terça-feira, 15 de abril de 2014

Divórcio de mim mesmo!


Depois desses anos de convívio comigo percebi que tudo se acabou, peço divórcio de mim formal e irrevogavelmente. 

Quero com separação de corpos e de bens. Em decorrência do trabalho escravo ou similar, Também entrarei na Justiça do Trabalho contra mim e toda auto expropriação do meu trabalho que me impede ter os direitos trabalhistas mínimos. 

Também, como patrão de mim mesmo, entrarei com um cancelamento de contrato por justa causa por ter sido relapso em todas as minhas responsabilidades contratuais e de acordo coletivos que rompi. 

Não bastando, entrarei ainda na Justiça Eleitoral cassando meu título de eleitor tal ele tem sido utilizado indiscriminadamente por votar ou me abster de fazê-lo. 

Solicitarei ao Ministério da Educação para anular completamente meu diploma de professor, já que esses anos todinhos eu menti em todos os procedimentos pedagógicos e didáticos em que me meti. 

Nessa leva de desautorizações eu pedirei que recolham minha permissão de conduzir, já que sou um boçal na direção.

Não tendo nenhum lugar capaz de me julgar em fórum desprivilegiado, recorrerei ao supremo, pois neste caso, sendo ateu, não tenho qualquer direito de recorrer às justiça divina. Por isso tem que ser um justiça suprema que elimine qualquer possibilidade de que eu aja por mim mesmo. 

Exijo o direito de eu não ser eu! Até que a vida me separe!

quarta-feira, 9 de abril de 2014

Anarquismo e Valeska Popozuda: aprofundando a questão



A questão de prova que citava a Valeska Popozuda como pensadora contemporânea, embora não pareça, tem a genese na filosofia e por isso, no anarquismo e outras correntes de pensamento.

 Dentro do anarquismo, em todas as épocas, sempre fomos pela educação e pela comunicação. Em todos os lugares a militância anarquista esteve associada com a comunicação das ideias e habilitação das pessoas a ler e compreender a sociedade. A famosa “leitura da sociedade” de Paulo Freire.

Em tempo, aglomeraram contra ela o sentido de pensar e ser pensador só para os que se dizem refletir mais extenuadamente que outros. Mas isso é um exagero, uma apropriação indevida e criminosa. Primeiro por se estabelecer que alguns são pensadores e outros não. A qualidade do pensamento não está contida na quantidade de reflexão. O pensamento, tal como a inteligência pode ser produzido em estalos ou por muito laborioso trabalho. E num caso ou no outro, alguns pensadores mentem tanto ser um estalo, quanto ser laborioso. Pensadores são bons mentirosos.

No caso da Popozuda, a questão que prevalece é o preconceito. Afinal, ela não pode ter a alcunha de pensadora por que? Por que não atende ao que se denomina superior pensamento? Por que propõe o superficial e efêmero?

A autoaprendizagem, a autonomia intelectual e o desejo de pensar não é um atributo maior em Einstein do que o dela. E de tantos criadores da Bomba Atômica que não ficaram tão felizes com seu uso. Pensamento maior e menor, não é um problema da Popozuda, mas na verdade contra todos nós que não temos evidência política, intelectual e midiática para colocar nossas ideias.

Pior do que condenar Popozuda como não alta e auto pensante atual é o mesmo que fazem com todos nós dissimuladamente, mas igualmente preconceituosamente.

Quem a denominou por essa alcunha foi justo. Contundente e questionador de toda a bobagem que somos obrigados a ouvir como notável, mas não é! E talvez nunca seja!

Ainda bem que os críticos alarmistas e histéricos conservadores estão mostrando suas garras contra ela, que embora não não pareça ter qualquer identidade com o pensamento de mudança da correlação de forças sociais injustas, é caçada e cassada no direito de ser considerada uma pensadora contemporânea, pois nós também somos fuzilados no mesmo paredão.

Quem julga o que é ou não um pensador contemporâneo?

quarta-feira, 2 de abril de 2014

Estudantes do Brasil são burrinhos. A imprensa adooooora falar de macaquinhos aritméticos!

