quarta-feira, 23 de janeiro de 2019

O que aprendi após receber o título de doutor!?


Tambaba - PB



De Geógrafo medíocre a um palhaço suportável

Completa em 2019 10 anos que tive a oportunidade de escrever uma tese sobre ensino de Geografia e pedagogia anarquista. Não falo que é minha tese, pois é uma obra totalmente pertencente a outros. De qualquer modo eu entrei no doutorado para mudar os outros e eu é que acabei sendo mudando.

Eu seria um professor medíocre em alguma universidade do Brasil, afinal, esse era meu objetivo. O processo de doutoramento foi o mais feliz da minha vida. Eliseu Sposito aceitou-me, mas não havia nada de proeminente em mim que o desse alguma certeza. O mestrado foi um mal enjambrado de Geografia da Saúde com Geografia do Trabalho que não teve repercussão na Geografia em geral do Brasil.

Hj fico feliz de que geógrafos fiquem atentos aos agrotóxicos, pois fiz muitas comunicações nos congressos de geografia para duas pessoas e houve uma que nenhuma, embora esse trabalho de anos de pesquisa tenha sido utilizado para a ANVISA realizar capacitações de riscos. Este reconhecimento da ANVISA no governo FHC é o  que me deixa mais aliviado sobre a pertinência de meu empenho no mestrado orientado por Edvânia Torres na UFPE e Paulo Adissi da UFPB.

http://www2.fct.unesp.br/pos/geo/dis_teses/09/antoniosobreira.pdf

Já este doutoramento era inicialmente sobre pensamento geográfico e educação geográfica com intuito de me formar professor formador de professores. Também eu sabia do status do pensamento geográfico e achava que a geografia radical precisava de algum dizer meu a partir de práticas educacionais pífias que achei serem como boas.

Minha prática educacional só me ensinou uma coisa aproveitável: “os estudantes querem mais de vc amizade do que conhecimento, querem mais respeito do que notas”! Bem, ao menos para aquelas pessoas que sabem que notas e conhecimento não mudam nem suas práticas nem o caráter e não exclusivamente através educação formal se fariam essas mudanças!



Ultima Caminhada pela democracia com Haddad - João Pessoa


Eu não sabia de nada disso, quando me despertei para a pedagogia anarquista o primeiro pensamento que eu quis desse doutoramento era que esta não servisse para nenhum plano educacional. Ela tinha que ser intragável para geógrafos, educadores e planejadores educacionais. Eu mal sabia o que eu ia escrever, mas já desejava que não prestasse serviço ao Estado e a pensadores corretos.

Quando se escreve uma tese por amor aos professores com o pressuposto de que eles devem ser mais felizes do que educadores e só assim serão educadores de fato, não pelo conhecimento, mas pela emoção e que ao final, ensinar Geografia ou qualquer outro conteúdo escolar era um erro, dava-se a entender que eu era a favor do fim da Geografia nos currículos e ao desemprego em massa de professores de Geografia e outros. Temer acabou cuidando um pouco disso, mas por razões bem diferentes das minhas.

Não era isso, mas era isso sim! Passado 10 anos tenho certeza que a tese só se convalidou por que eu mudei de um potencial professor medíocre, pouco dado a formalidades, para um produtor cultural de sucesso e um palhaço suportável.

Desde 2009, quando migrei para ser co-gestor do Ponto de Cultura Prudente em Cena até os dias atuais, somando todos os projetos que escrevi e co-gestei a maioria entre associações, setor privado e público consegui participar diretamente da viabilização de aproximadamente 2 milhões de Reais destinados à economia da cultura.

Video Circo Da Vinci e Festival 11 anos Rosa dos Ventos: http://vimeo.com/23723104

Não gosto mais de sala de aula, pesquisa educacional, fazer a mim intelectual e figurar na academia como um clero e seus relatórios de bolsa, de Lattes e quaisquer das obrigações da fábrica de papers que se tornou a pesquisa mundial.

1a apresentação do Palhaço Aperreio em João Pessoa no Castelo de História 



Como acadêmico em geografia eu era até escutado, havia até que achasse que eu ia ser alguma coisa. O anti-intelectualismo e aversão à vaidade acadêmica para sobreviver neste ambiente era muito insincero. Palhaço Fezes ou Palhaço Aperreio é quando me sinto mais sincero e efetivo de mim. Posso ser todos meus defeitos.


