Novamente os princípios anarquistas estão ditos, escritos, teorizados, mas não referenciandos que esse tipo de pensamento já estava presente com os pedagogos anarquistas da virada do século XIX e XX.
O interessante é que a própria experiência de uma mãe viu o que é óbvio, mas pais e mães neuróticos insistem acreditar em escolas, supervalorizar e achar que eles tem papel menos importantes.....e haja cartas escritas para mudarem esse condicionamento.
http://www.cartanaescola.com.br/single/show/370
Carta ao professor
LAURABEATRIZ
Novos tempos, novos modelos
Foi uma tarefa árdua para a minha filha terminar o Ensino Médio, mas aprendi com ela que esse modelo de escola não serve mais
Por Anna Claudia Ramos
No alto dos seus 6 anos, minha filha me disse muito segura de si: “Eu
odeio a escola, eu odeio as regras da escola e nunca vou obedecer às
regras da escola”. Passei todo o período escolar de minha filha
reinventando a vida, porque ela brigava veementemente com tudo o que
fosse imposto e com a forma rígida das tarefas. E me perguntava por que
não poderia ser diferente.
Este mês ela completa 20 anos. É leitora de filosofia e literatura.
Aprendeu francês e hebraico por conta própria e fala inglês
fluentemente. Mas gostar de estudar seguindo um modelo único, nem
pensar! Fazê-la chegar ao final do Ensino Médio foi uma árdua tarefa.
Ela formou-se em um supletivo estadual a distância. Desses em que os
alunos estudam e vão ao colégio apenas para fazer provas. Estudam no seu
tempo e no seu ritmo.
Longe de ser o que queria, mas o possível para uma aluna que não se
encaixava no modelo da escola. E olha que ela passou por escolas com
propostas abertas.Minha filha veio para me ajudar a refletir que esse
modelo já não cabe mais. Não cabe mais querer que todos aprendam por
igual quando sabemos que cada um tem ritmos e desejos diferentes. Nem
desassociar escola e vida, nem hipocrisias, nem conhecimentos estanques e
educadores que não querem acompanhar as novas gerações.
Estamos vivendo a era do conhecimento, com novos comportamentos,
trabalhos, empregos e formas de viver. Não podemos mais querer continuar
mantendo o modelo do século retrasado. Somos privilegiados de estar
vivendo esses novos tempos, onde vamos aprender a conviver de forma
fraterna com as diferenças, onde a literatura poderá ser lida sem a
censura do politicamente correto, onde seremos partícipes e coautores de
uma escola menos rígida em sua estrutura, que incentive a busca do
conhecimento e não valorize as ciências exatas em detrimento das
humanas.
Hoje, entendo que crianças e jovens como minha filha conseguem ler,
ouvir música, estudar, ver tevê e falar com dez amigos ao mesmo tempo
num chat. Sim, essa moçada faz tudo isso ao mesmo tempo. E dá conta! É a
geração nativa digital, com outros saberes e aprendizados.
Somos protagonistas desses novos tempos, onde a leitura não é mais
linear, muito menos o conhecimento. O mundo digital veio para somar e
não subtrair e a internet para nos aproximar muito mais do que nos
separar. Educadores não detêm mais o saber, porque o mundo passa por
transformações constantes. Os professores serão tutores de seus alunos,
fazendo-os buscar a construção do conhecimento de forma intensa e
profunda. Salas de aula serão abertas para novas formas de aprendizado
mais interessantes e instigantes.
Mas, para vivermos esses novos tempos, temos de sair da zona de conforto, arregaçar as mangas e trabalhar. Vamos nessa?
Publicado na edição 88, de julho de 2014