Este "último" teste de solução de problemas de matemáticas foi adorado pela mídia. Interessante é que no geral os burrinhos brasileiros se ferraram. Mas quando se tratava de uma pegadinha, armadilha, na questão eles se igualaram aos melhores da "Coreia do Sul" (centro universal da escola melhor do universo inteiro). Veja bem, mal grado sejam testes elaborados por equipes sérias não tem qualquer função útil. Claro, a de dizer que saber matemática é importante para o capitalismo. Notoriamente, critério de imbecis. Deviam fazer testes de engajamento social e de alteração de injustiças locais. Coisas que o capitalismo odeia, tal como: promover e evidenciar a justiça, social, contra a fome, violência e luta pelos direitos humanos. Ai sim eu acharia notável a mudança do sentindo de concorrência para o grau de cooperação para uma sociedade melhor! Que não é sinonimo de melhor economicamente!

A mídia preferem anunciar os macaquinhos aritméticos!

Leia ai a suruba midiática que insiste se medir por baixo da latrina!


Alunos brasileiros ficam entre os últimos em teste de solução de problemas

Do UOL, em São Paulo
Os estudantes brasileiros ficaram em 38° lugar entre jovens de 44 países em um teste de solução de problemas matemáticos feito pela OCDE (Organização para a Cooperação de Desenvolvimento Econômico) e divulgado nesta terça-feira (1°).
Enquanto os alunos de países da OCDE tiveram média de 500 pontos na avaliação, os jovens brasileiros atingiram em média apenas 428 pontos. O relatório mostra ainda que 47,3% dos brasileiros tiveram baixa performance e só 1,8% conseguiu solucionar problemas de matemática complexos.

Aluno da rede pública, qual o principal problema da sua escola?

Resultado parcial
A avaliação foi aplicada a jovens de 15 anos de todo o mundo e é parte do relatório do Pisa 2012 (Programa Internacional de Avaliação de Alunos). Os jovens de Cingapura, Coreia do Sul e Japão ficaram nas primeiras posições do ranking.
O desempenho dos alunos brasileiros ficou abaixo ainda do de jovens da Rússia, de Portugal, da Croácia e do Chile.
Meninos tiveram desempenho melhor que as meninas na prova de matemática. Em média, a diferença foi de 22 pontos. Entre estudantes dos países da OCDE, a variação é de, em média, 7 pontos.
Confira o ranking completo
  • 1° lugar - Cingapura - 562 pontos
  • 2° lugar - Coreia do Sul - 561 pontos
  • 3° lugar - Japão - 552 pontos
  • 4° lugar - China - Macau - 540 pontos
  • 5° lugar - China - Hong Kong - 540 pontos
  • 38° lugar - Brasil - 428 pontos
  • 39° lugar - Malásia - 422 pontos
  • 40° lugar - Emirados Árabes Unidos - 411 pontos
  • 41° lugar - Montenegro - 407 pontos
  • 42°lugar - Uruguai - 403 pontos
  • 43° lugar - Bulgária - 402 pontos
  • 44° lugar - Colômbia - 399 pontos
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Conheça histórias de sucesso na educação42 fotos

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Morador de favela em SP, Jonathan Silva, 20, foi aprovado em universidade federal de Sergipe por meio das cotas para alunos de escola pública e de baixa renda, previstas em lei federal. Ele, porém, não tinha dinheiro para viajar e fazer a matrícula, que deve ser presencial (R$ 470 de avião ou R$ 340 de ônibus, em viagem de 35 horas). O estudante conseguiu doações para pagar a viagem após matéria da Folha que mostrava seu caso Leia mais Danilo Verpa/Folhapress

Resultado geral

No final do ano passado, a OCDE divulgou o relatório geral do Pisa 2012, que mostrou que o desempenho dos estudantes brasileiros em leitura piorou em relação a 2009. Matemática foi a única disciplina em que os brasileiros apresentaram avanço no desempenho, ainda que pequeno. O Brasil saiu de 386 pontos, em 2009, e foi a 391 pontos --a média da OCDE é de 494 pontos.
A melhora não foi suficiente para que o país avançasse no ranking e o Brasil caiu para a 58ª posição em matemática.
Apesar da melhora, 2 em cada 3 alunos brasileiros de 15 anos não conseguem interpretar situações que exigem apenas deduções diretas da informação dada, não são capazes de entender percentuais, frações ou gráficos.
Segundo Ocimar Munhoz Alavarse, especialista em educação pela Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP), o país ainda tem muitos alunos com baixo desempenho nas áreas avaliadas. "Quando a gente olha o Brasil nos resultados desse Pisa, não só a média geral é baixa como tem muita gente concentrada abaixo do nível adequado. Esses alunos que saem do ensino fundamental e são avaliados pela prova acabam tendo o desempenho que se espera de um aluno do 5º ou 6º ano".

