointline

spotline

sou dos deslimites da caretice e vou pela da ação mutua!

free mind

façamos caos de quem nos quer ordem!

ordenemos nos naquilo que amplia vidas e sugestões de vidas!

não nos matemos como nossos maiores inimigos!


sábado, 8 de junho de 2013

Educação e sistema carcerário

Sempre há quem pergunte se numa sociedade anarquista haverá um propósito que substitua a existência de sistema carcerário.

A primeira coisa é que sim, haverá sim gente criminosa e haverá condutas para isso!

Mas eu não me proponho a ser futurista e nem está ao nosso gosto dizer algo de algo que não há nenhum interesse para o povão!

Tem gente que acha que um sistema hospitalar anarquista vai ocrrer transfusão de bosta no lugar de sangue.

Veja ai abaixo nesse texto a porcaria que se enfrenta na educação de presos.



Livre docente da USP e ex-preso: "Não é papel da educação mudar o criminoso"

Estudioso do assunto diz que prisões não têm sala de aula, currículos são inadequados e professores são pouco preparados para a educação em regime de privação de liberdade

Cinthia Rodrigues -iG São Paulo | 
O professor livre docente da Universidade de São Paulo, Roberto da Silva, mudou totalmente o ângulo do qual olha para o sistema prisional. Depois de ter sido interno da Febem (quando a entidade tinha a tutela de órfãos) e, já adulto, ter passado 10 anos preso na década de 1980, hoje é membro do Conselho Curador da Fundação Casa e pesquisador consultado por todos os governos sobre educação nas prisões. Na entrevista a seguir, ele fala do que mudou - ou não - na educação em regime de privação de liberdade e da diferença entre o que sociedade e governo esperam da escolarização da população presidiária:
ig
O professor Roberto da Silva na sacada de sua sala na Universidade de São Paulo
iG: Já melhorou algo a educação nas prisões? Roberto da Silva: A discussão foi retomada nos últimos seis anos, após 30 anos sem se falar do assunto no Brasil. E muito por força das agências internacionais, como a Unesco e o governo japonês, que financiou o primeiro projeto de educação em prisões no Brasil. Com isso, passou a ter um empenho em organizar seminários pelo Brasil, dos quais participei de quase todos. Daí nasceram algumas ideias que agora estão tomando corpo: primeiro, que deveria haver um projeto político pedagógico, depois que era preciso levar o direito a educação para dentro das prisões e, para isso, era preciso constituir marcos regulatórios. Aí foram aprovadas leis nacionais que obrigaram todos os Estados a elaborar planos, sempre com assessoria e verba do governo federal. Nesse momento praticamente todos os Estados entregaram pelo menos o esboço do projeto, São Paulo foi o último e o que mais destoa dos outros.
iG: Quais são os pontos diferentes do plano de educação nas prisões de São Paulo Silva: Estou tentando desconstruir algumas lógicas que o governo do Estado colocou no projeto. Por conta de serem de partidos diferentes, o governo estadual tem dificuldade em aceitar as políticas do governo federal. Quer fazer as coisas utilizando os próprios meios e com isso ignorando as diretrizes nacionais para educação e prisões. Um exemplo: pelo governo do estado não aderir à Universidade Aberta (UAB), criou a Univesp (Universidade Virtual do Estado de São Paulo) e agora propõe que a educação em prisões seja toda a distância utilizando a estrutura da Univesp .
iG: O preso estudaria pela internet? Silva: Nem isso, porque na prisão não é fácil usar a rede. Seria utilizando material da TV Cultura, como foi com o Telecurso. Isso é completamente inadequado porque, em se tratando de alfabetização, de elevação de escolaridade e de capacitação profissional com esse público, a relação presencial é fundamental. Se o sujeito já tem dificuldade de ler e escrever, imagina sem a mediação do professor.
iG: Há professores para atuar nessa função? 
Silva: Outro problema no atual plano do Estado é a designação de professores temporários para atuar na educação em regime de privação de liberdade. Isso dificulta muito porque é preciso dar uma formação inicial e continuada e garantir conhecimento da especificidade do trabalho. Com o temporário o investimento em formação fica comprometido porque a cada ano ele tem que se renovar.
iG: Qual seria a solução? 
