quinta-feira, 26 de outubro de 2017

As raízes do anarquismo e a Geografia: em sentido à emancipação espacial.




Tradução precária: eu

SPRINGER, Simon. As raízes do anarquismo e a Geografia: em sentido à emancipação espacial.


Por John Clark*

Os leitores que desejarem descobrir evidências do anarquismo na Geografia precisam saber que elas estão vivas e passam bem se lerem este livro. O autor, Simon Springer, é um dos mais ativos intelectuais anarquistas de nossos dias. Em 2016, Springer escreveu dois livros e editou 5 outros além de vários artigos, alguns técnicos, tematizados na perspectiva anarquista e profundamente preocupado com as lutas contemporâneas.

            A vivaz polêmica “Foda-se o Neo-liberalismo” teve mais de 50.000 acessos nas redes sociais.
O subtítulo é uma boa indicação de sua proposta. Ele trata de um projeto de libertação da humanidade e da natureza de todas as formas de dominação. Com grande paixão e eloquência, Springer conclama a uma volta às raízes geografia radical e aos conceitos anarquistas de engajamento social e político.  Através dessa geografia da autonomia e da solidariedade, “configura-se o desejo por uma política radical que seja capaz de conquistar o impossível”.

            Springer discorre que o anarquismo como tema contemporâneo tal como a biopolítica e a teoria  do rizoma , mas também olha para trás retomando os pensadores anarquistas clássicos, mostrando suas teses cabais contra a hierarquia e dominação. Há uma dedicação e reconhecimento da importância de um grande intelectual, filósofo, político e geógrafo do séc XIX, Elisée Reclus.

            Springer se inspira em Reclus no que tange ao anarquismo comunitário e o projeto de uma geografia universal, de fato uma geografia solidária, qual comparável com o Budismo e Daoismo que interconecta todas as coisas.

            Ele também segue Reclus unindo a estética e a ética, proclamando que “estamos prontos para a beleza”. Para Springer, a utopia não é um ideal distante, mas presente no aqui agora. Ele faz eco as palavras de Reclus acreditando que é crucial uma sociedade amorosa e inteligente para ocorrer uma profunda transformação social, prefigurando assim a ideia anarquista de grupos de afinidade como base da sociedade livre.
            Springer explica que a ética da não violência é o cerne do anarquismo e ainda observa que a oposição ao Estado é baseada na rejeição da violência organizada exigindo maior força de organização com a sociedade já que o anarquismo tem compromisso inabalável pela não-violência e de absoluta condenação da guerra. Deste modo, ele se filia à tradição anarquista-pacifista que tem seus fundamentos em Tolstoy, Thoreau e Doroty Day.

            Isto também se aplica a suas críticas à dominação colonial, investindo também contra o Estado centralizador implantando como base de poder desde o início do processo de expansão (conquista) colonial.

            Springer escreve que “o pós colonialismo” em qualquer sentido requer um pós-Estatismo ou anárquico que tenha um olhar em tradição inspirada no não-estatal. Nós devemos ir contra a alienação e contra a opressão do povo através da saber tradicional e revoluções contemporâneas pragmáticas como as indígenas do Zapatismo que possuem profundo entendimento histórico e de experiência baseada no conhecimento da destruição provocada pelo capitalismo e pelo Estado Centralizados.

            Finalmente, Springer faz críticas ao urbanismo naquilo que observa estar profundamente infectado pela ideologia hierárquica enviesada com o poder central e com modelos de especulação urbana. Na leitura anarquista da urbanidade “os valores incorporados no espaço público são aqueles definidos pela a democracia”.

O espaço público advém do espaço de auto determinação através de comunidades livres. Springer constrata “o espaço Disneylandia do capitalismo neo-liberal extraído de sua especificidade geográfica com espaço de não-domínio da comunidade anarquista.

            Conclui suas observações com o pensamento de esperança que os lugares irão se libertar, nos quais surgirão novas possibilidades para a realização do bem, da bondade, liberdade e da criatividade que estarão sempre presentes e prontas para emergir. Nós necessitamos de políticas de possibilidades, vivendo um despertar, com engajamento na vida dos lugares que nós próprios tenhamos como horizonte.

Springer é otimista sobre essas políticas por dois motivos. O primeiro decorre de uma longa e rica história de realizações com possibilidades criativas vindas desde as sociedades tribais  e das grandes revoluções até as experiências comunitárias atuais.. O secundo motivo vem da emergência de possibilidades inerentes à verdadeira estrutura da realidade.

Nós vivemos num universo de liberdade e de criatividade. Nós devemos sempre falar que temos em nossa natureza a liberdade e criatividade própria.