sábado, 29 de março de 2014

Exames Nacionais e Prêmio Nobel da Economia

Eu mesmo não sei a razão que James Heckman, prêmio Nobel de Economia que reclama dos prejuízos causados às escolas dos exames nacionais. Esses examens criados pelos governos paleo-liberais para aferir a qualidade das escolas e professores!?!? Ele fala, fala e fala....mas não cita a palavra controle! Bãozim ele né!? 

Foda é ver gente tão inteligente falar umas bobagens inúteis para o que se chama "educação".

JC e-mail 4918, de 24 de março de 2014
James Heckman fala sobre a importância de medir e avaliar habilidades não cognitivas ou socioemocionais e seus impactos na qualidade do ensino, usando modelagens econômicas e técnicas psicométricas

Ministros da Educação, formuladores de políticas públicas e especialistas em ensino de vários países se reúnem em São Paulo amanhã e terça-feira para ouvir o economista James Heckman, prêmio Nobel de Economia, falar sobre um tema que está no radar das políticas educacionais de governos do mundo inteiro: a importância de medir e avaliar habilidades não cognitivas ou socioemocionais - como liderança, abertura a novas experiências, otimismo, perseverança - e seus impactos na qualidade do ensino, usando modelagens econômicas e técnicas psicométricas.

No seminário "Educar para as competências do século XXI", organizado pelo Ministério da Educação (MEC) e Instituto Ayrton Senna (IAS), Heckman e seu assistente na Universidade de Chicago Tim Kautz vão apresentar um trabalho acadêmico encomendado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) que pretende mostrar que avaliações educacionais de larga escala, como o Pisa e a Prova Brasil, por exemplo, aplicadas hoje em vários países para medir a qualidade do ensino, têm um potencial limitado.

No sábado à noite, antes de embarcar para o Brasil, Heckman foi enfático ao dizer ao Valor que os atuais instrumentos para aferir bom desempenho escolar corromperam os sistemas educacionais como um todo. "Quando dissemos que os testes educacionais eram a coisa mais importante para orientar as políticas educacionais, as crianças e os professores ficaram só focados em ensinar e aprender com base nesses testes. As grandes avaliações corromperam o sistema educacional tradicional. O que nós queremos mostrar é quais são as habilidades que mais importam para a vida, então muito melhor do que ficar dando pontos pelo conhecimento em inglês, português ou matemática é avaliar como o comportamento e a motivação da criança impactam nesses conhecimentos", afirma Heckman.

Na entrevista a seguir, feita por telefone, o prêmio Nobel de economia em 2000 também disse que não defende o fim das avaliações educacionais como elas são hoje, mas que seja restaurado um equilíbrio entre as medições e interpretações das habilidades não cognitivas e cognitivas (memória, capacidade de racionalizar e interpretar) na condução das políticas educacionais.

Além da participação de Heckman, outro destaque do seminário é a apresentação, por pesquisadores do IAS, de resultados de um teste-piloto que mostra a relação entre habilidades não cognitivas e desempenho escolar feito com alunos da rede estadual do Rio de Janeiro no fim de 2013.

Valor: O que o trabalho que o sr. e o pesquisador Tim Kautz vão apresentar em São Paulo traz de novidades?
James Heckman: Irá mostrar basicamente 1: como medimos as habilidades não cognitivas e que impactos elas trazem ao longo da vida; e 2: como certas intervenções sociais podem melhorar habilidades cognitivas e não cognitivas na escola, principalmente durante a primeira infância. Foi um pedido da OCDE. Eles sabem que habilidades não cognitivas são muito importantes para compor as notas do Pisa [Programme for International Students Assessment], mas elas não estão sendo consideradas no teste. Nós mostramos que elas podem ser medidas, o Rio de Janeiro está mostrando isso.