Silva: Estamos discutindo a possibilidade de começar uma formação especializada vinculando as quatro universidades públicas do Estado (USP, Unesp, Unicamp e Ufscar) para formar duas, três turmas para professores que queiram trabalhar em regime de privação de liberdade, tanto nas prisões quanto na Fundação Casa, e depois que se criar uma massa critica suficiente, se abrir concurso público. Poderiam entrar professores que já estão atuando, outros novos e também o quadro da Funap (Fundação de Amparo ao Preso ligada à Administração Penitenciária), que já tem bastante experiência na área. Seria dada nos moldes de um curso de especialização, aí sim poderia ser semi presencial.
Não é papel da educação transformar o criminoso em não criminoso, converter as pessoas, diminuir as taxas de reincidência e diminuir a superlotação dos presídios
iG: A situação é melhor hoje?
Silva: Houve avanço significativo, mas há limitações objetivas. Já passamos de 500 mil presos e nenhuma planta das prisões foi concebida com escola, portanto, não tem infraestrutura para receber salas de aula e isso faz com que tudo seja muito improvisado. Só agora o departamento penitenciário nacional elaborou uma planta em que se prevê a existência de pelo menos 10 salas de aula (no modelo padrão que é para cerca de 780 presos). Por isso é difícil pensar na ampliação da oferta de educação. São Paulo, com 198 mil presos, consegue oferecer escolarização para 15 mil presos apenas. Entendida a educação como um direito fundamental da pessoa humana e que essas pessoas privadas da liberdade não puderam ter educação na idade escolar, o poder público tem obrigação do oferecer educação a elas.
iG: A ação de apresentar a educação como forma de reduzir pena foi positiva? 
Silva: Da parte do Estado nunca houve preocupação de apresentar a educação como um valor. A lógica do estado sempre foi ter mais um artifício, dessa vez a educação, para tentar reduzir a superpopulação. Tanto que há dificuldade em articular os objetivos da educação com os da reabilitação penal. A educação não pode assumir para si a tarefa de melhorar os péssimos indicadores prisionais que o Brasil tem. Não é papel da educação transformar o criminoso em não criminoso, converter as pessoas, diminuir as taxas de reincidência e diminuir a superlotação dos presídios.
iG: O sr. não é uma prova de que educação causa todas essas mudanças? 
Silva: Sim, mas ainda não é nesse sentido. O papel da educação que o professor assume confortavelmente é o de resolver o problema do analfabetismo, da elevação da escolaridade e da qualificação profissional para competirem pelas oportunidades socialmente criadas. O que o sujeito vai fazer com isso é de livre arbítrio dele, não é o estado nem a educação que vai deliberar sobre isso. Eu escolhi o caminho da educação dentre outras alternativas que tinha. Passei 10 anos na prisão sem poder estudar um único dia.
Não basta transpor para as prisões os currículos hoje existentes no sistema regular de ensino porque aqui fora ele já se mostra insuficiente
iG: Que tipo de educação ajudaria nos objetivos de transformação da pessoa?
Silva: Não basta transpor para as prisões os currículos hoje existentes no sistema regular de ensino porque aqui fora ele já se mostra insuficiente. Eles precisam mais de uma educação social do que escolar, da qual a escolar faz parte. Não é que a sociedade descrimine presos ou pessoas com antecedentes criminais. Se eles tiverem as qualificações profissionais que lhes permitam executar as funções que a sociedade quer e precisa com a mesma qualidade das outras pessoas, se tornam úteis socialmente. Agora, os presos sem a qualificação e cheio de jeitos e trejeitos, esses geram a estigmatização e o preconceito.
iG: O sr. acha que não há discriminação pelo passado criminal? 
Silva: A sociedade tem lugar para todos, você vê, o deficiente físico tem até cota no mercado de trabalho. Antes ele sofria descriminação e preconceito porque era tido como um inútil social, mas a partir do momento que se abriu as escolas para recebê-los e qualificá-los, eles estão disputando vagas no mercado de trabalho com os demais. Sem a qualificação, a descriminação está colocada. Eu penso que o mesmo está ocorrendo com os presos.
iG: E a estrutura escolar da Fundação Casa? 