*John Clark vive em Nova Orleans e em Bayou la Terre na costa florestal do Golfo do México. Ele tem longa história de ativismo na Ecologia radical e nos movimentos de anarquismo comunitário e presente nas lutas de resistência com Bayou Bridge Pipeline. Diretor do Instituto Terra para a Comunidade e Ecologia.




sexta-feira, 13 de outubro de 2017

Pedagogia do Crime: São burros e não conseguem aprender...AK47 neles!


Em matéria da BBC sobre evasão escolar e violência no Brasil, veja que constatação extraída de pesquisa sobre jovens que entraram para o crime:

Entre os que cumpriam pena, todos, sem exceção, tinham largado a escola entre 11 e 12 anos. E citavam motivos banais: são "burros" e não conseguem aprender, a escola é "chata", o sapato furado era motivo de chacota. Os colegas de infância continuavam estudando.
Pesquisa identifica evasão escolar na raiz da violência extrema no Brasil Thiago Guimarães - @thiaguima
Na escola do crime não tem evasão, não tem reprovação, não tem coisa chata. Ela é dinâmica e operacional. O currículo não é oculto. É explicito. Os objetivos são claros e o método é coerente com conteúdo e prática, não divergem, confluem-se para o mesmo lugar. 

A pedagogia do crime é bem parecida com a pedagogia prática capitalista, a vantagem é que não seguem planos pedagógicos alienígenas e filosofoides, inventados para a ingenuidade política e descompromisso com os envolvidos. 

O salário do professor tem intima relação com o progresso dos alunos e vice-versa! Não há indisciplina ou é resolvida rapidamente!

Educação do transito é barricada!
Justiça social é distribuição de presentes!
Notas são de dinheiro!
recebe-se por produtividade!
Plano de saúde é caixão!
Não a repetição de ano
e o melhor castigo pode durar de alguns meses ou por muitos anos!

Trocando algumas palavras é o construtivismo aplicado integralmente e quem não consegue construir está fora do mercado e não há reciclagem!



Outras coisas...os professores depositam confiança, instrumentos e funções objetivas a uma finalidade. 



A pedagogia da violência é efetiva, não por ser violenta e gerar violentas pessoas, mas por ter um currículo adaptado, metas claras e respaldo de todos envolvidos e intensamente integrada ao objetivo final. A avaliação é continuada e o estudante sabe os critérios precisos dela.



Todos os elementos para a formação não são negados. o aluno tem acesso a tudo e imediatamente aplique seus conhecimentos e instrumentos! Não é um devir!



Assim, a pedagogia da paz, não a da alienação, tendo a mesma autonomia pedagógica do crime, pode criar um resultado oposto:



Pessoas democráticas
Tolerantes
respeitosas
honestas
altruístas
criativas
objetivas
humanas
e prolongam uma vida bem vivida
e desarmadas!

Ler matéria em:
http://www.bbc.com/portuguese/brasil-40006165



segunda-feira, 9 de outubro de 2017

Educanarquista 6 anos de existência.



Educanarquista é um blog de escrita livre e desapegada, mas que busca provocar nosso autoritarismo educativo, reflexões e ponderações sobre a possibilidade de pensar numa educação antiautoritária. 

Surgiu em julho de 2011, percebendo que o tema de educação compulsória, obrigatória e imposta não seria uma meta ética com as pessoas.

Nesses 6 anos de existência registrou 25 mil acessos. Não querendo dizer com isso que todos os textos foram lidos, pois muitos podem apenas ter sido visitados. Há textos de 5000 acessos e dos que estão em média em 100 leitores.

Foram 128 textos curtos e longos assim distribuídos nos 6 anos de existência Publicou-se em 2011 um total de 35 textos, 2012 com 16 textos, 2013 com 47, 2014 com 48, 2015 com 15, 2016 com 12 e em 2017 não passara de 10.

Esta experiência eu não estimo quanto foi formativa ou não, pois ficou restrita a pessoas amigas e blogs são sujeitos a ataques robôs que superestimam acessos.

De algum modo, estes textos são extratos mais jornalísticos da tese de doutorado Pedagogia Anarquista e ensino de Geografia: conquistando cotas de liberdade.

acesso livre: http://www2.fct.unesp.br/pos/geo/dis_teses/09/antoniosobreira.pdf


Há quem acredite por esse tema que preocupa-me em formar anarquistas ou que a minha opção de luta é dentro do campo político do anarquismo. Não faço parte de nenhum movimento, não sou epistemólogo do anarquismo e nem digo o que deve ser uma anarquista. Mas há muita gente que sabe e diz o que tem que ser um.

Especializei-me em educação anarquista, estudei isso e creio que qualquer pedagogia anti-autoritária está bem próxima da ética, não necessariamente da politização.

Abaixo os textos que mais chamam atenção por total de acessos em 09 de outubro de 2017.