Valor: A OCDE pretende mudar o Pisa? Além das notas de línguas, matemática e redação, quer incluir testes de comportamento para medir a influência das competências ditas socioemocionais no desempenho escolar?
JH: O Brasil está na frente do jogo com a experiência do Rio, por isso está ajudando a OCDE nessa experiência. A OCDE está fixada na avaliação do Pisa e na conferência deve confirmar que o teste não deve ser tão limitado na perspectiva de composição de suas notas.

Valor: Como avaliações desse tipo, que relacionam habilidades não congnitivas com aprendizado, podem ajudar a melhorar as políticas educacionais e o ensino?
JH: Hoje estamos avaliando a qualidade da educação com base nas notas do Pisa. O que nós queremos mostrar é quais são as habilidades que mais importam para a vida do estudante. Isso define uma melhor maneira de acompanhá-lo, saber quem precisa de ajuda e, talvez, evitar que muitos fiquem para trás. Então, muito melhor do que ficar dando pontos pelo conhecimento em inglês, português ou matemática é avaliar como o comportamento e a motivação da criança impactam no conhecimento.

Valor: Renovar a educação a esse ponto implica uma revolução dos modelos que conhecemos hoje?
JH: Se você olhar para a educação americana há 50 anos não é uma revolução. Basicamente as escolas americanas ensinavam como construir o caráter do estudante. A maioria delas costumava transmitir valores como cooperação, moral, a importância de frequentar a escola. Isso não é uma revolução, talvez seja uma revolução dentro da revolução: as escolas não devem estar focadas somente em um único aspecto de sucesso do estudantes, aquele medido pelos testes, agora há mais evidências para saber como valores contribuem para a educação.

Valor: Mas isso não implicaria uma série de mudanças? Preparação de professores, currículo...
JH: A abordagem tradicional da educação sempre foi a de encorajar a criança, mostrar valores, ensinar toda uma gama de habilidades. O que deve acontecer é que devemos nos voltar para esse esquema. O que aconteceu é que quando dissemos que os testes educacionais eram a coisa mais importante para orientar as políticas educacionais, as crianças e os professores ficaram só focados em ensinar e aprender com base nesses testes. As grandes avaliações corromperam o sistema educacional tradicional. Valorizar competências socioemocionais na escola é mais como um retorno ao Jardim do Éden do que uma revolução, é realmente voltar anos no tempo para melhorar as políticas educacionais. É importante dizer que nós podemos medir essas competências e nós sabemos que elas são importantes. Não é uma revolução porque é o que professores sempre fizeram, ensinar o básico em termos de conhecimento, mas também valores.

Valor: O sr. está defendendo o fim das avaliações educacionais de larga escala?
JH: Não, ambas [avaliações] são importantes. Não é preciso ir de um extremo a outro, mas o mais importante aqui é restaurar um equilíbrio. O que aconteceu é que nós passamos a focar tanto nas habilidades cognitivas e deixamos outras habilidades que são importantes para trás.

Valor: Usando o Pisa como exemplo, é possível integrar um teste tradicional que mede conhecimento com um que avalia habilidades não cognitivas?
JH: Há um quadro que mostra que determinada criança é boa em matemática, talvez não tão boa em português. Se incluirmos aí outro aspecto, podemos saber talvez que essa criança tem problemas em cooperar com seus colegas de classe, mas é muito perseverante. Saber essas coisas é uma estratégia que você dá para o professor. Você está dizendo para ele: essa criança é um pouco deficiente aqui, tem bons resultados nesse outro aspecto. A partir disso, você cria um alvo para levar a criança a um outro nível. Isso representa um sistema educacional mais efetivo do que simplesmente focar um problema relacionado à nota de uma disciplina.

Valor: Governos precisariam gastar mais para ter um modelo educacional orientado pelo resultado dessas novas avaliações?
JH: Não. É uma questão de enfatizar o que é ensinado aos professores nas faculdades de pedagogia, nas licenciaturas, e como recompensá-los pelo seu trabalho. O professor devia pensar em como produzir a criança como um todo, o ser humano como um todo. Eu não acho que seja preciso mais dinheiro para isso, de forma alguma.