Circo Teatro Rosa dos Ventos - Palhaço Espigão, Dez p Sete,
Beterraba, Fezes e Custipiu del Pinote

Circo Teatro Rosa dos Ventos - Palhaço Espigão,
Beterraba, Fezes e Custipiu del Pinote


O nome de palhaço Aperreio veio em substituição ao palhaço Fezes. Fiz esse rebatizado em 2014, pois combinava com meu perfil e era menos agressivo.

Não faço rir, não agrado crianças, não pago de Clow, sou tão anti-escola quanto anti-clow bonzinho e poético. Portanto, sou um palhaço invendável para festas e animações. Em verdade, sou um esforço de insuportabilidade continua.

Não xingo clow, mas prefiro distância dessa bondadezinha.

Há alguém ainda que me respeite como proto intelectual, mas queira me ver irascível quando um douto começa a receitar livros úteis como bulas de remédio e achando fazer o maior bem do mundo.

Não consigo ler mais nada de Geografia, não por que deixou de prestar, mas porque minha integridade de pensamento não cabe mais. Creio que há pessoas mais sinceras e qualificadas para fazê-lo sem sentir que se está auto torturando como me sentia.

Esses 10 anos de titulação fez a minha mudança, que até foi percebida com desagrado por alguns pares acadêmicos como se eu desdenhasse a grana pública que a mim foi destinada para me tornar uma pessoa titulada.

Hoje quando vejo as pessoas apavoradas com os estudos de mestrado e doutorado e acho engraçado, santifica-se a pós graduação antes de entrar e depois a sataniza-se quando se exige o óbvio desse ambiente.

Durante o doutorado eu fui buscar a arte e a cultura, a dança, a boemia, a juventude, liberdade e crescimento diferente do acadêmico. Amei mais, ou achei que amei.

Eliseu quando teve a primeira conversa comigo disse que meu projeto deveria ser também de vida e não somente intelectual. Ele respeitou a todas decisões com certo prazer de ver a minha loucura transparente.

Tive recaídas acadêmicas quando resolvi fazer concurso para a UEPB, qual passei por ter título de doutor, mas o terceiro candidato iria fazer melhor trabalho. Eu precisava viver isso novamente para saber que não há o que fazer para graduações por título. Sou mais adequado aos desgraduados de coração.

Apenas lembrando, todos amigos de militância estudantil mais aguerridos tão repudiada na época e hoje, são professores, diretores de escola, doutores, mestres e alguns reitores, coordenadores e com atuação que seus professores coxinhas e hiper acadêmicos se envergonhariam tê-los prejudicados.

Voltando a essa comemoração de 10 anos de liberdade da vida acadêmica e da produção intelectual. Eu sei vez por outra que alguém se interessa por essa tese que escrevi. Há até quem ache que sou anarquista. A prática da tese ocorreu no Ponto de Cultura Prudente em Cena, na Escola Viva Olho do Tempo.
Capa de Informativo com atividades do Ponto de Cultura Prudente em Cena da
Federação Prudentina de Teatro atual Galpão Cultural da Lua

Aula de campo Rio Gramame com crianças
 da Escola Viva Olho do Tempo

Aula de campo Rio Gramame com crianças
fazendo stop motion da Escola Viva Olho do Tempo

Educação por Projeto Feira de Trocas
de Guarabira da UEPB


Sinto-me feliz tocando flauta, clarinete ou dançando em algum canto. Sinto feliz de palhaçar e aperrear as crianças! Sinto-me feliz de escrever projetos e quando são aprovados, fico feliz em ver os recursos serem utilizados e depois as contas fecharem e seguir em frente.

A nova fase é esta da empresa que criei Forme Cultura Cursos que é mais uma projeções de sonhos que foram construídos desde 2009.

Com este texto comemoro 10 anos passados de uma nova aventura que não parou de acontecer em minha vida, com amores, dissabores, amizade e luta.
Manelão e Aperreio recebendo Lula em Monteiro

Aperreio recebendo Lula em Monteiro

Grato