domingo, 7 de fevereiro de 2016

Educação, gênero e a pedagogia anarquista: basta de meticulizar a vida alheia!



Não sou estudioso da educação em/de gênero. Apenas intuo que a masculinidade e feminilidade são manchas oscilantes e que por motivos que desconheço predominam ou são mais nítidas e expressas nas individuações.

É inescapável que os educadores encontrem crianças e jovens em que essas oscilações, despercebidas ou percebidas por elas e eles favoreça opressões, auto-opressões ou uma feliz e incessante ignorância sobre esses sentidos até que a vida bata na porta e exija limiares de saúde afetiva para essas pessoas se sentirem em equilíbrio aos que lhe oferece amor e cumplicidade.

Visitei a Escola Summerhill e li algumas poucas coisas. Nesta visita que realizei em 2008 eu percebi um casal de meninas que se entre abraçavam afetivamente. A Escola Summerhill escandalizou e escandaliza os pedagogos até hoje, embora que ao longo do tempo seja mais careta hoje do que foi no passado. Entretanto, nenhum estudante foi engravidada por professores ou caso contrário.

Vivem em internato, tomam banho naturista na piscina da escola e no passado as leis educacionais não proibiam que as crianças e adolescentes dormissem juntas. Num ambiente sem rigores do conservadorismo e do proibitivo se sai muito melhor nessas condições do que nossas escola impregnadas de falso moralismo, sexismo e machismo.

Serei banal, mas me parece que quando você elimina a barreira do corpo intocado e inatingível, pode oferecer mais saúde mental do que essa falsa moral do corpo vestido. Sinto-me mais respeitoso e menos invasivo numa área de naturismo do que numa praia ou shopping, onde todos fingimos que não estamos desnudando todas as pessoas.

E quanto mais opressor, mais religioso, mais moralista, pode se incorrer em mais desejo e mais invasão do outro.

Algo que preocupa Summerhill e a Escuela Paideia e certamente todas as escolas de liberdade e democrática é como libertar o desejo do crime pelo desejo escondido.

As meninas em Summerhill se beijavam e nada havia de estranho ou notável. Nos escritos dessa escola falam que quando alguém se enamora não ocorrem achaques, comentários específicos sobre as aproximações, julgamentos e condenação. Aceita-se a aproximação e isto estabelecido reduz toda a carga de explicações e de parafernálias conservadoras, inveja e outros sentimentos, que as vezes percebemos como carinnho e atenção de nossos próximos, mas que no frigir dos ovos são controles: Ahhhh! Você está com ela!!! Ahhhh! Vocês estão namorando!! Como se esse tipo de comentário fosse fazer a pessoa certificar publicamente que: Sim! Estamos!! E dali para frente todos são marcados a ferro e brasa!

Nossas lutas pela educação de/em gênero merece essa barra, pois entendo que designa um processo, essas manchas de sentires onde a pessoa afetivamente irá se abrigar. Essa ressalva é por considerar o que alguns dizem que não nascemos com gênero definido e que parte de nossas identidades são construídas socialmente, mais do que por individuação autóctone. Somos o que somos pelo que os outros esperam de nós? Creio que não é nem tanto para lá nem tanto para cá e especialistas estariam mais balizados para oferecer direções mais generosas do que meu pouco estudo permite até então.

Centro-me mais no fato escolar que os professores, amigos e demais âmbitos societais, tal como a escola devem preservar-se de comentários sobre as aproximações. Embora o campo afetivo e a felicidade alheia seja nosso desejo ou da maioria, esse tipo de acentuação, pequenas fofocas, comentários e mexericos só no faz incidir em limitar a liberdade alheia! Deixar as outras pessoas em paz em suas buscas, não forçar certificações, ajustamentos e respostas aos outros como se fossem cartórios que chancelam ou não as aproximações.

É importante declarar que essa intromissão não é prova de ser afetivo, mas de querer e exigir do outro um posicionamento, nem que seja o de constrangimento. Antes da questão de gênero, respeito é bom, gostamos e devemos preservar a intimidade dos outros! Comentariozinhos não são provas de cuidado, mas de controle dissimulado, parecendo afeto, mas não é! Não se meta onde não está sendo chamado!

E por que a pedagogia anarquista, assembleista, da autonomia do sujeito, em liberdade ou de felicidade pode se arrogar essa posição? Porque os processos educativos são prioritariamente de autoconhecimento antes de acumulação banal de informações! Primeiro ser para depois ter! Lógica que assusta aos conservadores e pais apavorados que acreditam primeiro em ter para depois ser!

Em outras palavras, parem de meticulizar a vida alheia!