Valor: O Brasil é um país desigual, os professores são mal remunerados. É comum ouvir de professores que, além de ensinar, eles também têm que ser meio psicólogos, tratar dos problemas familiares dos alunos, cuidar do aluno que chega com fome na escola. Dar aulas olhando para essas novas habilidades não significa mais trabalho para os professores?
JH: Bom, é preciso pensar o que faz, de fato, uma educação ser efetiva. Talvez seja preciso enfatizar o que os professores faziam no passado, que era a boa maneira de ensinar. Isso tem que ser reconsiderado. Ensinar é uma forma de ser pai e mãe, de preparar para a vida, não sei se uma forma de ser psicólogo também, mas professor tem que ouvir muito as crianças. Eu me solidarizo com esses professores dos quais você fala, embora não conheça seus salários. Mas o que eu posso dizer é que uma educação efetiva é muito diferente daquela que só foca em escrever, ler e contar. Educação só será melhor se os professores souberem trabalhar com outras habilidades, como a motivação das crianças.

Valor: Seu trabalho é geralmente criticado por focar em resultados econômicos. Mesmo as pesquisas sobre primeira infância e habilidades não cognitivas têm como foco o fator produtividade e o retorno econômico do indivíduo para a sociedade. Como responde a isso?
JH: É um erro. Estava na Itália no mês passado e recebi críticas parecidas. De acordo com dados americanos, nós estimamos uma taxa de retorno de 7% a 10% por ano em termos de valores econômicos para a formação escolar. Mas isso subestima uma taxa total de retorno de uma pessoa com melhor formação escolar que tem mais chances de desenvolver melhores condições de saúde, tem mais chance de desenvolver melhor sua autoconfiança, melhorar uma grande gama de relações que podem ser quantificadas. E nós estamos quantificando isso aqui em Chicago. Eu acho que essas críticas são um equívoco sobre a importância dos resultados econômicos, que não estão sozinhos, tentamos unir resultados econômicos com um conjunto de valores. Por exemplo: estimular o desenvolvimento na primeira infância tem grandes efeitos em saúde, ajuda a reduzir substancialmente o risco de diabetes, incidência de doenças cardíacas no futuro.

Valor: Os governos estão mais atentos a temas como esses que serão discutidos no seminário em São Paulo?
JH: O seminário é um exemplo da preocupação de governos com o tema. Há três meses, conversei com os ministros da Educação do Reino Unido e da Noruega, que se mostraram muito abertos para o assunto. Há um diálogo público em andamento, mas leva tempo fazer essas ideias avançarem.

(Luciano Máximo / Valor Econômico)

domingo, 23 de março de 2014

Castellers da Cataluña uma experiência de ego explodido: anarquismo e mutualidade!


Formação da base do Castelo
Em 2008 tive a oportunidade de conhecer uma manifestação cultural da Cataluña na pequena vila de Esparraguera. As famílias se reuniam para montar castelos humanos “Castellers”. Eu não sabia bem o que eu ia ver.  De repente aquelas pessoas começaram a se organizar de modo peculiar.

Eu via que logicamente iam subindo de três em três uns sobre os outros. Diante dos meus olhos foi surgiu um andar, depois outro composto por homens, nem mais fortes nem mais gordos. Um técnico e outros assessoravam quem entrava onde. Cada pessoa tinha um lugar específico para entrar, fosse qual fosse sua estrutura física ou idade. Na base os observadores eram postos em lugares de apoio e se apertando para a base não abrir.

Nos andares subsequentes iam mulheres, depois os adolescentes, as crianças até que no topo subiam duas crianças de não mais de 5 anos, que levantavam a mão como que batendo um sino. Depois desse gesto, ocorria a desmontagem, mais perigosas, pois as crianças e filhos daqueles todos ali podiam cair e se machucarem.
Criança batendo a sineta

Sei apenas que quando via aquele castelo humano montado fui tomado de imensa emoção e meus olhos marejaram. Havia um sentido em si, total, completo, bom, não sei dizer, mas fazia muito sentido de tudo que estava especulando ser uma sociedade e uma possível relação humana.

Três Agurreros "Agulhas"


Os bicudos como eu figurava éramos chamados para fazer parte da base.  Não tive dúvida quando me chamaram a ser prensado entre ombros. Até o modo de se colocar era importante para que no caso houvesse uma queda nós não nos machucássemos. Quando mais complexa e mais alta a torre humana, mais pessoas e mais inquietação com a base em ser compacta e armada. Na medida em que cada andar subia o corpo vibrava como o zunido de uma caixa de abelhas. Ali sim a sensação de união de explosão de ego parecia mais que uma metáfora.

Torre de 8 andares e Criança no topo: Perigo!