Silva: A Fundação Casa tem uma singularidade que para o menor de 18 anos a educação é obrigatória, então quem tem a custódia do adolescente é obrigado a fornecer escola. Por isso a própria construção prevê salas e as exigências de matrícula fazem parte do cumprimento da exigência da medida sócio-educativa. A questão é a qualidade desta educação, de não se conseguir fazer nestas instituições uma escola mais interessante do que a escola da rua. Fica mais no sentido da laborterapia, de preencher o tempo ocioso, de cumprir a obrigação da instituição sem servir ao sujeito.
iG: É o mesmo problema que têm as escolas em geral? 
Silva: Tem problemas adicionais. Mais da metade dos adolescentes já haviam rompido com a escola antes do cometimento do ato infracional ou, pode se ter como verdadeiro também, que o rompimento escolar foi um dos motivos que o levaram a cometer o ato. Dentro da unidade, quando a educação se torna obrigatória, é difícil fazer este adolescente voltar a ter interesse e readquirir o hábito do estudo, por isso precisa ser significativa, atraente. As pesquisas mostram que, depois que saem da internação, os adolescentes não voltam para a escola, então precisaria ser um esforço de escolarização intensivo na alfabetização, aumento da escolaridade ou recuperação da defasagem série.
iG: Como o sr. vê a proposta de redução da maioridade penal? 
Silva: Acho que há uma série de manipulação dos dados e das informações. Quem está se manifestando a favor da redução da maioridade penal, fora os políticos tradicionais e os governantes que não deram conta de cumprir sua obrigação, é uma sociedade sem nome. Quando você vê quem é contra a redução, é a OAB, a CNBB, O STF, o STJ, setores importantes das universidades como as faculdades de educação, ou seja, aí é uma sociedade com nome.
Se cumprisse todas as obrigações legais éticas e morais que se impõe ao governante, aí nós consideraríamos a possibilidade de alterar a legislação
iG: Mas o sr. acha discutível?
Silva: O governo federal é contra a redução da maioridade porque foi quem investiu durante 23 anos para a implantação do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Os Estados fizeram muito pouco. O governo federal não quer perder este investimento. Quando você considera o Sistema Nacional de Atendimento Sócio Educativo, o Programa de Erradicação do Trabalho Infantil, o combate à exploração sexual de crianças e adolescentes, a proteção aos ameaçados de morte, tudo foi implantado pelo governo federal e pelos municípios, logo estes querem a plena função do estatuto e que ao longo do tempo se possa fazer uma avaliação quanto a eficácia desse modelo de atendimento. Já os governos dos estados que não fizeram sua obrigação não fizeram investimento para implantação do ECA e agora querem se rebelar contra a ordem estabelecida e mudar as regras do jogo. O adequado seria que primeiro o governo fizesse o que tem de fazer.
iG: O que o governo teria de fazer antes de discutir maioridade penal? Silva: Dotar a Fundação Casa dos instrumentos adequados para se trabalhar a perspectiva sócio educativa da medida, que a mera mudança de nome de Febem para Fundação Casa não garante, e também na construção de unidades menores. Além disso, o fortalecimento das estruturas de garantias dos direitos das crianças e adolescentes. O governo estadual abandonou o Conselho da Criança e do Adolescente, usa este conselho para satisfazer seus próprios caprichos. Não dá a eles as condições que precisam. Não se faz investimento nos conselhos tutelares e praticamente nenhuma medida preventiva no sentido de não realimentar a delinquência infanto-juvenil. Se o Estado fizesse isso e cumprisse todas as obrigações legais éticas e morais que se impõe ao governante, aí nós consideraríamos a possibilidade de alterar a legislação.
iG: No foco que o governador Geraldo Alckmin tem dado, de penalizar os que cometem crimes graves, haveria o que fazer? Silva: Primeiro, o governo já deveria ter criado as unidades especializadas para atender os que cometem crimes graves. Segundo deveria ter criado unidades especializadas para os maiores de 18 anos que podem ficar sob a tutela do ECA (se entraram antes dos 18 anos). Depois, também está errada a orientação dos tribunais de justiça que usam e abusam da internação: 41% dos internos estão lá por envolvimento com drogas, por uso e dependência, o que seria um problema de saúde pública.