Nesse período que estive na Cataluña estive num festival em Vila Franca de Penedes. Lugar onde as principais equipes de Castellers do país se reuniam para fazer as suas torres de 1, 2, 3, 4 e cinco pessoas por andar e vi uma que se montou até 9 andares com um criancinha de capacete subir no topo. Vi alguma dessas torres caírem e até sair gente machucada. A descida é onde ocorre o perigo, mesmo na montagem eles só sobem os andares se os técnicos ou orientadores confirmarem a segurança. Em uma das quedas de torres que vi houve um dos homens da torre que catou uma criança no ar para impedir sua queda. 

Contaram-me que a adoção do capacete ocorreu após o falecimento de uma criança por uma queda.
Essas crianças do topo eram guardadas longe de ver as outras equipes montarem suas torres, pois se alguma caísse e a criança poderia ficar chocada, assim, talvez o medo a impediria de subir.
Formação base vista de cima ou La piña: a Pinha como a fruta do pinheiros

Nessas torres mais complexas eu participei de várias formações de base, inclusive, os bicões não ficavam em qualquer lugar. Toda densidade necessária é importante. Afinal, filhos, esposas, netos e parentes estão envolvidos numa construção intergeracional. A compreensão desse sentido comunitário e responsabilidade familiar e social, o amparo para construir algo, os filhos mais novos no lugar mais perigoso, tudo isso me cortava o peito.

Disseram-me que essas torres humanas era coisa específica da Cataluña. Algo que surgiu no medievo como uma figuração das capelas e de cunho religioso. Não sei dizer a origem, mas para ultrapassar o terceiro andar, os homens tiveram que incluir as mulheres. Sem as mulheres não haveria essa ousadia de fazer 9 andares. A incorporação da mulher foi um passo para reconhecer a importância delas na sociedade? Não sei dizer!? Mas as doidinhas adoravam subir, tal como os adolescentes e crianças.
a Pinha formação tal como é a fruta do pinheiros

Eu estudando anarquismo e vendo um exemplo vibrante de mutualismo diante de meus olhos. Pensei que naquele modelo ninguém era inservível, todos eram importantes. Todos eram protagonistas, todos sabiam os riscos e a adrenalina de fazer algo junto. Isso é o mais perto do que vi ser uma relação anarquista, embora aconteçam tantas experiências sociais, festas, cerimoniais ou nos esportes de massa experiências de catarses dos sentidos, tal como conclusões de nossa humanidade, ali, a metáfora era brincante, uma ciranda de corpo horizontal e vertical.


segunda-feira, 17 de março de 2014

Anarquista o caralho! Conheçam Rosângela Rosa e o programa do leite!


Em 1993, quando cheguei a primeira vez em João Pessoa-PB conheci uma mulher. Estava na ante sala da presidência de órgão do governo do estado. Rosângela é assistente social e foi conversar comigo, pois íamos trabalhar juntos. 


Chegou aquela moça de pele dourada, um batom vermelho sem igual e de olhos verdes brilhantes. Foi o início de uma grande amizade e cumplicidade em muitos trabalhos de empreendimentos sociais e produtivos com indígenas, camponeses e associações de trabalhadores por vários lugares da Paraíba.



Rosângela tem cinco filhos e é casada com Djalma, que é um mestre obras até hoje, embora tenha começado a trabalhar aos 14 anos de idade. Hoje Rosângela é avó. Uma mulher linda, integra e que sempre esteve ao lado das pessoas, mas que sempre exigiu delas reações.



Tenho muitas histórias dela. Uma sempre me acompanhou: trata-se de um trabalho que ela participou de entrega de leite para mães pobres. No início desse programa criado por Sarney, todas as crianças até 10 anos recebia uma quantidade. Durante anos sucessivos esse limite de idade foi caindo e criado outras exigências.



Na década de 1990 já era a idade de 3 anos e até um certo peso médio que tinha-se o direito a esse leite e um litro de óleo de soja. Se a criança atingisse o peso, sairia do programa. 



Rosângela me contou que um dia uma mãe se assustou. O filho tinha atingido a recuperação da desnutrição e do peso. Ela disse a essa mãe que não poderia mais receber esse leite.



A mãe perguntou quanto o filho teria que perder de peso para voltar a receber o leite. Após algum tempo essa mãe retorna com o filho abaixo do peso estipulado e voltou integrar o programa.



Essa mãe tinha mais dois filhos e aquele leite que era para apenas um servia para os três. Era a fonte de alimento para uma mãe pré-fome zero.



Encontrei Rosângela recentemente e retomei essa história. Ela confirmou tudo, lembrava-se dessa mãe. Ela e o pai faleceram de tuberculose e um desses filhos se tornou um bandido perigoso que parece ter matado uns tantos e fatalmente acabou sendo morto.



Dos outros filhos não falamos. Se o programa do leite alimentou pessoas que seria boas ou más não sabemos.



Como lidar com tanta miséria nesse pais? Como participar de políticas de Estado e nos mantermos íntegros.



Para mim, educação é igual a esse leite. Embora inspirados nos melhores valores e direitos, a melhor ou pior educação não é em si um gerador de conduta social construtiva.



A educação, tal como esse leite é um direito. Nãõ estou falando dessas escolinha boas que de tempos em tempos ganham prêmios e viram ícones de força de vontade e amor!



E Rosângela? Nesses anos ela não mudou nada fisicamente. Menos ingenua, menos encantada com as ideologias e políticas, continua a trabalhar no posto de saúde da prefeitura, no Estado e mantendo a integridade.



Tem até um irmão no alto escalão do Governo, mas isso não a fez mudar, mas se sentir mais imprensada pelas auto exigências.



Para um anarquista, servir ao Estado é algo contraditório, manter-se integro nesse ambiente, mais difícil ainda. 



Rosângela, não arredou o pé dos direitos a serem efetivados, não vergou..estava dançando chorinho no Projeto Sabadinho Bom em João Pessoa com Djalma, com aquele sorriso vermelho e olho de criança. Incredulamente crente se deu o direito de dançar!



Anarquista o Caralho!



Depois conto a história do trator no meio do canavial que Rosângela consegui para nos tirar de uma atoleiro num trabalho de demarcação de terras indígenas na Baia da Traição!




quarta-feira, 12 de março de 2014

Alunos prendem 11 professores e funcionários!


Esse fato já ocorreu incontáveis vezes. O fato pode ser risível ou trágico.

Ainda assim, a escola tem servido para criar loucos! 


Alunos prendem 11 professores e 4 funcionários na sala dos professores
Corpo de Bombeiros quebrou o cadeado e liberou os reféns; cinco responsáveis já foram identificados
iG Minas Gerais | ALINE DINIZ 

Alunos aproveitam o recreio, trancam professores e vandalizam escola
Pelo menos cinco alunos prenderam 11 professores e outros quatro servidores da área pedagógica dentro da sala dos professores durante o recreio, na manhã desta quarta-feira (12), na Escola Estadual Maria de Barros, em Ituiutaba, na região Centro-Oeste de Minas Gerais. A instituição de ensino fica na rua Cláudio Manoel da Costa, no bairro Independência.
Desesperados, os educadores ligaram para o Corpo de Bombeiros. “A guarnição foi para o local por volta de 10 horas, e os militares cortaram o cadeado e liberaram as pessoas”, conta a soldado Renata Fonseca do Corpo de Bombeiros de Ituiutaba.
Segundo a Polícia Militar (PM), os alunos trancaram a grade de proteção da porta com um cadeado. Depois, eles iniciaram um tumulto e quebraram carteiras e vidros, colocaram fogo em uma lata de lixo, e quebraram um ventilador.
Todos os cinco estudantes identificados tem 16 anos. Os militares foram até a casa deles, porém, até o fechamento dessa matéria, eles não haviam sido encontrados.
Os alunos foram dispensados, porém, nesta quinta-feira (13), a escola funcionará normalmente.
Sem histórico A Superintendente Regional de Ensino de Ituiutaba, Ises Gomes, informou que esse tipo de ocorrido não é frequente na escola. “O ocorrido foi pontual. A escola não tem histórico de atos de violência, vamos iniciar um trabalho de conscientização na escola em parceria com a Promotoria da Infância e Juventude e com a patrulha escolar”, garante.
Além de precisarem prestar esclarecimentos à polícia, os responsáveis pela confusão sofrerão sanções na escola. A última medida pode ser a o remanejamento. “Vamos encaminhar os alunos para um centro com psicólogos e assistentes sociais”, disse Ises.