    terça-feira, 4 de junho de 2013

    Plano Nacional de Educação se resume a melhoria salarial!?

     Os depauperados professores são a realidade que sobrou! Será que o PNE os salvará???

    Saiu no portal ig hoje!!!

     

    As vidas que o PNE poderia mudar

    Talita, Maria, Carlos e Renato ajudam a entender a que se destinam os royalties e o Plano Nacional de Educação

    Cinthia Rodrigues - iG São Paulo |
    O filho de 1 ano e meio brinca com paus e pedras no quintal e Talita Cristina da Silva, 20 anos, o segue com o próximo bebê já na barriga. “Não pode ir aí”, “Solta isso” e “Cuidado” são algumas das frases que mais diz o dia todo, consciente de que não é a melhor rotina nem para ele nem para ela própria. “Queria que ele fosse para a creche para aprender mais coisas, brincar e eu também poder ir atrás de melhorar de vida”, diz.
    Talita e os filhos são exemplos da demanda por educação que o Brasil não conseguiu atender até agora. Por trás da destinação dos royalties para o setor e da consequente aprovação do Plano Nacional de Educação (PNE) com 10% do PIB para a área estão milhões de pessoas como ela que dependem de mais investimento para conseguir o direito ao ensino de qualidade.
    O projeto está há dois anos e meio em tramitação no Congresso Nacional e prevê 20 metas que devem ser cumpridas até 2020. Desde a última semana, também inclui uma emenda que destina 100% dos royalties do petróleo para a educação, estratégia do governo para que seja cumprido.
    Talita e o filho passam os dias longe da escola:

    A jovem de Ferraz de Vasconcelos, na Grande São Paulo, aguarda há nove meses vaga para o filho em uma das poucas creches da cidade. No meio da espera, descobriu que o segundo filho está a caminho e logo precisará de duas vagas. “Se não tem vaga nem para o primeiro, imagina agora”, lamenta. Enquanto a meta 1 do PNE é atender 50% das crianças de até 3 anos, a cidade onde vive tem apenas 178 vagas públicas e 2,2 mil nomes na lista de espera. Um retrato de algo que se repete em todo o Brasil, onde há 1,6 milhão de vagas públicas para mais de 10 milhões de crianças na faixa etária.
    Por causa disso, Talita deve engrossar o déficit relacionado às metas 11 e 12 , de ampliar a população entre 18 e 24 anos com curso técnico e superior. “Eu era boa aluna, mas quanto mais o tempo passa mais difícil acho de voltar para a escola. Agora já estou pensando em fazer bico quando os meninos estiverem maiorzinhos.”
    Morador da mesma cidade, Carlos Vinicius Costa Santos, 14 anos, é mais otimista quanto ao próprio futuro que personifica outros pontos ambicionados no projeto do PNE. Caçula em uma família de cinco irmãos sustentados pela avó diarista, ele é o único que não abandou a escola ou perdeu anos de estudo até o momento. “Acho que meus irmãos pararam por desinteresse mesmo. Eu pretendo ser advogado”, diz .
    Carlos fala da desistência dos irmãos mais velhos:

    Se apenas concluir o último ano do ensino fundamental já vai ajudar a cumprir a meta 2 , de universalização do ensino fundamental na idade correta, algo que seus irmãos e outros 539 mil brasileiros não fizeram segundo a última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) do IBGE, de 2011. A irmã, Taiane, de 16 anos, chegou a concluir com atraso o fundamental e agora se divide entre a busca por emprego e o ensino médio noturno.
    Ela dá pistas do que levou ao desinteresse dos irmãos. “O Carlos ainda estuda de dia e em uma escola que quase não falta professor. O colégio (ensino médio) é mais complicado, falta tudo, aula mesmo é raro e tem muita influência ruim”, resume. Ainda assim, ela voltou para a escola ao menos enquanto não encontra trabalho. Melhorar o ensino médio e mantê-la como aluna é a meta 3 do PNE, de atender 85% dos adolescentes de 15 a 17 anos. Atualmente, só 80% estudam – o que significa que 2 milhões de jovens nessa idade estão fora da escola.
    O futuro da família se relaciona ainda com a meta 8 , de elevar a escolaridade média da população de 18 a 29 anos para os 25% mais pobres e igualar a situação de negros e brancos até 2020. No último Censo, de 2010, apenas um em cada cinco negros acima de 20 anos continuava estudando.
    Professores
    Renato Babolim Ribeiro, 26 anos, representa outros protagonistas da Educação que aguardam aprovação do PNE para conseguir direitos mínimos: os professores. Formado em Pedagogia em 2011, ele vive em condições precárias com holerites que variam de R$ 51 a R$ 1.200 conforme a época do ano. “Ao contrário das empregadas domésticas, que finalmente conseguiram seus direitos trabalhistas, metade de nós professores ainda seguimos sem 13º, férias e qualquer garantia”, comenta desolado.
    Renato expõe a situação de professores por falta de concurso:

    Em todo o Brasil, embora faltem professores diariamente em sala de aula, apenas metade dos que atuam nas redes públicas tem cargo efetivo, a meta 18 é elevar para 90% os concursados. Isso mudaria a vida de Renato que hoje é professor auxiliar na rede estadual paulista contratado a cada fim do primeiro bimestre do ano e dispensado às vésperas das férias, em dezembro. Às vezes, ainda dá aulas como substituto, mas nunca tem certeza se terá trabalho ou renda. “São 25 mil professores nessas condições e não tem concurso para PEB 1 (que atende 1º ao 5º ano, na rede estadual de São Paulo) desde 2005. Tenho colega que chega a passar fome em casa alguns meses”, afirma.
    Também fazem parte dos objetivos do PNE equiparar a renda dos professores a dos demais profissionais de nível superior ( Meta 17) e garantir em um ano formação continuada nas áreas de atuação, incluindo pós-graduações gratuitas ( Meta 15 ). “Se eu pudesse, já estava cursando pós, mas falta renda e todos os programas oficiais de ajuda são voltados para o concursado, como se o governo não soubesse a nossa situação”, afirma Renato.
    Dizem respeito à especialização alguns dos objetivos mais difíceis de alcançar até o fim da vigência do plano, em 2020. Ainda entre os professores, a meta 16 é que 80% dos que atuam na educação básica tenham pós-graduação. Atualmente, o censo escolar apura a escolaridade dos mestres apenas até o nível superior. Mesmo aí já há uma defasagem quase impeditiva: 20% dos atuais professores sequer concluíram curso superior. Em uma pesquisa amostral do Instituto Paulo Montenegro, apenas um quinto havia concluído também pós-graduação. “Infelizmente a gente ainda tem que brigar por coisas mais básicas”, comenta Renato.
    A aposentada Maria Pereira Silva, de 57 anos, representa outra enorme demanda por mais investimento em educação por algo ainda mais rudimentar: saber ler e escrever. Ela faz parte dos 12,9 milhões de brasileiros analfabetos com mais de 15 anos – 8,6% de todos nós. Se a meta 9 do PNE for cumprida, em 2020 a alfabetização seria universalizada.
    A baiana que vive há 40 anos em São Paulo sonha com esse momento desde a infância. Quando completou 7 anos adiou os estudos pela primeira vez para trabalhar seguindo uma sina de filha mais velha. “Eu era remo de família”, explica. Aos 9 anos, o pai morreu e ela se viu cuidando das irmãs mais novas. Aos 18 anos veio para São Paulo em busca de oportunidade de trabalho e passou duas décadas como empregada doméstica e o restante como diarista.
    Maria fala de suas tentativas de estudar:

    “O tempo que sobrava eu dedicava ao meu filho, esse sim estudou. Até faculdade fez”, conta. Maria se matriculou em alguns cursos de jovens e adultos no meio do caminho, mas desistiu por conta das salas cheias e da falta de entrosamento com os colegas mais novos. “O barulho me incomodava. Acho que sala para adulto é diferente de adolescente, a gente precisa de mais atenção e calma”, avalia. Sem conhecer o PNE, ela também pede que as aulas incluam disciplinas que a ajudem a obter renda, exatamente como a meta 10 , que estabelece que uma em cada quatro vagas para adultos seja integrada a educação profissional. “Se eu soubesse um lugar que desse curso de escrita e costura junto, eu correria atrás.”
    O PNE traça ainda objetivos para a população deficiente, para aumentar o número de mestres e doutores na educação superior, melhorar o resultado das redes nas avaliações e estimular a gestão democrática nas escolas ( veja todas as metas aqui ). A meta mais discutida da lei, no entanto, é a 20, que trata das fontes de financiamento para garantir que a lei signifique de fato mudanças nas vidas de Talita, Carlos, Renato, Maria, os milhões de pessoas que eles representam e, por consequência, da população toda.
    Série:
    Esta reportagem faz parte da série do iG sobre as mudanças que poderão ser ocorrer na  educação do País a partir do investimento dos royalties do petróleo na área. Para entender o contexto, conheça a história dos royalties no Brasil  e a tramitação dos projetos de lei no Congresso . Nesta quarta, exemplos de outros países que fizeram alto investimento em educação e que podem servir de inspiração ao Brasil serão apresentados.